04 dezembro 2005

OS PROFESSORES AO ESPELHO (II)

Os professores têm, ou «tinham» - ou, enfim, tiveram alguma vez um excesso absurdo e inaceitável de regalias?
Penso que não. Mas sou um professor: suspeite-se da minha resposta.
A pergunta essencial seria: por que se criou, na sociedade, essa imagem do professor inchado de privilégios, que falta constantemente às aulas, que pouco faz, que goza longas e frequentes férias, mais uma folga semanal e que, no meio desse doce «farniente», vai liquidando as novas gerações de jovens, criando analfabetos da língua e dos números, nada conseguindo para combater eficazmente a tragédia? Onde bebe a sociedade essa triste imagem do professor, que o governo e o ME não fazem senão aproveitar e explorar demagogicamente?
Vai bebê-la, por um lado, já o vimos, à incompetência de alguns. Mas não só. Subjaz a toda esta interpretação uma comparação injusta que os não-professores espontaneamente fazem: a comparação entre o seu próprio tempo de trabalho (sejam eles mediadores de seguros, vendedores de automóveis, industriais de panificação, médicos ou jornalistas) e o tempo de trabalho de um professor, cuja actividade implica uma permanente exposição perante jovens, o exercício da autoridade em períodos de desautorização generalizada, a responsabilidade da instrução, da formação, da educação. Implica lidar com turmas numerosas, enfrentar desvios e uma revolta latente, sempre prestes a manifestar-se e lidar com dificuldades de aprendizagem com múltiplas causas, que derivam, em grande medida, da democratização do ensino. Não que se trate da profissão mais «difícil» - mas a sua natureza específica exige que nos lembremos deste pormenor: noventa minutos de uma aula é um tempo de esforço e desgaste a vários níveis. A isto acresce - e os professores lembram-no amiúde, mas não são tomados a sério - que a leccionação de cada aula é suportada por um trabalho profundo e invisível: na escola, em grupo, e em casa, a sós. Esse trabalho de bastidores, que é contínuo mas ninguém vê, nem se mede, nem se contabiliza, faz do professor um profissional em constante exercício da profissão. Mal pago, proletarizado, desautorizado pelo ministério, desrespeitado pela sociedade, olhado como o que não soube fazer mais nada (Conversa ouvida no autocarro: «Já estás a trabalhar?», «Não! Ando a dar aulas...»), o professor parece sempre dever qualquer coisa. Da parte dos não-professores é alimentada uma espécie de inveja por tudo o que, nesta classe de serviçais inferiores, parece uma regalia. Penso, pois, que um outro aspecto da má imagem social que temos se deve a isso: a uma inveja social, corporativa, que é o outro lado do desprezo: tudo o que temos é percepcionado como sendo de mais para o pouco que nos vêem fazer.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sabem uma coisa? eu acho q as aulas deviam ser duras!!!
Deviam meter os putos numas jaulas induviduais (com grades e tudo) e os profs (com chicotes e instrumentos q inferem dor) gritavam com um megafone nos ouvidos deles: "Agr só sais para comer,beber, e urinar quando soberes a fórmula resolvente de cor e souberes resolver sistemas de equações do 2º grau!!!" isto tudo a gritar violentamente e supondo q era uma aula de Mat. Numa aula de Fil, por exemplo: kual fzr desenhos??? kual ler o livro n sei kauntas páginas é frente e tar-se a burrifar para o q o stor diz?? Td mazé a ler a Alegoria da caverna COM AGRADO!!! Isso sim eram aulas de jeito! Se fosse Area de projecto (q é a debandada total) era meter-lhes um livro de 254 páginas á frente e resumir akilo para 4 pág, e 27 linhas com letra a tamanho 11 e TimesNewRoman. E tinha q ter uma capa de jeito e N PODE CONTAR PARA A NUMERAÇÃO DO ÍNDICE!!!
Na minha opinoão devia haver uma reformulação das aulas e se alguém protestasse ERA METÊ-LO NUMA JAULA A FZR EXERCÍCIOS DE SISTEMAS DE EQUAÇÕES (e com chicotadas pelo meio)
MUAHAHAHAHAHA