Os canídeos estavam como que pregados ao chão, assustados pelo estrondo. Como se o susto não bastasse, a sua intuição natural dizia-lhes que a qualquer momento poderiam levar um safanão no traseiro. Limitavam-se a rosnar, timidamente, reservados.
Lentamente, a escola ganhava vida, interrompida que fora por instantes; desde que o aeroplano caíra, a escola silenciara. Mas alguém, teimosamente, deambulava pelo espaço, observando o desenvolvimento dos amores-mais-que-perfeitos que desabrocham com a primavera.
- Xô xô xô! Va vá! Vamos embora daqui. Tu, ó farrusco, não apareças aqui mais, ouviste?
-Falou para mim, chefe?
-Ahm ahm ah, tás aí?! Hum, desculpa tava a enxotar esta canzoada. Não há desgraçado que não venha cá parar. E eu até sei de quem é a culpa…
-Não me meta nisso, chefe, eu eu eu… estou só a fazer o meu melhor. E além do mais tou aqui todo torcidinho. Ajude lá a tirar esta asa de cima de mim.
-Bem, vamos embora a despachar. Temos que fazer o levantamento dos estragos provocados por isto que aconteceu aqui hoje. Vou nomear uma brigada para fazer isso.
O sr Cordeiro balbuciou qualquer coisa ao chefe, mas ele continuou o seu caminho em direcção ao bunker central cuja escotilha estava bloqueada por um batalhão de funcionárias, (a ver pelas risquinhas das batas) e que repetiam “está ocupado, não vê a luz vermelha?”.
De ente elas, Sãozinha tinha sido a escolhida para accionar o botão que mantinha o sistema intacto, a cada 90 minutos; não podia abandonar o seu posto sob o risco de se perder a ligação à realidade.
-Soutôr, se calhar era melhor chamar os bombeiros. Ainda há aí umas réstias de fogo.
-Não é preciso, aí vem um.
-Oh soutôr, não vê que é o senhor da telepiza?
-Hummm… humpf…
Joãozinho Hiperactivo, Mada Branquinho, Marius Souselas, Jo Cor-de-caça, Lenita Matoso, Kiki Delgadinha, Cris Elasticada e Chachão Baptizado reaparecem entre a folhagem e conseguem reunir-se; a custo, alguns com escoriações, mas (re)unidos. Vêm todos de mãos dadas. Entre tantos mistérios que os assombram, uma descoberta importante é feita: a de que existem mais sobreviventes na escola. Lentamente vão descobrindo também que também que o perigo está em cada esquina e que não devem confiar em ninguém pois até os heróis têm segredos.
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