02 dezembro 2005

AS INVESTIGAÇÕES DE AUGUSTO GUERRA. CAPÍTULO VII: O VERNIZ COMEÇA A ESTALAR

Augusto Guerra não aguentava mais. Quando tudo parecia encaminhar-se no sentido de por ordem na barafunda que se instalara, tinha que ter aparecido o Guerreiro dos berlindes!
Aquele frenezim estava a perturbá-lo. Começava a sentir uma moínha na parte de trás da cabeça; parecia que estalava.
-Nem de propósito! Se tivessemos combinado nada disto acontecia! Oh Guerra sempre tiveste geito para os trabalhos manuais! Surpreendes-me com a tua polivalência! Mas escusavas de ter experimentado o craquelê na nuca. Que marca de verniz usaste?
Era Carmelina Rosalez que se aproximara com um banquinho na mão, para onde subiu de mansinho e lhe examinava a cabeça descoberta.
-Tens que ir a uma aula minha para os alunos verem como se faz o efeito de verniz envelhecido...hum...quero dizer... estalado...
-Boa! Só tu é que tens ideias destas! Cristina Nunes saca dum caderno de capa brilhante com muitos gatos colados, puxa duma caneta que tinha atrás da orelha e regista - mais uma ideia para as aulas de Área Projecto.
-Temos que tirar partido das situações mais ingratas; nem sempre é mau que estale o verniz. Vou pra casa planificar esta actividade, faço uma tabela, que é mais fácil pra ler e amanhã dou à Céu Castanheira pra por no dossier, pensava.
Carmelina afastou-se rapidamente; tinha que comer uma maçã. O médico foi bem preciso nessa questão da alimentação. "An apple a day keeps doctor away".
-Alguém viu o cromossoma X? Isto é muito grave, têm que me ajudar! Temos que o encontrar rapidamente. A humanidade está em perigo! Isto não é um problema da escola, é da humanidade! - é Clara Anunciação, que atravessa o pavilhão em passos largos, com ar de quer perdeu qualquer coisa.
-Procurem nos bolsos da Mariana Alicate! Diz Nelson Carreto.
-Tás t'a passar dos carretos? Isso não é coisa que se meta ao bolso! Humf... Pois e vocês aí especadas?! Ponham-se praí a fumar e depois queixem-se.
Pela rampa do polivalente descem as Três Adelaides, quais Três Graças companheiras e aias de Afrodite, ainda combalidas e mal refeitas do tralho que deram graças aos berlindes do Carlos Guerreiro. Adelaide Pereira não se conformava; tentava a todo o custo soltar os braços das outras duas Graças, digo, Adelaides, para ir a correr à MultiOticas arranjar os óculos. -Já não deve haver brancos, tou mesmo a ver...Devem pensar que eu não tenho mais nada que fazer...
Por fim o chefe Lucas em parceria com Augusto Guerra (que as parcerias das aulas e Área Projecto não se confinam às salas de aula) consegue reunir os presentes e encaminhá-los para a porta.
É aí que surge outro problema inesperado: D.Cristina entra disparada no polivalente, tão poli quanto valente e vocifera: -Falta um professor no pavilhão A! Está alguém para uma aula de substituição?!
(CONTINUA)

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