27 março 2007

O ACIDENTE DE TRABALHO

- Isto é uma xunga! - vociferou o Capitão do Barco, na sua posição habitual, de mãos nos quadris. - Isto do blogue transformou-se mesmo numa xunga! É só gozar e dizer mal. Bolas...!
E continuou:
- Por que é que vocês não dão outro cariz a isto, pá? Um blogue de professores devia ser uma coisa cultural, cheia de substrato, sem piadas, aliás sem piada nenhuma, com uma vertente pedagógica bem vincada...
- Por que raio não fazes então tu um blogue assim? - perguntou-lhe Mimi.
- Ah, mas fazia, podes crer que fazia. Se eu tivesse tempo, era o que fazia, um blogue com uma vertente pedagógica bem vincada...
E arrancando, entretanto, um cigarro a um aluno com um tabefe: - Não me fumes à frente, pá, olha que eu é que te deixo a cara vincada. (Dá cá esse cigarro para eu o fumar quando não estiver ninguém a olhar). - [Pausa]. - Onde é que eu ia...? Ah, sim, um blogue de professores devia ser uma coisa com uma vertente pedagógica bem vincada. Que barulho é este???

Lá de um pavilhão longínquo, chegava-lhes um enorme estardalhaço, gritos de Ai! Ai! e uma voz berrando, com acentuada pronúncia beirã: Ai Jejus!
Correram. Entraram.
Fantasmadaopera chorava, derramado pelo chão, com uma enorme máquina de costura esmagadoramente pousada sobre o dedo grande do pé.
- Devia ter prestado atenção ao meu signo - lamentava-se.
- Que te aconteceu?
- Vinha ajudar a carregar esta máquina. Irra, que isto dói. Eu sempre soube que trabalhar não faz bem à saúde...
- E agora, chamamos uma ambulância? É que se entras de baixa... o que é que dizemos? Que houve um «Acidente de trabalho»!? Quem é que vai acreditar que um dedo do pé triturado por uma máquina de costura possa ser um «acidente de trabalho» de um professor do Ensino Secundário???
- Eh pá, não digas nada! Eu não quero o meu nome associado a máquinas de costura, pelo amor de Deus!
- Olha, pega lá nesta muleta. Vá, nós ajudamos-te...

Chegam outras pessoas, todas consternadas, todas perguntando, todas atropelando-se, todas surpreendidas pelo facto de o fantasmadaopera andar em volta de uma máquina de costura, todas querendo ajudar. Marius, prestimoso, carrega-lhe a pasta. Pedrão, que também gostaria de ajudar mas, de preferência, não tendo de levar demasiado peso, oferece-se para lhe transportar a caneta. Greenlight, que, como super-herói, não pode ficar atrás, insiste em levar-lhe alguma coisa.
Fantasmadaopera, sem mais nada que possa ser levado, sem mais necessidade de ajuda, balbucia, preocupado: «Deixa estar, deixa estar, greenlight, obrigado! Não te metas, pá, obrigado!»

Greenlight insistia, coitado. Se não havia mais nada, levava-lhe nem que fosse a muleta.
E arrancou-a bruscamente das mãos trementes de fantasmadaopera.

BADABAM!

- Ai ai
- Ai Jejus!

1 comentário:

Anónimo disse...

Máquinas de costura num pavilhão dito da "Construção Civil"?! Isto não joga. Ou a história está mal contada, ou a construção civil já não é o que era...