30 setembro 2006

ANÚNCIO

Serve o presente anúncio para solicitar candidatos a três vagas de espiões/bufos/olhos-e-ouvidos da dona Lurdes entre os professores.

Os candidatos deverão ter aparência de professor (ou seja, não vestir com demasiado luxo e, no máximo dos máximos, usar uma ou outra peça da Zara mas, sobretudo, penduricalhos produzidos por professores - cada vez mais - que se dedicam a essa cena) e ter coragem para enfrentar sessões contínuas de AAA (haverá, para o efeito, treinos intensivos em jaulas de cobras e de miudagem dos 7º e 8º munidos de skate).

Terão de responder a um inquérito que visa apurar até que ponto seriam capazes de, em situação extrema, recorrer à tortura (tortura também extrema, claro, porque, como se sabe, os professores já estão habituados a vários tipos de tortura; exemplos de tortura extrema: acorrentar o indivíduo a uma cadeira, com palitos nos olhos para não os fechar, obrigando-o a assistir integralmente a um discurso da ministra; ou - nos piores casos - forçando-o a assistir a uma passagem de modelos com Juju Ximâun no papel de manequim; ou - mas seria um pouco exagerado - fazendo-o ver o Pochato em pleno jogo de futebol).

Os espiões que venhamos a seleccionar serão acompanhados e orientados pelo sr. Gaspar Olhovivo, profissional com muitos anos disto, a quem não escapa nada - nem sequer que aquele senhor que está na guarita à entrada da ESLAV, onde se dedica, afincadamente, a não cumprimentar ninguém, é simplesmente um boneco de cera, não um ser vivo!

28 setembro 2006

A VERDADE DOS FACTOS

Na passada 4ª feira, um grupo de jovens e elegantes professores da ESLAV, após aturada e dura sessão de aquecimento no pavilhão desportivo da Escola, iniciou uma dura partida de futebol, pondo frente a frente "Os Trinca Espinhas" e "Os Anoréticos da Pedreira".
Num canto do Pavilhão, sentado e enrolado numa manta de algodão, estava um ancião que parecia dormitar, apesar de se notar alguma tremura na bengala que segurava.
Guerrero, querendo ser simpático, convida:
- Sindroma anda daí dar uns toques que nós passamos a bola para tí devagarinho...
- Nem pensar, tenho horror a futebol!
Insiste Guerrero:
- Então fica aí a apanha bolas.
- Estás maluco! Ainda me acertam na bengala e parto praí a cabeça.
Bem, contra esta resistência a partida de futebol lá iniciou.
Numa rápida jogada de contra ataque, Pochato, sem virar a cara ao adversário, tentou fechar o ângulo de modo a manter as redes da sua baliza invioladas e na fúria da luta não reparou num taco mais elevado que o fez desequilibrar e estatelar contra a parede, que caprichosamente não se desviou...
Lukas, aflito ao ver o sangue de Pochato correr pela cara abaixo grita para Sindroma:
- Vai depressa buscar algodão e gelo...
Contudo já Sindroma, sorrateiramente, se escapava de fininho do Pavilhão, resmungando:
- Era o que faltava; eu que não consigo ver uma pinga de sangue desde o dia em que vi cortar uma orelha a um soldado na 1ª Grande Guerra, quando andava com uma bilha de barro de Niza (aquelas que têm pedrinhas a desenhar florinhas) a distribuir água fresquinha pelos soldados da companhia...

Esta foi a verdade dos factos!
Isto foi o que realmente se passou!
Esta foi a ajuda que Sindroma deu a um colega que tanto tem feito por ele e pelo êxito das suas crónicas.
Ingrato!...

EM LINDA-A-VELHA, UM BANDO DE LINDOS VELHOS PÕE-SE A BRINCAR AO FUTEBOL

1. Quem passasse nesta quarta-feira pelo ginasium da E.S. de Linda-a-velha, pensaria ter, por engano, entrado num Lar de terceira idade no momento em que um grupo de idosos se preparava para uma brincadeira, enfim, um pouco de movimento para desemperrar as articulações rangentes...

2. Um dos «jogadores» (aaah ah ah ah) era o senhor Pochato - eleito aqui há algum tempo, como se sabe, o velho mais lindo de Linda-a-velha (sobretudo por causa do pormenor da mariconera), havendo mesmo pressões no sentido de que se mude o nome de Escola Secundária de Linda-a-velha para E.S. de Lindo-o-velho (da mariconera).

3. Estava o senhor planetazul a preprar-se para «chutar para o golo» (segundo palavras, obviamente, do próprio), quando o amigo Pochato, sempre pronto a fazer pirraça e a ser desmancha-prazeres, se interpôs.

4. Diz quem viu que não se viu nada. Que não se percebeu nada do que acontecia. Teria sido um pontapé do planetazul? (Este nega, claro!) Ter-se-ia o Pochato enredado na mariconera, que não larga nem para jogar futebol? Mistério. O certo é que o Pochato afocinhou, comeu o pó, arrastou-se pelo chão, bateu contra a parede. Era sangue espirrando por todo o lado. Pobre parede!

5. O Guerreiro sintetizava: «O Pochato já não tem os reflexos de outros tempos...» - o que só pode ser sarcasmo. Alguma vez, em algum tempo, o senhor Pochato teve algum reflexo que não fosse o refelexo de se sentar assim que vê uma cadeira???

6. O Pochato estava hoje na escola. (A Rainha de Inglaterra bem me chamou para eu o ver: «Ó Sindroma, Ó Sindroma, anda cá ver, anda cá ver...!») De braço ao peito. O fácies distorcido. Um penso na testa. A própria pochete vinha cheia de ligaduras. Ouviam-se vozes ao fundo (o Guerra, o planetazul):
PLANETAZUL - E foi assim que as coisas aconteceram, Ah! Ah! Ah!
GUERRA - Não te rias, coitado do rapaz. Ah! Ah! Ah!
PLANETAZUL - Eu não me rio. Podia ter ido desta para pior. Ah! Ah! Ah! Por acaso eu estou a rrr...huumaaah! ah! ah! ah!... a rir?
GUERRA - É um episódio triste na história da nossa escola, hein? Ah! Ah! Ah!
PLANETAZUL - Devia haver tolerância de ponto neste dia. Huaaahahaha!

27 setembro 2006

REPORTAGEM DO REPÓRTER ESTRÁBICO: A MINISTGA E AS GAPAGUIGAS DA CAPAGUICA

REPÓRTER ESTRÁBICO - A senhora dona Lurdes, sinistra da educação, perdão, ministra da educação, que tem umas quantas ideias para ajudar as escolas problemáticas, fez uma visita-relâmpago a uma EB, conhecida pelas elevadíssimas taxas de insucesso, violência e abandono escolar. Em conversa prévia com os professores desta escola, apercebi-me do seu notório optimismo: é gente capaz de encontrar sempre o lado positivo nos piores desastres; conseguem, mesmo, ver o «abandono» dos alunos de uma forma positiva: quantos mais alunos abandonarem - dizia-me um -, menos porrada os professores apanham; enfim, é o «sucesso» possível... Trata-se de uma escola da Caparica. Aqui fica, em primeira mão, uma reportagem do discurso que a senhora dona Lurdes atirou aos alunos.

PRESIDENTE DO CE - Venha, venha, dona ministega, guionimos um guegupo de alunos paga a senhoga lhes falague. Estão à sua espega. É gapaziada aqui da Capaguica, sobguetudo gapaguigas, são até conhecidas pelas gapaguigas da Capaguica...
DONA LURDES - [Bolas! Esta mulher precisa de um tradutor! Ah, cá estão eles. Bem, vou mostrar aos professores do país o que é falar aos jovens]. Olá! Tudo numa boa!? Há para aí quem pense que estudar é uma maçada, é uma seca! [Os senhores professores estão a seguir-me? Aprenderam a lição? Estão a ver como eu utilizo palavras que eles entendam? Assim é que se fala aos jovens...]
GAPAGUIGA 1 - «Seca»!? Que é que isso quer dizer? Qual é a da cota?
GAPAGUIGA 2 - Sei lá! É mesmo palavreado de cota, o meu avô às vezes também usa, diz que eu sou uma «seca»...
DONA LURDES - Ora estudar não é nenhuma seca. Pode ser muito bom. E mesmo divertido. Digam-me lá: quem é que não gostava de ter um cinco a matemática, por exemplo? [Ponham os ouvidos em mim, vejam como é que se motiva a estudantada. Os professores têm tanto que aprender comigo...!]
GAPAZ 1 - Um «5» a matemática? Para quê? Só se for para vender.
GAPAGUIGA 3 - Esta cota é que é a ministra? O que é que ela tá p'ráli a dizer?
GAPAGUIGA 2 - Está a dizer que os professores de matemática vão ter de nos dar «5» a todos. Eu quero isso! Quero o meu «5» já.
GAPAZ 2 - Ah, a mim, o meu profe de matemática já me dá «5». Ele sabe que se não tenho «5» marcado na pauta, fica ele cos meus 5 dedos marcados na tromba!
GAPAGUIGA 1 - Mesmo assim é boa ideia. 5 pra todo o pessoal? Que fixe!
TODOS - Viva, viva, viva a ministra, viva!

DONA LURDES (comovendo-se) - Estão a ver? O que é preciso é falar a linguagem deles. Espero que os professores do país tenham, uma vez mais, aprendido alguma coisa comigo.
PRESIDENTE DA CE DA ESCOLA BÁSICA DA CAPARICA - Pagabéns, senhoga dona ministega! Guialmente, nunca vi esta gapaziada tão aléguegue!

25 setembro 2006

"SENSUALIDADES" (PARA COMEÇAR BEM O ANO...)

Meus queridos colegas, eis-me de retorno, disposto, como sempre, a pôr frontalmente os pontos nos ii.

A minha primeira queixa este ano, que ainda agora começa e já vai tão mal, diz respeito à sala de professores.
Chiça! Em primeiro lugar, do lado dos não-fumadores, evaporaram-se as mesas. Não pode ser. Eu tenho ouvido queixas a pessoas que me dizem «Então agora, se eu quiser trabalhar, tenho de ir para o lado dos fumadores?» Não é que me pareça que as pessoas que me têm dito isto sejam daquelas que gostam especialmente de trabalhar. Mas o problema mantém-se. «Se» quiserem, não é?, vamos lá pôr a hipótese, «se» por acaso, por acidente, por doença, lhes der uma absurda e doentia vontade de trabalhar, não lhes basta esse mal, ainda por cima vão ter que o sofrer apanhando com fumo nas ventas?
E porque é que os sofás estão todos colocados em frente à porta? Não pecebem que é a imagem do professor trabalhador que está em causa? Assim, quem assomar à porta deve pensar que ninguém faz nada, que os professores, que por exemplo estão em AAA passam o tempo refastelados nos sofás!
Além de tudo isso, todos já devem ter reparado que aquilo não funciona: muitas colegas já chocaram na esquina do sofá com os seus avantajados quadris e queixam-se, claro, aquilo deve doer. No entanto, parece que só um tipo com a minha sensibilidade repara nisso.

Em segundo lugar, aquela ideia de pintarem «duas» paredes de uma cor chamada vermelho sensual! Porquê duas, a tinta acabou entretanto? E porquê, NUMA ESCOLA, vermelho «sensual»? Para já, o único vermelho verdadeiramente sensual que eu conheço é o vermelho-Benfica. E mesmo que ao glorioso quisessem aludir, teriam que alterar o tom, sim, aquele não lembra nem ao diabo, que, ao que dizem, também é vermelho.
Qualquer dia ainda nos poem a ouvir o Toy "sensual, és tão sensual", naquele som roufenho da aparelhagem da sala de professores. Essa é outra coisa que eu gostava de saber: quem é que selecciona os postos? Quem é que aumenta o volume? Tenho reparado que nunca é ninguém. Não é que a mim me incomode, porque eu uso pouco as mesas de trabalho mas nunca se sabe, um dias destes também posso "adoecer".

É por estas e por outras que as pessoas não andam contentes e felizes por começar o ano lectivo.
Depois não digam que eu não avisei.

22 setembro 2006

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA

A nossa boa amiga e querida colega, Lena Serrote, foi vítima de uma pérfida maquinação da dona Lurdes que, ao que tudo indica, terá deixado, com premeditação, um bago de uva no caminho da nossa querida amiga e colega, que andava às compras no Pingo Doce.

Lena Serrote terá escorregado, como já noutra ocasião sucedera a Bebé Ferreira, a grande líder do Secretariado de Exames. (Bebé Ferreira deslizou durante algum tempo sobre uma mica desleixadamente esquecida no chão. Não a acudiram logo, se bem se lembram, porque - segundo explicação de um aluno - pensavam que tinha aderido ao «skating»).

Os professores, senhora dona ministra, querem trabalhar. Mas se lhes mina assim o caminho, então torna-se tudo muito mais complicado do que já é.

A Dra. Lena Serrote, coitada, terá agora de ficar umas quantas semanas sem ir às AAA, que tanto preza.
A senhora ministra acha bem?

20 setembro 2006

O PROFESSOR BARNABÉ VAI ÀS AAA

Por alguma incompreensível razão, alguma tenebrosa cabala do Ministério ou coisa assim, o objectivo número um do grupo de tirolirolirologia - escapar mais um ano às sinistras AAA, propondo, para o efeito, um vago «projecto» - não vingou.
Quem está vingado, é o coro de professores que o ano passado não conseguia engolir o facto de o grupo de Tirolirolirologia ter passado sem AAA.

Na sua estreia, o professor Barnabé (novo professor de Tirolirolirologia nesta escola), já com AAA marcadas a sangue no seu horário, olhou atenta e receosamente para a lista dos destacados para as AAA dessa manhã. Seria chamado? Nesse caso, haveria onde se esconder? Quem estaria à sua frente na lista dos «substituintes»?

O primeiro, era o Armindo Migalhões. Bem. Era, portanto, como se não houvesse primeiro nenhum - visto que se alguém tivesse de ser substituído pelo Migalhões, o Migalhões, por sua vez, teria de ser substituído por alguém, por causa daquela doença, coitado, de precisar de fazer sempre outra coisa qualquer, noutro sítio qualquer, quando tem um horário a cumprir.

O segundo, era ele. Barnabé da Silva.

Já ouvia o telefone da sala de professores a tocar! E alguém que, precipitadamente, tratava de atender. E, do outro lado, a voz de uma Auxiliar de Educação, gritando, com uma contagiante felicidade : «Tou!? Tá aí alguém das chubestituchões?»

19 setembro 2006

PARABÉNS, SINDROMA!!!

14 setembro 2006

11 setembro 2006

CINDERELA



As férias acabaram o Verão também ...
Votos de um bom ano lectivo para todos.

CARLOS PAIÃO: "Cinderela"

Eles são duas crianças a viver esperanças, a saber sorrir.
Ela tem cabelos louros, ele tem tesouros para repartir.
Numa outra brincadeira passam mesmo à beira sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados e são namorados sem ninguém pensar.
Foram juntos outro dia, como por magia, no autocarro, em pé.
Ele lá lhe disse, a medo: "O meu nome é Pedro e o teu qual é?"
Ela corou um pouquinho e respondeu baixinho: "Sou a Cinderela".
Quando a noite o envolveu ele adormeceu e sonhou com ela...
Então,
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer,
vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.
Cinderela das histórias a avivar memórias, a deixar mistério
Já o fez andar na lua, no meio da rua e a chover a sério.
Ela, quando lá o viu, encharcado e frio, quase o abraçou.
Com a cara assim molhada ninguém deu por nada, ele atéchorou...
Então,
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer,
vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.
E agora, nos recreios, dão os seus passeios, fazem muitos planos.
E dividem a merenda, tal como uma prenda que se dá nos anos.
E, num desses momentos, houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela: "Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."
Então,
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer,
vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.

10 setembro 2006

DISCURSO DE INAUGURAÇÃO DO NOVO ANO LECTIVO (Pronunciado por Sua Excelência o Presidente do CE da ESLAV)

Senhor Professor Vasconcelos (que passa à frente do próprio Dom Duarte na fila de embarque), Minhas senhoras, meus senhores, amigos, colegas, mariconera:

É... aaah... com alguma emoção que faço hoje o meu centésimo quadragésimo quarto discurso de inauguração de um ano escolar.
A todos gostaria de saudar e a todos desejar um bom ano de trabalho, parafraseando aquelas palavras de um grande sábio: Nunca perguntes o que que podes fazer pela escola; pergunta sempre o que pode a escola fazer por ti. [Falando para o lado, de onde lhe segredam desesperadamente]: O quê? É o contrário, Ana? Está bem, está bem. Mas o contrário, como??? A pergunta nunca faz a escola por ti... Hã? Não? A escola nunca pergunta... Escola que não... Aaaaah... Bolas! Esqueçam isto, não perguntem nada a ninguém, que é melhor, vá!!! Uf! Aaaaaah...! Já agora que estou em maré de conselhos, aproveitaria para lembrar outras palavras de outros grandes sábios, entre os quais, claro, o Augustão, que tem sempre um conselho amigo para toda a gente. (Há quem diga que já nem o pode ouvir). O conselho do Augustão é: «Nunca estejas muito tempo num lugar onde não há mulheres, ou touros, ou vinho. E procura, de preferência, um lugar onde haja tudo isto!»
Para concluir, mais palavras sábias, que convém que não esqueçam. Esta pérola é da minha lavra: «O CE da Eslav é altamente democrático. Ouvimos sempre todas as opiniões: não temos remédio - não somos surdos e os opinadores gritam-nos aos ouvidos. Geralmente não ligamos nenhuma. Mas lá que ouvimos, ouvimos!»

Gostaria de chamar a atenção, também, para este ar de preocupação que tenho vindo a treinar. Espero que o apreciem, que vejam nele a expressão de um Presidente atento, mergulhado nos problemas dos professores, que vive os pequenos dramas da escola.
Na verdade, esta escola tem alguns problemas. Não os vou mencionar, porque, apesar das surpresas que o Ministério nos tem reservado, acredito que a maioria dos problemas da escola acabará por atingir a idade da reforma nos próximos anos. Temo-nos livrado de alguns problemas assim (não vou referir nomes, repito), os outros acabarão por ir também embora. Haja esperança!

Um bom ano para todos.

09 setembro 2006

DIÁLOGO REAL (MATINAL)

PRÍNCIPE CONSORTE - Estás aí? É muito cedo, volta para a cama. Estás na varanda?
RAINHA DE INGLATERRA - Estamos aqui, estamos.
PRÍNCIPE CONSORTE - «Estamos aqui»!? [A insidiosa mão do ciume apossa-se do ensonado príncipe, desperta-o por completo]. «Estamos»!? Quem está aí contigo? Estás «aí» com quem, a esta hora da madrugada???
RAINHA DE INGLATERRA - Nós, Rainha de Inglaterra, ora que essa! Quem é que havia de ser? Andaste a beber, confessa...
PRÍNCIPE CONSORTE (que, assim como assim, já está completamente desperto e decide juntar-se à real esposa, na varanda) - Mas que raio estás tu aí a fazer de binóculos? Estás outra vez a espreitar o vizinho musculado e peludo, que faz ginástica logo pela manhã?
RAINHA DE INGLATERRA (corando) - Não, que disparate! É que hoje é dia de me apresentar na escola. Estou só a ver se está lá hoje alguém interessante, alguém de sangue azul! (Ao que desce a realeza. Se a minha real mãezinha alguma vez sonhasse que a sua filha, The Queen, acabaria a dar aulas numa escola suburbana... Mas isto da realeza já não é o que era... vê lá tu o Dom Duarte, por exemplo, que já não é convidado para nada, está atrás de tudo e de todos na fila dos cumprimentos, não passa nem à frente do Vasconcelos na fila para apanhar o avião...)
PRÍNCIPE CONSORTE - Deixa lá isso! Melhores dias virão, vais ver. Vês hoje alguém de jeito a apresentar-se?
RAINHA DE INGLATERRA - Nem por isso. Passou ali um com ar de Pai Natal, a coçar as partes baixas... E vai além uma de saia vermelha... e quem será aquele, bronzeadíssimo, com uma malinha de mão debaixo do braço? Não, não vejo ninguém interessante. Acho que vou voltar para a cama. Apresento-me outro dia qualquer...
PRÍNCIPE CONSORTE - Espera lá! Mas não tinhas de te apresentar hoje?
RAINHA DE INGLATERRA - Sim, no papel, nós, Rainha de Inglaterra, tínhamos de nos apresentar hoje. Mas, caramba, sempre somos a Rainha, não? Isso ainda há-de valer alguma coisa...