11 março 2007

Abreu lança confusão mundial

Gente habituada a momentos de grande desorientação relatava que nunca assistiram a tanta agitação. Tocavam telefones. Marcavam-se reuniões com carácter de urgência. O jet-seis, o jet-sete, oito e o nove e ainda muito provavelmente o jet-teso, discutiam o que quereriam dizer tais palavras. A Edite Estrela procurava em tudo o que era lado pelo esclarecimento de tão grande desconhecimento. O Infante até consultou o primeiro sem que esse, o próprio, conseguisse esclarecer. O Conselho de Estado foi convocado e nele até o professor confessou não saber porque não sabia o significado das palavras que o Abreu tanto procurava. Dos States chegou a tão grata solidariedade para atacar, ou raptar, em qualquer lugar do mundo, quem soubesse desvendar a grande preocupação do sempre e eterno amigo Abreu. Era tanta a confusão. Era tanto o desejo de uma pequena tradução que o mundo parou. Tal como numa outra literatura ninguém teve autorização para morrer. Surgiram os prémios. De França chegaram palavras motivadoras. Da Alemanha escutaram-se palavras que aguardam pela tradução. Suspenderam o lançamento dos foguetões, não fosse partir neles algum código escondido com o significado daqueles duas palavras que tinham despertado a curiosidade mundial. Curiosa foi a reacção na Austrália. De forma rápida ordenaram buscas nas bolsas dos cangurus. Até o Marsupilami, esse mesmo, o da banda desenhada, se disponibilizou para lançar uma grande busca. Vasco da Gama acordou e passou revista às naus ainda escondidas. Cabral, no Brasil, respondia que nunca tinha ouvido falar de tal. D. Duarte afirmou que mesmo no aeroporto quando tentou que um lambe botas da corte passasse à frente de tantos açorianos não tinha escutado nenhuma daquelas palavras. Desesperado Abreu anda a bater a todas as portas. Revoltado pela sua ignorância. Raivoso por não ter um cheirinho de cultura popular. Os eslavianos e Açorianos riam-se mas nem uma palavra. Açores todos se riam .. mas ninguém falava.

Sentado no sofá, folheando um romance de Vitorino Nemésio, já depois de ter sujado a mente ao ler uns poemas de Antero, de ter atirado para o chão os escritos de João Melo e ainda loucamente preocupado com o que tinha de vasculhar nos escritos de Natália,
Abreu estremece ao ouvir tocar o telefone. Será que descobriram. Será que me vou ver livre de tanta cultura. Com a curiosidade do tamanho de um mar, levanta a sempre enigmática peça do telefone e muito nervoso lança o tradicional está....


- É o Senhor Abreu
- Abreu sou, senhor ainda não tenho a certeza
- Ah! então já sabe o significado das palavras
- Quê? Não sei nada
- Mas acabou de...
- Nem comecei como posso ter acabado, diga lá......
- .........................................................
- Está, está.. não o ouço.. ainda está aí... diga lá o querem dizer tais palavras. Faça-se homem e diga lá
- ............................................................
- Bolas logo agora caiu a chamada

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