31 março 2007

A COLUNA DE D.J. CARA DANJO: «PÁSCOA, MÁS NOTAS E BOAS IDEIAS»

vão cumessár as férias dedicádas a uma çenhôura do conçêilho izecutivo k é a çenhôura dôna páscua e k poriço mêsmo ção as xamádas férias de páscua. pra mín néstas férias á duas ipótzes. ôu çó têinho puzitivas e çerei mt bein tratádo lá ein cáza ôu çó têinho negativas e tôu tramádo. cômo 1 das ipótzes não conta já çei k o mêu cóta vái ficár lixádo cômigo e me vái batêr até çe cançár. êu pudía dizêr mál do mêu cóta mas no fundo gósto mto dêle. póde çêr lá mêsmo mto no fundo no fundo no fundo mas gósto dêle e áxo k é 1 mén xêio de bôas idêias. 1 génio. o mêu cóta çái a mín. vôu dár 1 izêmpelo.a mínha irmãzinha têin trêze mezítos e enpurra tudo o que méxe e a mínha mãi pedíu ó mêu pái pra conprár á bebé 1 carrínho de bebé a bríncár pra éla trãspurtár as çúas bunécas. e vái açín o mêu cóta. (ó filha põislhe mas é a bunéca en sima do aspiradôr e ensinaslhe a andár com o aspiradôr pela cáza k açin éla vái ajudando na linpêza). é de génio. êle têve ôtra idêia. agóra que vêien aí as férias e os páis já não çábein ônde ádem deichár os putos e tão priocupádos pq terão mêsmo k os aturár o mêu cóta lembrousse de falár con o zé abreu pra trãsfurmár a çúa rulóte numa créche. êu aprêndo máis cô mêu cóta k côs mêus purfeçôres tôdos juntos. çe não fôçe o mau feitio.

27 março 2007

O ACIDENTE DE TRABALHO

- Isto é uma xunga! - vociferou o Capitão do Barco, na sua posição habitual, de mãos nos quadris. - Isto do blogue transformou-se mesmo numa xunga! É só gozar e dizer mal. Bolas...!
E continuou:
- Por que é que vocês não dão outro cariz a isto, pá? Um blogue de professores devia ser uma coisa cultural, cheia de substrato, sem piadas, aliás sem piada nenhuma, com uma vertente pedagógica bem vincada...
- Por que raio não fazes então tu um blogue assim? - perguntou-lhe Mimi.
- Ah, mas fazia, podes crer que fazia. Se eu tivesse tempo, era o que fazia, um blogue com uma vertente pedagógica bem vincada...
E arrancando, entretanto, um cigarro a um aluno com um tabefe: - Não me fumes à frente, pá, olha que eu é que te deixo a cara vincada. (Dá cá esse cigarro para eu o fumar quando não estiver ninguém a olhar). - [Pausa]. - Onde é que eu ia...? Ah, sim, um blogue de professores devia ser uma coisa com uma vertente pedagógica bem vincada. Que barulho é este???

Lá de um pavilhão longínquo, chegava-lhes um enorme estardalhaço, gritos de Ai! Ai! e uma voz berrando, com acentuada pronúncia beirã: Ai Jejus!
Correram. Entraram.
Fantasmadaopera chorava, derramado pelo chão, com uma enorme máquina de costura esmagadoramente pousada sobre o dedo grande do pé.
- Devia ter prestado atenção ao meu signo - lamentava-se.
- Que te aconteceu?
- Vinha ajudar a carregar esta máquina. Irra, que isto dói. Eu sempre soube que trabalhar não faz bem à saúde...
- E agora, chamamos uma ambulância? É que se entras de baixa... o que é que dizemos? Que houve um «Acidente de trabalho»!? Quem é que vai acreditar que um dedo do pé triturado por uma máquina de costura possa ser um «acidente de trabalho» de um professor do Ensino Secundário???
- Eh pá, não digas nada! Eu não quero o meu nome associado a máquinas de costura, pelo amor de Deus!
- Olha, pega lá nesta muleta. Vá, nós ajudamos-te...

Chegam outras pessoas, todas consternadas, todas perguntando, todas atropelando-se, todas surpreendidas pelo facto de o fantasmadaopera andar em volta de uma máquina de costura, todas querendo ajudar. Marius, prestimoso, carrega-lhe a pasta. Pedrão, que também gostaria de ajudar mas, de preferência, não tendo de levar demasiado peso, oferece-se para lhe transportar a caneta. Greenlight, que, como super-herói, não pode ficar atrás, insiste em levar-lhe alguma coisa.
Fantasmadaopera, sem mais nada que possa ser levado, sem mais necessidade de ajuda, balbucia, preocupado: «Deixa estar, deixa estar, greenlight, obrigado! Não te metas, pá, obrigado!»

Greenlight insistia, coitado. Se não havia mais nada, levava-lhe nem que fosse a muleta.
E arrancou-a bruscamente das mãos trementes de fantasmadaopera.

BADABAM!

- Ai ai
- Ai Jejus!

26 março 2007

SINDROMA RECAUCHUTADO

Sindroma não parece o mesmo.

Explicaram-lhe, (im)pacientemente, que não pode andar no blogue a ofender gente. Sindroma percebeu.

Mas, como subsistiam dúvidas sobre o que pudesse ser considerado «ofensivo», principiou por elaborar uma lista clarificadora, com tudo aquilo que não deve ser escrito de maneira nenhuma: que temas, que histórias, que coisas terão de ser definitivamente banidas.

Assim, por exemplo, para começar pela letra «a»: «atraso». Atrasos sistemáticos de certas pessoas? Ui, brincar com isso é ofensivo. Já não lhes basta não chegarem a horas, o que é chato, ainda vão ter de aturar tipos a gozar com o facto!? Essa entrada não é aceitável.Essa entrada tem de sair.
E que tal «Mamão»!? Ena, pá, essa é grave; essa é claramente grave! Fora com ela.
E «Tabaco»? E anti-tabagismo? E fumo? E as últimas medidas do Pedagógico relativamente ao fumo na escola? Cala-te boca, nem sabes no que te estás metendo. Enlouqueceste, Sindroma??? Isso nunca.

Mas talvez este método não seja o mais indicado. Hum!? Porque, se vamos por aí, arriscamo-nos a chegar à deprimente conclusão de que tudo pode ser tido por ofensivo. Mesmo as coisas mais inócuas.

Querem ver exemplos? Se eu disser «sino», bem!, à primeira vista nada há de ofensivo na palavra: mas se uma colega (que não identifico, Deus me livre!) partir do princípio de que me estou referindo a um casaco que ela tem e com o qual parece um sino, torna-se logo uma ofensa.
Se eu disser «máquina de costura», estou a ofender alguém? Se o fantasmadaopera me estiver a ler, com certeza que vai pensar que sim...

Sindroma decidiu-se por um outro método.
Nunca seria possível construir a lista de tudo aquilo que pode ofender.
Teria de se fazer, isso sim, a exclusão das pessoas que se melindram facilmente, daquelas que se ofendem de imediato: umas porque não levam a bem que as caricaturem, como se fosse um desrespeito não se reparar no facto de serem já caricaturas; umas porque fumam e não querem que lhes lembrem que estão a fazer mal à saúde; outras porque não fumam e têm inveja de não ter saúde para aguentar um cigarrinho...
A partir daí, estabelecer os resistentes, os que poderão ser gozados, os que não se importam, os que têm as costas largas e sentido de humor, os que têm poder de encaixe e de rir de si mesmos.

E Sindroma, de exclusão em exclusão, completou finalmente a lista daqueles que pode gozar impunemente, sem receio nem escrúpulo.

Sindroma avisa já. Irá restringir-se a esses, mas tratará de os demolir. Sem medo. Sem pudor. Será escarninho, sarcástico, maldoso, até. Atenção, pessoas da lista. Esperem tudo de Sindroma.

Onde está a lista? Perdi a lista? Ó diabo! Não me digam que vou ter de refazer tudo de novo. Não, ei-la, ei-la, ahahahaha, tremei, tremei, objectos do meu futuro gozo.


Eis a lista:

POCHETE!!!

Treme, pochete. Não te pouparei!!!

21 março 2007

O RAPTO - 11º EPISÓDIO



20 março 2007

COMO FUNCIONA O RATO

Para aqueles que acham que o funcionamento do computador e periféricos é uma coisa muito complicada, aqui fica a desmistificação. Mas lá que dá trabalho, isso dá...

19 março 2007

BLOGUE ESLAVADINHO

Contra todas as comichões e pruridos, este blogue, a partir de hoje, navega sem amarras.

18 março 2007

Breve história de quase tudo


“Em primeiro lugar, para que o leitor esteja aqui agora, foi preciso que triliões de átomos errantes tenham conseguido juntar-se, numa dança intricada e misteriosamente coordenada, de forma a criá-lo a si. Trata-se de uma combinação tão única e especializada que nunca foi feita antes, e só vai existir desta vez. (…)
A razão pela qual os átomos se dão a este trabalho não é lá muito clara. A nível atómico ser o leitor, não é propriamente compensador. Ou seja, apesar da atenção que lhe dedicam, os átomos não se preocupam consigo – na verdade, nem sequer sabem que você existe. Nem mesmo que eles próprios existem. Nada mais são do que partículas sem consciência, e nem sequer têm vida própria. (Não deixa de ser ligeiramente impressionante pensar que, se você tentasse dissecar-se a si próprio com uma pinça, átomo a átomo, nada mais iria conseguir do que um monte de fina poeira atómica, da qual nem um grão alguma vez tivera vida, mas que, toda junta, era você). E, no entanto, durante todo o período da sua existência, a única preocupação dessas partículas será a de responder a um único impulso incontrolável: fazer com que você seja quem é.
O lado menos bom da questão é que os átomos são inconstantes, e que o seu período de dedicação a uma causa é passageiro. Muito passageiro mesmo. Até a longa vida humana não dura mais do que umas 650 000 horas. E quando esse modesto marco é ultrapassado, ou por volta dessa altura, por razões desconhecidas os seus átomos vão dispersar em silêncio, para se tornarem noutras coisas. E é o fim da história para si.”


(… 40 páginas depois…)


“Olhar para o passado é a parte mais fácil. Dê uma espreitadela no céu nocturno, e o que vir já passou à história, e há muito – verá as estrelas, não como elas são agora, mas como quando a luz as deixou. A verdade é que a Estrela Polar, nossa fiel companheira, pode muito bem ter-se extinguido no passado mês de Janeiro, ou em 1854, ou em qualquer outra data desde o séc. XIV, e nós simplesmente ainda não sabermos. O máximo que podemos dizer é que ainda estava a arder há 680 anos.”


(… 131 páginas depois…)


“Em termos mais simples, o que a equação (E=mc2) traduz é que a massa e a energia têm uma equivalência. São duas formas da mesma coisa: a energia é a matéria libertada; a matéria é a energia à espera de acontecer. (…) Talvez o leitor não se sinta particularmente robusto, mas se tiver um corpo de adulto mediano fique sabendo que, dentro da sua modesta estatura, contém nada menos do que 7x1018 jules de energia potencial – o suficiente para explodir com uma força equivalente a 30 enormes bombas de hidrogénio, partindo do princípio de que saberia libertá-la, e estivesse muito ansioso para demonstrar a sua teoria. Todas as coisas têm este tipo de energia encurralada em si próprias. Só que não sabemos libertá-la.”


(… um pouco depois…)


“Quando o poeta Paul Valéry perguntou uma vez a Einstein se usava um caderninho para registar as suas ideias, Einstein olhou-o com ligeira mas genuína surpresa. ‘Oh, não é preciso’, respondeu, ‘raramente tenho ideias”.

(… faltam 300 páginas…)


Bill Bryson in Breve História de Quase Tudo

17 março 2007

DOM ZÉ ABREU FALA DE UMA VIAGEM QUE IA FAZER E JÁ NÃO FARÁ, PORQUE UM TIPO TEM A SUA DIGNIDADE!

Na verdade, tive um convite de Dom Duarte para ir na sua comitiva numa viagem aos Açores. Aceitei prontamente: confesso que o que me entusiasmou mais, foi a ideia de passar à frente do senhor intelectual maminha na fila para o avião; mas outras razões me agradaram: no fundo, eu vi, nesse convite, um reconhecimento do meu estatuto. Um gesto humilde, da parte de um «talvez» «futuro» rei, coitado, de um «possível» rei - mas, a sê-lo, sabe-se lá quando...! -, para com um dos poucos reis reais do nosso país: o Rei das Bifanas!

Pensando ainda melhor, o único rei a sério ali, se eu fosse, seria eu próprio. E já começava a treinar o uso do «Nós» para me referir à minha pessoa, já me imaginava tomando o lugar principal no grupo, dando muitas ordens, reduzindo o próprio Dom Duarte a um simples membro da minha comitiva, deixando-o, se ele pedisse muito, levar a minha mala, tratando-o por «Duarte» ou por «pá». Ai, se o maminha me visse, em pleno aeroporto, passando-lhe tranquilamente à frente, fazendo este figurão...!

Entretanto, foi à minha rulote falar comigo, para preparar a viagem, um assessor de Dom Duarte. (As pessoas que tratam dos assuntos relativos às viagens do «possível» rei para os «Açores» são, como se está mesmo a ver, os «açores», mas há intelectuais que escrevem: «assessores»...). Mas o tal assessor, um homem franzino e feio, cheio de ramelas, disse-me que me convidavam na qualidade de «português genuíno», «puro luso», de «autêntico homem do povo». Para que se percebesse que o Dom Duarte seria um monarca popular, próximo da gente simples. Até me pedia que levasse um garrafão de tinto e umas bifanas, para realçar o meu ar. E fez esta comparação: «Porque o senhor é um português tão português, como o é o cavalo da mais pura raça lusa». Respondi-lhe, está claro, que fosse chamar cavalo ao seu patrão. Acompanhar aquela gente na qualidade de cavalo!? Eu??? O único rei português??? Já não vou!

14 março 2007

VAMOS ORGANIZAR UMA VISITA AOS AÇORES?

O Abreu continua confuso, baralhado e a abrir o caminho para ser um verdadeiro e bom intelectual a curto prazo.

Querido Abreu nem imaginavas que casei com uma descendente de ALENTEJANO. Chamei-a e logo consegui entender tudo.

Agora, e numa prosa a sério, julgo ser altura de organizar-mos uma visita aos Açores.

Julgo, ser ,uma boa oportunidade, para este nosso Blog, ter uma iniciativa e organizar uma excursão até aos Açores ( uma, duas ou três ilhas - aquelas em que temos representantes na Escola).
Vamos levar isto a sério?
Estou disponível para contactar com que se deve contactar, isto é uma agência que faça um bom preço.

Gente vamos abrir o Blog para receber opiniões?

Talvez seja uma boa oportunidade do Zé Abreu descobrir e traduzir o grande enigma.

Sinceramente fico na expectativa DAS REACÇÕES A ESTA IDEIA.

Adorava oferecer uma boa morcela com ananás..............

VAMOS A VER.

O RAPTO - 10º EPISÓDIO


UM MISTÉRIO COMO NUNCA SE VIU NADA ASSIM: EPISÓDIO QUINZE

A pedido de Arminho, as investigações acerca do paradeiro do carnet de Madame, foram suspensas por instantes. Não que houvesse qualquer tipo de atraso, mas apenas e tão só porque Relativamente Miguel e Fantasmadaopera tiveram que se ausentar para escoltar Lara Croft à Luz. No dia em que ela deixou de dar bola ao Simãozinho, foi vê-lo a correr atrás de uma outra, mais redonda, porém, mais certeira. Nessa noite, Lara tomou as duas decisões mais sensatas da sua vida: ia retomar a sua colecção de cromos especiais e almoçar mais vezes em locais "benfiquistamente frequentados".
Arminho tinha, no entanto, motivos fortes para suspender o que quer fosse; desde pequeno que ouvia falar dum tal cavalo que ficara suspenso no Sítio, ali para os lados da Nazaré; também ouvira contar histórias acerca duma senhora que tinha sido vista suspensa numa oliveira, na zona da Cova da Iria. A única coisa de se que recriminava de não ter conseguido suspender foi o enorme saco de gesso que se despejou dentro dum minúsculo alguidar, espalhando pó branco por todo o lado. Naquele momento de nada lhe valeram os poderes de presidente e muito menos os conselhos do outro presidente, o Cavaco, nos quais matutava havia dias, pois não percebia aquela obcessão de querer apagar as luzes todas que vê acesas, para poupar energia.
Cheflucas acorreu de imediato, alertado por Donana, que espavorida, gritava pelo pátio "fujam, fujam, espalharam pó branco no bome! É anthrax, é anthrax!!!". De emergência foi chamado o departamento de investigações biológicas da Eslav, mais eslavado que nunca. No final da peritagem, Escura Anunciação anunciou, alto e bom som, para quem a quis ouvir (parece que eram poucos mas de ouvido apurado): "Todas as análises de laboratório indicaram que a substância não era tóxica, apesar do alarido que as pessoas fazem por uma coisinha de nada". Ao seu lado, circunspecto, Cheflucas informa: "O responsável por este espalhafato é nem mais nem menos que o professor Arminho, que alega em sua defesa que "apenas queria construir um vulcãozinho..." mas isso é o que ainda havemos de descobrir".
Zé Abreu, disfarçado de Sinistro, com uma peruca loiríssima e óculos de fundo de garrrafa, está entre a assistência que se acotovela para ouvir, isto é, tentar perceber o que diz o chefe. Abreu matuta:"isto tem que ser dito, ninguém me tira da cabeça que este pózinho é obra do Hponto, que deve andar irritado comigo, mas não era preciso ir tão longe...".
Na assistência, as matemáticas acotovelam-se e susurram "isto ainda nos vai estragar as contas, suspendam tudo menos as comemorações do dia do pi". (Lula Espanhola, que passava por acaso naquele momento, não pode deixar de ouvir e foi pensando, ela e a sua Mandarina Duck "até que enfim que alguém estabelece ordem nisto. Acho bem que estendam o pi ao blogue, andam para aí a dizer coisas que têm que ser sensuradas, há uma certa linguagem brejeira...; na falta do lápis azul, o pi talvez resolva...").
Tété iTunes faz contas de cabeça: "pi...pi...pi...3,14... pi...14,3...hum...143...134...xis! A escola está cheia de incógnitas e tudo começou porque um carnet levou sumiço. Quero lá saber do carnet! Aposto que era de linhas, nem dava para fazer contas. Hoje é o nosso dia, o dia da matemática e ponto final". Posto isso, retirou-se numa fracção de segundo para o conjunto das matemáticas, que faziam de contas que não sabiam da existência do tal pó branco, que para elas se traduzia num vulgar pó de giz. De quadro, claro.
Vaz-Concelos, pensando que o pi era o piiiiii do apito da PitaShoarma, desata a correr atravessando o campo de jogos e na atrapalhação, salta-lhe um pequenino bloco de notas do blusão azul. O blusão azul escuro bordado a amarelo, que nas costas diz POR mas que do avesso diz CONTRA...

13 março 2007

ZÉ ABREU PAGA AS OFENSAS

O senhor Maminha - caramba, já não sei como o trate sem ofender: «h.», já vimos que é uma grande ofensa, «mamão», ao que parece, também... irra! - escreveu, todo contente, umas palavras no seu dialecto, à espera que eu andasse por aí à procura de tradução; cuidou até de que nenhum ilhéu da escola me dissesse de que se tratava. Afinal, acabei por pôr tudo em pratos limpos. Aquela açorianada toda significa, simplesmente: «O senhor Abreu é um grande homem, sim senhor, e tenho, pessoalmente, uma enorme admiração por um sujeito tão brilhante». Pela minha parte, senhor Maminha - «Maminha» não é ofensa lá nas ilhas, não!? -, agradeço-lhe que me considere brilhante; um elogio sabe sempre bem: mas já lhe digo que não me deixo cegar por esse brilho todo. E se pensa que é o único que fala línguas, então respondo-lhe já no meu dialecto, um alentejanês de gema. Cá me fico a divertir, sabendo que vai andar por aí aflitíssimo, a tentar traduzir esta fala que lhe será certamente incompreensível. Rio-me sozinho. Esta´é que é boa mesmo, eheheh:

«O home julga que me faz mossa. Será engenhêro ô quêi!? Ê cá nã me ralo. Assento-me devagarzinho, bêbo a minha malga de caféi com lête, em me calhando inda como uma posta de pêxi e ó depois axêgo-me ó bló e ascrêvo-lhe assim: Ó home, vá lá prós Açores e dêxe-me cá estar à sombra do meu chaparro...»

Ora tome lá, senhor Intelectual Maminha.

AGRESSÕES AOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO? NADA DISSO: SÃO SÓ MAL-ENTENDIDOS (Outra carta)

Ex.ma senhora dona ministra da Educação:

Sou mãe de um aluno de uma escola da Grande Lisboa e soube, entretanto, que o professor de Educação Física do meu filho apresentou uma queixa porque eu teria perpetrado, alegadamente, uma «brutal» agressão sobre (e contra) a sua pessoa.

Não lhe terá escapado, senhora dona Lurdes, que algo está mal contado nesta história. Em primeiro lugar, porque se trata de uma professor de Educação Física. Ora um professor de Educação Física que se preza não é vítima de agressões «brutais». Alô-ô-ô! Educação Física, estão a ver? Aqueles homens em fato de treino que apitam para os alunos correrem, apitam para os alunos saltarem, apitam para os alunos flectirem. Homens cheios de energia e músculo, necessariamente, para: a) apitarem tanto; b) assistirem, sem mostrar a menor fadiga, aos seus alunos correndo, saltando, flectindo.
Em segundo lugar, senhora dona Lurdes, se algum desses professores bronzeados e musculosos fosse agredido, não o seria, certamente, por uma mulher frágil como eu. Não se deixe enganar pelos meus cento e vinte Quilos nem pelos meus punhos rijos como bigornas. Quando estou apaixonada, fico frágil. E o que aconteceu, foi tudo sob o efeito da paixão...

Não houve qualquer agressão. Tratou-se de uma sessão de sexo sado-masoquista entre dois adultos responsáveis e sem preconceitos. Não lhe escondo que, quando fui ter com o senhor, estava realmente a pensar em bater-lhe porque o meu filho se tinha queixado de ele o ter posto a fazer flexões só porque o rapaz chegara atrasado. Mas o que sucedeu depois foi que, ao ver aquele Deus grego, me apaixonei irremediavelmente. E, portanto, já não fui capaz de lhe bater por essa razão. Bati-lhe por amor. É que, para mim, o sexo tem de ser assim, violento. Que mal faz, desde que haja consentimento mútuo? Houve. Eu perguntei ao senhor se queria; usei o código sado-masoquista para o convidar; perguntei-lhe: «O senhor aceita um biscoito?» - e ele respondeu-me que sim. Alguém acredita que o homem fosse tão ingénuo a ponto de julgar que eu lhe ia oferecer um biscoito de manteiga? Ele consentiu na sessão sado-masoquista, sim senhor. Aquilo foi sexo puro e duro. E seguro: para maior segurança, fico-me sempre pelos preliminares. Um par de murros; quem diz um par diz um trio, ou um quarteto, ou um quinteto de murros. Só não ficámos depois os dois a fumar, porque eu tinha muita pressa. Mas o senhor gostou, acreditem, que já eu ia longe e ainda o ouvia gemer. Vem agora apresentar queixa!? Que uma Encarregada de Educação o agrediu!? Ora que essa! Se ele não retira a queixa, terei de o amaciar. Nem que seja com outra sessão de sexo!

Grata pelo tempo que lhe fiz perder com este esclarecimento,

Melhores cumprimentos,

Maria Tapona

11 março 2007

O RAPTO - 9º EPISÓDIO



Abreu lança confusão mundial

Gente habituada a momentos de grande desorientação relatava que nunca assistiram a tanta agitação. Tocavam telefones. Marcavam-se reuniões com carácter de urgência. O jet-seis, o jet-sete, oito e o nove e ainda muito provavelmente o jet-teso, discutiam o que quereriam dizer tais palavras. A Edite Estrela procurava em tudo o que era lado pelo esclarecimento de tão grande desconhecimento. O Infante até consultou o primeiro sem que esse, o próprio, conseguisse esclarecer. O Conselho de Estado foi convocado e nele até o professor confessou não saber porque não sabia o significado das palavras que o Abreu tanto procurava. Dos States chegou a tão grata solidariedade para atacar, ou raptar, em qualquer lugar do mundo, quem soubesse desvendar a grande preocupação do sempre e eterno amigo Abreu. Era tanta a confusão. Era tanto o desejo de uma pequena tradução que o mundo parou. Tal como numa outra literatura ninguém teve autorização para morrer. Surgiram os prémios. De França chegaram palavras motivadoras. Da Alemanha escutaram-se palavras que aguardam pela tradução. Suspenderam o lançamento dos foguetões, não fosse partir neles algum código escondido com o significado daqueles duas palavras que tinham despertado a curiosidade mundial. Curiosa foi a reacção na Austrália. De forma rápida ordenaram buscas nas bolsas dos cangurus. Até o Marsupilami, esse mesmo, o da banda desenhada, se disponibilizou para lançar uma grande busca. Vasco da Gama acordou e passou revista às naus ainda escondidas. Cabral, no Brasil, respondia que nunca tinha ouvido falar de tal. D. Duarte afirmou que mesmo no aeroporto quando tentou que um lambe botas da corte passasse à frente de tantos açorianos não tinha escutado nenhuma daquelas palavras. Desesperado Abreu anda a bater a todas as portas. Revoltado pela sua ignorância. Raivoso por não ter um cheirinho de cultura popular. Os eslavianos e Açorianos riam-se mas nem uma palavra. Açores todos se riam .. mas ninguém falava.

Sentado no sofá, folheando um romance de Vitorino Nemésio, já depois de ter sujado a mente ao ler uns poemas de Antero, de ter atirado para o chão os escritos de João Melo e ainda loucamente preocupado com o que tinha de vasculhar nos escritos de Natália,
Abreu estremece ao ouvir tocar o telefone. Será que descobriram. Será que me vou ver livre de tanta cultura. Com a curiosidade do tamanho de um mar, levanta a sempre enigmática peça do telefone e muito nervoso lança o tradicional está....


- É o Senhor Abreu
- Abreu sou, senhor ainda não tenho a certeza
- Ah! então já sabe o significado das palavras
- Quê? Não sei nada
- Mas acabou de...
- Nem comecei como posso ter acabado, diga lá......
- .........................................................
- Está, está.. não o ouço.. ainda está aí... diga lá o querem dizer tais palavras. Faça-se homem e diga lá
- ............................................................
- Bolas logo agora caiu a chamada

CARTA ABERTA DE UM ENCARREGADO DE EDUCAÇÃO À SENHORA DONA MINISTRA

Ex. ma senhora dona ministra da Educação:

Sou um homem legal, nos dois sentidos da palavra: sou «légal», como diriam os brasileiros, porque as pessoas em geral me apreciam, canto o fado à desgarrada, animo as almoçaradas e jantaradas de amigos, mascaro-me de Pai Natal para surpreender o meu filho, e faço-o com tanta eficácia que, aos dezassete anos, o garoto ainda acredita que os presentes lhe chegam de trenó; mas sou legal também no sentido em que me considero um cidadão exemplar, que age sempre dentro da mais estrita legalidade: pago impostos, embora aldrabe um poucochinho as contas (aliás, em Portugal talvez não fosse légal nem legal não o fazer); nunca me atraso à hora de sair do emprego; e, à entrada, o ponto é picado escrupulosamente - quando sei que não poderei estar lá à porta às nove horas da manhã, não me esqueço de passar antecipadamente o cartão a um colega, para que o pique ele por mim; nunca fui, sequer, multado: nunca passei por um radar em excesso de velocidade. Eu é que parece que tenho um radar: se há radares por perto, se há polícias por ali, dá-me o cheiro, e porto-me com todo o juízo...

Mas, senhora ministra, não lhe quero fazer perder tempo. Venho é lembrar-lhe que se deve procurar legislar de acordo com aquilo que já é a prática da maioria dos cidadãos no país. A lei deve ir ao encontro dos costumes: deve ser uma expressão do comportamento que uma sociedade tem por normal. Nessa medida, gostaria de lhe propor que se legislasse no sentido de os pais poderem bater nos professores. O contrário, seria ir contra uma tradição, contra um hábito arreigado, contra um costume tido por normal, pelos vistos, pela maioria dos Encarregados de Educação. Já todos sabemos que os professores estariam contra, mas alguém os leva a sério? Alguém lhes liga alguma? Pensando melhor, no meio da pressão que o Ministério tem exercido sobre eles, e muito bem!, talvez nem dessem por isso, ou achassem normal.

Eu ando com umas ganas a um professor da escola do meu filho, minha senhora, que quando o vejo até cego. É professor de Educação Visual. Mas educação, não tem ele nenhuma, e o visual, depois do correctivo que gostaria de lhe aplicar, não vai ficar grande coisa. Não é que ele discrimina alguns alunos da turma, ainda por cima sempre os mesmos, entre os quais o meu filho? Que os interrompe, quando estão a falar para o lado, que os interrompe quando estão a lutar para resolverem os seus problemas, que os interrompe quando estão a falar ao telemóvel?

Eu vou esperar, senhora ministra. Como sou um cidadão légal e legal, só darei a merecida carga de porrada ao professor quando a senhora dona Lurdes legislar nesse sentido. Assim como assim, senhora ministra, é só o que falta.

Muito obrigado pela sua atenção.

José Pardestalos, Encarregado de Educação

08 março 2007

E NÃO ESQUEÇAMOS O 8 DE MARÇO, DIA INTERNACIONAL DESSAS QUERIDAS

Hoje é Dia Internacional da Mulher, e eu não podia deixar passar esta data em branco. É que sou, verdadeiramente, um feminista. Sim senhor! Mulheres é comigo. O meu querido sargento Balicha, que percebia perfeitamente a minha sensibilidade, uma vez até me chegou a dizer: - Ó 39, tu és realmente um tipo que toca nas mulheres todas, pá! Eu até te aconselhava a ficares com as mão quietas e a não lhes tocares tanto, se não, um dia, ainda apanhas uma lambada de uma delas que nem sabes de que terra és!

Hoje de manhãzinha, durante o passeio higiénico da minha cadelita Farrusca pelo bairro, veio-me à ideia que o mulherio na escola devia andar todo bem arreado. Hoje, bem, hoje, que é o dia delas; mas devo dizer que não arregalei os olhos. Desculpem a sinceridade, mas isto foi uma coisa que aprendi com o sargento Balicha, dizer sempre a verdade, mesmo que seja uma verdade inconveniente.
As mulheres têm muitas coisas boas. Oh, muitas, muitas, muitas. E nada melhor, nesta data, neste post que lhes dedico, do que relembrar algumas.

A que me está mais fresquinha na memória é a Zira, que servia às mesas numa pizzaria da minha rua. O calor do restaurante fazia com que não andasse muito agasalhada... mas esta história faz-me lembrar uma outra cuja artista era a Zoraida, que conheci em condições difíceis, num hospital de campanha quando fui ferido em combate, com um estilhaço num olho. Eu estava com a visão reduzida mas isso não me impedia de exercitar outros sentidos... Bem, vocês não imaginam... Quem me deve compreender é o pai do Lançarote, aquele que escreveu uma carta, o pormenor da enfermeira não me passou despercebido... Às vezes penso: oxlá eu um dia vá parar a um lar desse calibre. Com mulheres, muitas mulheres, todos os dias...

PARABÉNS DT PV

O Abreu é mesmo um mal amanhado!

Ficam já avisados. Nem H. Nem tão pouco «mamão». Muito menos aquela triste combinação que um tal Abreu pretende lançar. Se não se colocam em situação de alarme laranja, talvez rosa, faço importar o anti-ciclone e nem sei o que acontecerá a todos os eslavianos distraídos na eslaviana escola.. Mamão....mas quem é que nesta idade irá mamar... mamar onde...em quem. Oh! Abreu toma juízo e procura reter o teu....palavreado. Jogar à frente? de quem?........mamão é moleza é ficar à espera que as coisas aconteçam.. é aquele jogador que fica na mama do jogo...que espera que lhe metam a bola nos pés (o que pensam hoje todos esses benfiquistas). Olha que se a Laraqualquerbebida percebe a tua provocação até te esfola morto. Com mais alguma conversa até uma das eslavianas te leva a fazer umas flexões... umas flexões .... ou dar uma boa..........uma.......uma.......uma....uma.....uma...qualquer coisa que até me faz ficar gago. Ai! esta minha cabeça perversa.... uma cambalhota invertida com saída para............o perigo, naturalmente, coisa que um mamão nunca faria.
Confesso, nem sei para onde um mamão continental.. sim um cubano do continente conseguiria fazer com tanta falta de jogo de cintura.. Este Abreu certamente nunca saboreou o gozo de dar um bom apalpão, seguido, quando possível, de um beliscão. E a estalada que se seguia, bem aplicada, que nos fazia ganir de raiva e do orgulho ferido. Aí está a coisa que jamais um mamão conseguiria saborear para por no currículo e reivindicar que seja pontuado para ser titular da equipa que vence.
H, sempre pode ser. Mamão.. bem, como a tradição já não é, o que era nada tenho a opor. Mas que o H nunca desapareça pois «ê sê mûto hôme e o Abreu ê um zabela, naião, mal amanhado e para traduzir isto vai ter que perguntar aos intelectuais»
Quem diria, o Abreu, a fazer investigação. Até me rio sozinho.
Esta é mesmo boa. O Abreu à procura da cultura popular.......................................

ZÉ ABREU SENTE QUE TEM DE EXPLICAR TUDO AOS INTELECTUAIS

Portanto, a minha conversa deu frutos. O senhor lá das ilhas confessa que estava a dormir a sesta e que o meu escrito o acordou. Tal como vejo a cena, o senhor tinha adormecido e o monitor caiu-lhe em cima. «Mas o que... o quê... que se passa, que foi isto...?», perguntou ele, estremunhado. Olhou para o monitor. Lá estava o texto do Zé Abreu. Fez-lhe raiva, pronto! Eu tentei perceber aquilo de que o senhor se queixava, mas tenho alguma dificuldade em ler açoriano. Para mim, filmes em açoriano só com legendas. Mas, enfim, o que retive de toda aquela açorianada, é que, em açoriano, chamar a uma pessoa h. mamão é um grande insulto. Ora eu não quero insultar o senhor. Calculo que o que lhe faça espécie em «h.mamão» seja o «h». Só pode. Eu até compreendo, mesmo não sendo açoriano: se alguém me chamasse «h» perdia as estribeiras. Portanto, a partir de agora, esteja descansado que eu vou retirar rapidamente o «h». Sim? «h.mamão», nunca mais. De hoje em diante, chamo-lhe só «mamão», pode ser? Vê que nos entendemos, apesar de falarmos línguas diferentes? Por outro lado, a dona lula espanhola quer «cultivar-me», logo ela, que saberá o que é o tanso-teatro (isto é, teatro-para-tansos), mas com certeza que nunca viu uma sachola, e logo a mim, que percebo imenso de agricultura e me farto de cultivar a terra dos meus sogros sempre que tenho um tempinho para ir lá passar uns dias. Aconselha-me a ver a ópera. (Que tem isso que ver com a agricultura!?) Pois fique a saber que eu nunca perco um programa da ópera, que é uma senhora preta que faz umas entrevistas muito giras; e também costumo ver o Dr. Phil, que é um senhor careca e de bigode que sabe tudo sobre tudo, pelo jeito deve ser o correspondente à Lurdes Orvalhada da escola lá do sítio; e, já agora, sigo também aquela telenovela portuguesa que tem um Bráulio com uns óculos quase tão grandes como os da super filó, mas que ando cá desconfiado que seja um traste a fazer-se passar por bonzinho. Por fim, uma nota para a senhora dona lula espanhola. Recusa a minha «Bifana Picasso»? Não gostei. Um tipo a esforçar-se para lidar com uma intelectual, e vai a intelectual...! Calorias??? A minha bifana, minha senhora, não tem calorias. A carne é picada, minha senhora, é tão picadinha, que as calorias desaparecem todas. Aquilo pica-se, pica-se, pica-se até quase não haver carne, minha senhora. Aquilo pica-se. Julgava que eu lhe tinha chamado uma «Bifana Picasso» porquê???

O JOGO DA MISÉRIA ESTÁ EM VIGOR: ANEXO

1. O Jogo da Miséria, também conhecido por Estatuto da Carreira Docente, é uma brincadeira muito bem esgalhada pelo Ministério da Educação, e que tanto tem divertido os professores por esse país fora. Tenho visto alguns a chorar - mas só pode ser de se estarem divertindo tanto!

2. Contudo, o jogo tem algumas partes baixas, isto é, umas quantas regras que merecem ser afinadas. Nomeadamente aquilo das faltas, que continua em negociação.

3. Começa a perceber-se que as faltas não podem conduzir, todas por igual, desde que somem nove, à pura e simples perda dos pontos. Tem de se introduzir alguma diferenciação. Faltar por morte de um familiar, desculpem-me a crueza do exemplo, é diferente de faltar por doença grave. Acompanhar as crianças muito doentes, a arder em febre, não é o mesmo que ter um furo no pneu, ou ficar retido em casa à procura da dentadura postiça, «Maf onde é que eu puf efta porcaria, caramba!?», ou que não poder ir dar aulas em virtude de o filho lhe ter vomitado para a roupa.

4. Assim, propõe-se em anexo uma grelha de perda de pontos consoante a gravidade da situação que justifica a falta:

1. Morte de pai, de mãe, ou de alguém muito chegado (por exemplo, uma namorada se, na altura da morte se encontrava mesmo muito chegadinha): só perde 0,5.

2. Doença de coração: com operação-1 ponto, sem operação,-2 pontos.

3. Vesícula inchada (caso do colega Relativamente Miguel): inchadita-3 pontos, mediamente inchada-2 pontos, inchadona-1 ponto.

4. Escorregar:
a) numa mica- 5 pontos
b) numa uva- 4, 5
c) num degrau de escada- 6 pontos

5. Faltar por ter estado a arrumar as coisas na pochete- 7 pontos.
Estuda-se a possibilidade de haver uma presença que também faça perder pontos, pelo menos 10, que é a presença ao serviço ACOMPANHADO de pochete.

6. Estaria prevista a possibilidade de permutas. Assim, a morte de um pai, de uma mãe ou de uma chegadinha,
poderia ser trocada por cinco escorregadelas em uva,
ou por duas doenças de coração sem operação.
Pode-se trocar uma vesícula inchadita por
várias mortes de pai,
ou por três operações ao coração,
ou por três vesículas inchadonas. Agora, é jogar, pessoal. Isto está a aquecer!!!

07 março 2007

O RAPTO - 8º EPISÓDIO

06 março 2007

ACORDADO, PICADO ou aqui estou de volta?

Nem sempre a dinâmica do acordar acontece como muitos de nós goatariamos que fosse. Uma palavra, uma piada, uma agressão, talvez uma acusação, um toque subtil ou, quem sabe, a força do humor.
Acordei.
Da alternância entre o ser hoje ou o irá ser amanhã o tempo passou. Morreram as oportunidades de me associar a este grupo que transmite a piada no tempero ideal. Procurar estar com simões e leitões( como tenho saudades da Bairrada), alguns armados em fotomontadeiros( e quão grande é o humor), ainda um armado em inculto, brutamontes e agressor do bom açorianês.
Estou então de volta para apreciar o que de bom surge na Eslav. Eslaviados tomem atenção pois irão saber do muito de eslaviado se anda a fazer entre eslaviados e ex-eslaviados. Bem podem por difarces, óculos escuros, camisinhas, palavrinhas ternas porque a verdade irá finalmente surgir. As provocações irão termonar pois quem tem em sua posse o carnet desaparecido é um eslavado que passando o tempo a ver se rouba uma banana da D Pylar lá conseguiu meter a mão na mala daquela eslavada completamente passada e a somar os pontos para tentar fugir do culto escondido dos eslavados. Que sabe se o eslavado secreto não que comprometer o criador de tão eróticos eslavados. Loucamente perdidos lá continuam alguns a ver passar aquelas saias provocadoras e sabem o que fazem? ... dão pontos, meus amigos dão pontos... mas que grandes safados.. alguém se lembraria de dar pontos a uns gluteos mais ou menos trabalhados, tonificados e colocados nos seus sitios..........pois é ali na plateia, da sala comum e poluída dos eslavadeiros que fazem todas as manhãs eslavados e, ainda bem que também eslavadas curtem a frustação de mais uma noite calma. Para mim noite calma é noite de fracasso..BEM DE VOLTA e com mais regularidade. Agora mamão é que nunca.

NÃO TE DEIXAREI NA IGNORÂNCIA, ZÉ ABREU!!!

Nós vamos à Ópera, sim senhor! E o menino Zézinho também devia ir! Nem sabe o que perdeu na semana passada no CCB! Ópera, dança, teatro, tudo junto a resultar num efeito lindíssimo, muito criativo, a respirar arte e inteligência por todos os poros... O Zé Abreu, para além das bifanas, já ouviu falar em dança-teatro (tanztheater)? Presumo que não, mas eu vou-lhe explicar. Foi isso que aconteceu no CCB, ou seja, uma representação moderna que parece desprezar a tradicional ordem coreográfica para destacar a fala, o gesto e a diversão. Um espectáculo onde os actores representam, cantam, dançam e até usam os seus instrumentos musicais de onde extraiem acordes de fazer sonhar. Neste caso de que lhe falo, Sasha Waltz, a coreógrafa, conta-nos a história de Dido & Aeneas, a partir do IV Canto da Eneida de Virgílio, não só através dos cantores, mas também das imagens e da linguagem gestual, da linguagem muito particular da dança que, de uma forma genial, vem complementar a música. Nesta original abordagem da história, a coreógrafa procura associar os diferentes níveis de representação, sem que nenhum deles domine o outro. Entende, Zé Abreu? Eu sei que sim, que é capaz de se esforçar e de deixar de pensar só nas bifanas oleosas que, apesar das designações eufemisticas que lhes arranjou, as ditas não passam de umas míseras calorias com pretensões a sandes cultas!!! Vá lá, Zézinho, cultive-se. Entregue essa ruló de vez, compre umas roupinhas jeitosas (peça ajuda à nossa Thrombonezinha) e mude-se para o mundo dos cultos. Vai ver que fica mais feliz!
Será????

05 março 2007

O XIQUE E O XOQUE

Ó fofuras, hoje nem quero perder tempo a carpir-me pelo tempo que demoro sempre a tornar a este blogue, porque se não cuspo imediatamente o que tenho para cuspir, ainda sufoco. Meninas, o Bélito estava de se chorar por mais, com um casaquinho de veludo cotelè verde, novo, ainda um tanto rijo, mas lindo de morrer! Até a malinha de mão parecia, de súbito, ganhar uma nova elegância. Rendida a estas modernices, Fifi Memé - um blazer de veludo cotelè castanho - e Fafá - em verde escuro: será já o efeito Bélito?
Aposto que aos olhares mais atentos não escaparam duas mini-saias que na semana passada me espantaram tanto. Começo por destacar uma que que se destacava por si só. Falo da da Luisinha Simoneta. Querida, a menina tem que repetir a fatiota, mas desta vez, por favor, sem o casacão! A outra era a de Cris, também meio-escondida sob um casaco compridote...
Bébé Moreia assumiu de uma vez por todas os Versace que lhe dão um ar tão distinto!
Quem não levou a nada a sério os meus reparos anteriores foi a Xaxão... Um doce de pessoa, mas o doce não chega ao chapéu... que parece algodão-doce...
Na semana passada acreditei que qualquer coisa irira mudar na pasmaceira que é a sala de professores. Um cartaz com umas figurinhas rendadas e eu pensei: - Vai haver um desfile? Uma mostra de moda? Uma vernissage? Uma apresentação dum qualquer estilista eslavense? Do género dos que se têm multiplicado na área da joelharia? Mas não! aquilo era apenas um cartazinho que apelava à solidariedade... Meu Deus! Para quando qualquer coisa que me faça sentir viva?!
Bem, chega de mal dizer. Neste panorama cinzentão a que me habituaram, acontecem por vezes, promessas de mudança. Ventos de mudança, diria outro que não eu... Vocês nem sabem o que é está para vir! Estou quase a sofucar mas juro que não digo! Escusam de pedir. Porque eu não digo, não digo, não digo e pronto. Só deixo este aviso: preparem-se! Então vá lá, eu dou uma dica. Uminha dica apenas: não queriam renovar o visual da escola? Não queriam modernices?... Então esperem de olhos abertos. Aliás, escusam de esperar com eles abertos. Na altura, aposto que os vão abrir tanto que até vos saltam das órbitas!
E com esta me vou. Xic-xic, xoc-xoc (isto são bejócas, ricas)

UM MISTÉRIO COMO NUNCA SE VIU NADA ASSIM: EPISÓDIO CATORZE

Black Knight retirou-se da investigação, por iniciativa própria, pronunciando estas palavras que a História registará: «Estou farto que os gajos do blogue andem aí a espreitar todos os meus passos, eles que vão mas é gozar com ...[termo eliminado pela Comissão de Censura de blogues do ME]».
Visto isto, encarregaram do caso o célebre detective Arminho Migalhões.
Ora A. Migalhões é conhecido pela sua capacidade quase sobre-humana de extrair confissões aos culpados. A sua técnica, aliás, consiste tão-só nisto (é simples, mas era preciso alguém ter-se lembrado dela): chega atrasadíssimo ao local onde se encontra o prisioneiro de quem deveria conseguir a confissão. Só isso. Esperam-no, por exemplo, às quinze horas. Passado o primeiro quarto de hora, o preso ainda está com a cabeça fresca, cheia de mentiras e de estratagemas, histórias falsas cujos pormenores batem certo, enfim, tudo isso...; ao fim de meia hora, a sua convicção começa a vacilar; ao fim de uma hora, já mistura tudo, já não sabe o que quer contar, já mal distingue a realidade da ficção, já está cheio de tiques na boca e nos olhos; ao fim de duas ou três horas, quando, por fim, aparece o detective Arminho, sempre com o seu ar atarefadíssimo, repetindo «Eh, pá, desculpem lá, desculpem lá...», o homem - ou a mulher, em resumo: o culpado - cai-lhe nos braços, com os nervos em franja, chorando imenso e gritando (suponhamos): «Confesso! Conto tudo! Fui eu, fui eu que mandei matar o meu marido! Mas a minha culpa maior não foi essa, foi ter contratado aquelas cavalgaduras para executar o trabalho, que só fizeram disparates. Disso é que não me perdoo, confesso, confesso, buaaaaaah!!!»

Temos, portanto, que o caso do «carnet» vai sofrer uma grande reviravolta. Arminho está apostado em arrancar a confissão ao culpado. A escola sabe do seu plano. Está nervosa. Ressente-se. As pessoas já não se olham nos olhos.

A própria Madame anda nervosa. Terá ela alguma coisa que ver com o misterioso desaparecimento do seu próprio «carnet»? Era o cúmulo. Mas, segundo sugere um tal Sherlock, os nervos de Madame são originados... pela ausência prolongada de tabaco. Minto! São provocados, ao que parece, pelo facto de poucos parecerem ter reparado que ela tenha deixado de fumar. (É, repito, o que insinua Sherlock-víbora). Madame tenta que reparem, é verdade, a propósito e a despropósito.
UMA COLEGA - Que frio faz hoje, ein?
MADAME - É porque as janelas estão abertas... para ver se o fumo se esfuma...
OUTRA COLEGA - Estes alunos estão cada vez pior. Acabo de pôr um na rua.
MADAME - Má solução. Eles chegam cá fora e desatam imediatamente a fumar.
MAIS UMA COLEGA - Preciso de falar com a elasticada, mas vejo-a sempre a cem à hora. Se a agarro...!
MADAME - ... Cigarro? Queres um cigarro? Não te posso ajudar, porque, olha, eu cá...!
AINDA UMA COLEGA - Estou farta das medidas do ministério. Já não tenho saco.
MADAME - Tabaco!? Já não tens tabaco? Mas não te posso ajudar, porque eu já... eu já...

Madame até pensou em mudar as lantejoulas que traz nas calças, formando as palavras «Keep hands off!», para «I'm free! I don't smoke!»

Arminho vai levar tudo isto em consideração. Anda a trabalhar no caso. Podemos perfeitamente vê-lo a trabalhar no caso. Ou melhor, quase nunca o vemos, sinal de que anda a cumprir escrupulosamente o seu método: chega atrasado, chega atrasado!

04 março 2007

UM MISTÉRIO COMO NUNCA SE VIU NADA ASSIM: EPISÓDIO TREZE

Ele foi o intenso desenrolar da fotonovela, avarias de monitores, logins fracassados, logins duplicados, irs para entregar, reuniões consecutivas, enigmas para decifrar; ele foi tanta irritação que os membros do blogue (braços, pernas, cabeças entre outros) e alguns dos seus fiéis leitores já quase se tinham esquecido que em tempos existiu um objecto basilar para a escola.
Certo é que o carnet de Madame continua desaparecido e não é à toa que é preciso retomar as investigações. Porque agora e só agora!, apareceu um documento inédito, em que é captado aquele que se supõe ser o último momento em que o carnet foi visto a ser escrito publicamente. E ainda dizem que não há coincidências! O momento, captado por distracção de ambos, carnet et Madame, foi tornado público no 7ºEpisódio da fotonovela. Pensa-se que o fotógrafo não terá sido inocente na obtenção de tal imagem, mas não há provas concludentes.

O assunto será alvo de intensas averiguações e atempadamente, será formada uma Comissão Secreta de Insígnes Inspectores – CSII.

Mas para já, convém situar a acção no momento em que foi interrompida…

Lara Croft tinha em mãos um sem-número de dilemas para resolver e este era mais um; precisava reunir com os cúmplices mas a Elástica não conseguia marcar um almoço capazmente; via-se, assim, sozinha com um terrível problema entre mãos, que depressa abriu para agarrar Simãozinho. Desde esse dia, não mais se preocupou com carnet nenhumde nenhuma espécie.
Era quarta-feira, instantes antes da reunião-das-quartas, reunião aprazada em jeito de novena à qual não se podia faltar e tomado duma fúria anormal, ZézéTótó vociferava e dava pontapés na máquina de café, que teimava em apresentar-lhe o café em copo de plástico. Havia um ano, pelo menos, que isto se repetia e ele já conseguia contar pelos dedos das mãos o número de nitrofuranos que já tinha ingerido à pala da máquina, já ia em nove. Doisberto teimava em clamar por Amélia para inserir a máquina no grupo do 319, mas o máximo que conseguia era que lhe dessem doses mínimas semanais de ritalina.
- Alguém do Ensino Especial à máquina de café com urgência! E não é para substituir ninguém!, gritava D.Pylar, enquanto rascunhava numa folha de papel vegetal o nome dos professores devedores ao bufete. – Isto tem que ser tudo muito transparente, por isso escrevo tudo em papel vegetal.
No topo da lista, Tété Freire já levava em dívida dois bolos, mas sem creme; desde que esta aderira à liga-das-amigas-da-maça-de bravo-esmolfe, Dona Pylar via o negócio mal parado, só salvo pela presença constante de Juju Simones, que mantinha vigilância apertada ao tabuleiro dos queques.
Intrigada pela presença inusitada de um anormal número de caras novas na sala de professores às oito e meia, Hadélia aposta na obtenção de pontos extra e veste o papel de relações-públicas, papel que desempenha na perfeição. Leva o papel tão a sério que chega a fazer voltas de reconhecimento à pista, digo, à escola, antes de as novas colegas começarem as aulas, o que não deixa de ser intrigante: ora se Hadélia já conhece a escola de trás prá frente, para que quer ela andar às voltas com as colegas? Desconfiará ela que elas são agentes infiltrados? Desconfiará ela que são elas que detêm o carnet de Madame?

O RAPTO - 7º EPISÓDIO




03 março 2007

NÃO QUERO INSULTAR: SÓ ESTOU A IMAGINAR UMA CENA A PARTIR DE UM ARTIGO DE JORNAL

Folheando o semanário Sol, detenho-me, a páginas tantas, numa fotografia de Marco Paulo. E penso: «Meu Deus! Quem diria que o esforço de atirar o microfone de uma mão para outra pode envelhecer assim um gajo!». Mas leio o título, o subtítulo, e estranho: «Secretário de Estado Irrita-se com Deputados Socialistas».

Irrita-se? Com socialistas? E porquê? Por causa do Marco Paulo?
Depois percebo. Enganei-me, aquilo não é a fotografia do senhor Paulo, é a fotografia do senhor Lemos. Algures, mais abaixo, posso confirmar:
«Valter Lemos berrou e atirou os papéis ao ar»; e mesmo: «Não foi um berro isolado.» (Está bem, um berro isolado seria ainda mais esquisito. Aliás: que raio podia ser exactamente «um berro isolado»!? Tipo «Ai!» ou «Ui!»? Ou «Auuuu!»? Mas não: «Gritou de forma continuada. Estava totalmente descontrolado. Os deputados ficaram estupefactos e preferiram continuar a falar como se estivessem perante uma pessoa no seu estado normal»).

Primeiro ponto: se os deputados ficaram «estupefactos» por verificarem que não estavam «perante uma pessoa no seu estado normal», isso é mais um sinal - e dos mais preocupantes - da total ausência de perspicácia dos nossos deputados; os professores, por exemplo, já não ficam «estupefactos» com quase nada.
Segundo ponto: «preferiram continuar a falar...»? É boa! Como foi isso? Continuaram a falar como se nada fosse, com o outro sempre aos berros (porque, já vimos, não se tratou de um «berro isolado», mas de «berros continuados»)? Ora aí está uma cena que me estimula a imaginação.

SENHOR LEMOS - PORQUE OS SENHORES SÃO TODOS UNS GRANDESSÍSSIMOS £%666% E EU ESTOU FARTO QUE ME DIGAM QUE...!
DEPUTADO NÚMERO 1 - Mas este tempo já não é o que era, pois não? Ora chove, ora seca...
DEPUTADO NÚMERO 2 - E o granizo? E o granizo? Não deram pelo granizo no outro dia? Aquilo é que foi granizar, pá!
SENHOR LEMOS (continuadamente) - E NÃO VOLTEM A CHATEAR-ME, VÃO MAS É PARA A §&». E O SENHOR É UM GRANDE FILHO DA 4§)##@ E DA »!£»=}
DEPUTADO NÚMERO 3 - Eu ontem fui à pesca com o Manuel Alegre. Quem já aqui foi à pesca com o Manuel Alegre, ponha o dedo no ar...
DEPUTADO NÚMERO 4 - À pesca não, nunca! Eu fui à caça, à caça, isso sim... passam-me o pratinho de amendoins?
SENHOR LEMOS - [Segundo o mesmo jornal, «amachucou os papéis e atirou-os ao ar numa atitude inimaginável e indigna para um governante»].

De toda esta cena, que eu imagino obsessivamente e me vai, com toda a certeza, tirar o sono, resta-me, ao menos, a esperança de que os tais «papéis» contivessem todas as ideias que o ministério contava aplicar proximamente. E que tenham ficado tão, mas tão amachucados, que se tornem inúteis: que já ninguém os consiga ler...

01 março 2007

O RAPTO - 6º EPISÓDIO















Acabou o tempo! Preparem-se!

O RAPTO - 5º EPISÓDIO

ZÉ ABREU: O SENTIMENTO DE AMOR-ÓDIO

Tenho notado uma certa paz no bló. Pelos vistos, nem a sô dona lula espanhola tem ido ao cinema ou ao bailado, nem o sô azul tem andado a descobrir mais pérolas de cultura no iutubo. Por outro lado, também o h. mamão parece ter sofrido um esgotamento cultural: deixou de escrever. Ora eu, que devia andar alegre como um andorinhão do deserto, começo a sentir-lhes a falta. É curiosa, esta sensação no estômago. Se não for azia por causa do chourição de uma sande que a dona Pilar me vendeu, é saudade. Está visto: o meu sentimento por esta gente da cultura é que deve ser o tão falado amor-ódio. Sem eles não existo, não vale a pena refilar, não tenho a quem chatear.

No outro dia estavam precisamente a sô dona espanhola e o sô azul sentadinhos na sala dos professores, a conversar. Bem. Era uma conversa que cheirava a cultura à légua. Não que, de onde eu estava, os ouvisse, até porque ando com o sonotone avariado, e só continuo a usá-lo porque vejo os miúdos todos com sonotones enfiados nas orelhas, presos por fios, e acho que me dá um ar jovem. Mas eu nem precisava de ouvir aquele par de intelectuais. Conseguia ler, nas suas expressões, coisas como «Glubenquiã» (que é uma palavra, como se sabe, formada de «Glub!», que é o som do respeitoso engolir-em-seco que todos os intelectuais devem fazer quando se referem a essa coisa), «Báque» (que é um músico que foi roubado por um tal senhor Salitre, porque estava sempre a gozar com ele), «Dostoievesqui» (que significa «santinho» em russo), «Mestre Visconti» (algum cozinheiro que eu não conheço), «Paula Rego» ou «Paula Fonseca»: enfim, tudo nomes de grande peso cultural! Ora eu queria pedir encarecidamente aos senhores que não guardassem essas conversas para os senhores. Que voltassem, por favor, ao bló. Inundem isto de cantilenas do iutubo, de críticas de balê ou de ópera. Que é para eu ter o que e quem criticar! Juro que se me fizerem este favor, pago aos senhores uma bifana na minha rulote. Uma a cada um, que não sou nenhum avarento. Mas atenção. Não é uma bifana qualquer, não senhor. Vão gostar. É uma coisa altamente cultural, que eu inventei de propósito para os senhores: chamei-lhes «Bifana Picasso».