Augusto Guerra, inconsolável, chorava de mansinho. Mesmo aquelas duas últimas pessoas que conversavam amenamente sobre pequenos-grandes nadas da vida (e já não me lembro quem eram: teria de consultar o capítulo anterior...) tinham acabado por sair da sala. O próprio Chefe Lucas se fora. Só uns quantos berlindes, que pareciam vivos, e a Mariana, que continuava completamente morta, o acompanhavam agora na sua solidão.
- Não há direito. Então não íamos todos atrás do guarda-nocturno? Ingratos. Ia ser uma expedição extraordinária, comandada por mim...
- Dá lichencha, chenhor doutor?
Era o guarda-nocturno.
- Você aqui? De volta? Não tinha fugido?
- Eu? Eu fui almochar, chenhor doutor. E agora vou dormir, para estar fresco logo à noute. Achim é a vida de um guarda-nocturno...
O nosso detective considerou. Então... se o homem voltava à sala, das duas uma: ou era por não ser o assassino (visto que o seu regresso parecia uma prova de boa-fé). Ou era por ser o assassino (visto que o assassino volta sempre ao lugar do crime). Já havia, portanto, duas hipóteses. Que bom, a investigação avançava: ou bem que era o guarda-nocturno, ou bem que não era.
- Eu acho que não foi você. - Apetecia-lhe ter companhia. Sugeriu, numa ideia luminosa. - Quer ajudar-me? Tenho uma proposta para si. Não quer ser o tipo que regista, para a posteridade, todos os casos do grande cérebro?
- Diga!?
- Homem: não quer ser o meu Watson?
- Chantinho!
- Não espirrei. O que lhe pergunto é se não quer ser o meu parceiro. O companheiro do detective...
- Por quem é, chenhor doutor, olhe que eu cá não chou deches. Não emparcheiro com homens, não chenhor.
Guerra suspirou: nada a fazer. Era um detective sobre quem se não escreveria. (Nisto, como vêem, enganava-se). Pior: um detective praticamente sem suspeitos: para onde raio debandara todo o mundo? E também sem cadáver, porque... olha!... Onde fora parar o corpo de Mariana???
(CONTINUA)
- Não há direito. Então não íamos todos atrás do guarda-nocturno? Ingratos. Ia ser uma expedição extraordinária, comandada por mim...
- Dá lichencha, chenhor doutor?
Era o guarda-nocturno.
- Você aqui? De volta? Não tinha fugido?
- Eu? Eu fui almochar, chenhor doutor. E agora vou dormir, para estar fresco logo à noute. Achim é a vida de um guarda-nocturno...
O nosso detective considerou. Então... se o homem voltava à sala, das duas uma: ou era por não ser o assassino (visto que o seu regresso parecia uma prova de boa-fé). Ou era por ser o assassino (visto que o assassino volta sempre ao lugar do crime). Já havia, portanto, duas hipóteses. Que bom, a investigação avançava: ou bem que era o guarda-nocturno, ou bem que não era.
- Eu acho que não foi você. - Apetecia-lhe ter companhia. Sugeriu, numa ideia luminosa. - Quer ajudar-me? Tenho uma proposta para si. Não quer ser o tipo que regista, para a posteridade, todos os casos do grande cérebro?
- Diga!?
- Homem: não quer ser o meu Watson?
- Chantinho!
- Não espirrei. O que lhe pergunto é se não quer ser o meu parceiro. O companheiro do detective...
- Por quem é, chenhor doutor, olhe que eu cá não chou deches. Não emparcheiro com homens, não chenhor.
Guerra suspirou: nada a fazer. Era um detective sobre quem se não escreveria. (Nisto, como vêem, enganava-se). Pior: um detective praticamente sem suspeitos: para onde raio debandara todo o mundo? E também sem cadáver, porque... olha!... Onde fora parar o corpo de Mariana???
(CONTINUA)
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