E com mais um arriscado episódio, que nos leva de regresso à escola, o guionista lança-se resolutamente para a morte. (Só espero que haja blogues na outra vida). Ok. pessoal: câmaras, luzes, ACÇÃO!
Lucas, o bem-amado chefe, que, se bem se lembram, fora esbofeteado por uma enfermeira, retirou-se, de rabo entre as pernas, sem saber o que fazer, interrogando-se acerca de que diabo teria ela percebido.
Nesse momento, pela janela gradeada, apercebeu-se de que se aproximava, em passo ligeiro, Paulinha Varela, que o vinha visitar. Trazia um rabo-de-cavalo que lhe repuxava o cabelo violentamente para trás, como uma dessas artistas circences que se dependuram do tecto pelos cabelos presos por grossos cabos. Vestia uma espécie de toga em linho indiano e umas botas novas, todas catitas.
- Paulinha, ainda bem que vieste, ainda bem que vieste!
Mais tarde, Lucas explicava a sua ideia a Paulinha Varela, que o escutava, entre o surpreendida e o comovida.
- Percebeste, Paulinha? Tens de falar com a Octopeia. Só ela te poderá dizer o que fazer para travarmos de uma vez por todas o plano a Madame.
Foi com algum nervosismo, temerosa, que Paulinha Varela, nessa tarde, se dirigiu, já na sala dos professores, à inefável e infalível Octopeia.
Paulinha Varela - ... E eis o que sucedeu. O Lucas pensa que se não agirmos, tudo se transformará em algo... em algo...
Elisa- E tem...
Paula - ... toda a razão...
Vera- ... se não agirmos...
Assunção - ... tudo se transformará em algo.
Elisa- Aliás, mesmo se...
Paula- ... agirmos...
Vera- ... tudo se transformará...
Assunção- ... em algo. Mas adiante.
O primeiro passo, segundo a Octopeia, deveria ser executado por duas personagens que o destino viria, afinal, a juntar, e mais rapidamente do que se esperava: Dolores e Cara Danjo.
Dolores, que Paulinha procurou de imediato, e que encontrou regando rosas, percebeu o alcance da incumbência.
Cara Danjo, que estava no polivalente, só conseguia perceber, com as pernas frágeis, o coração acelerado, que o estavam requisitando para uma missão - em conjunto com a mulher que amava! As mensagens que encontrara no bolso (a de Urbanoc e uma que, a um olhar desentendido, pareceria um simples talão de uma lavandaria) bem tinham previsto. Ele não percebera logo: era, afinal, isto!
Deveria distrair, entreter Madame, enquanto Dolores, a «ileita do çeu kurassão», penetrava no palácio medieval, procurava a máquina transformadora de professores em réplicas de Madame, e a destruía.
- Atão - preocupava-se Cara Danjo - çe pur akazo a dona madame rezolver voltar pró çeu palhaço mediaval, eu fasso 1 çinal. açubiu por izemplo. não açubiar não dá. olhe kanto o lá em sima tá o tiroliroliro tá bem. já çabe. çe ôvir o lá em sima tá o tiroliroliro eskondasse logo. [Tradução para a Abelha Maia: «Se, por um funesto acaso, Madame regressar repentinamente ao seu palácio medieval, eu far-lhe-ei um sinal. Assobiarei, por exemplo. Não, assobiar não seria boa ideia. Olhe, cantarei o «Lá em cima está o tiro-liro-liro», está bem? Já sabe. Se ouvir o «Lá em cima está o tiro-liro-liro, esconda-se logo».]
Não foi difícil desviar Madame.
Cara Danjo levou-a mesmo a revelar o seu segredo:
- o kê?[Como diz?] - surpreendeu-se. - uma mákina k trãsforma todos os prufeçores em madames? tá doida! [Uma máquina que transforma todos os professores em réplicas suas? Está mal da cabeça...]
- Não me chame doida! Não me chame doida! - empertigava-se a senhora.
- pesso deskulpa. é k axei k me tinha dito k tinha 1 mákina k trãsfurmava os prufeçores em madames! [Lamento. É que supus que me houvesse dito que possuia uma máquina que transformaria os professores em réplicas suas.]
- Izatamente, perdão, exactamente!
- tá doida. [Está mal da cabeça]
- Não me chame doida! Não me chame doida!
Mais para o fim da noite, Madame já o tratava por tu e lhe abria completamente o seu coração:
- E há muitos exageros. Falam tanto sobre mim, mas não me conhecem. Falam sobre o meu feitio, mas não sabem nada. Eu, que até sou uma mulher que gosta de obedecer. Espantas-te? Sim, sim, sim, não o negues, confessa que te espantei. Pois é como te digo. E mesmo com o Lucas, mesmo com o Lucas, sempre me senti bem a obedecer às suas ordens, até porque, no fundo, era eu quem lhe mandava dar aquelas ordens...
(CONTINUA)
3 comentários:
esta foi de mestre sintoma, 1 tesouro com o respectivo mapa indicando o percurso,jamais o teria encontrado se nao desses pistas!ah, a tradução foi fundamental pq andava ali 1 bocado às aranhas para perceber kual era o sinal!fui clara?mto ou pouco...
e deves ter 1 fonte de inspiração inesgotavel pq a tua produção não pára é quase em série...estou farta de zumbir para te imitar mas cada x estou mais meluosa e impossibilitada de voar!
estive a meditar 5m, reli o episódio cuidadosamente e parece-me k houve 1 sessão de confessionário aí para os teus lados,não??!!
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