26 fevereiro 2007

DRA. RUTH ENFRENTA UM PROBLEMA DELICADO

Querida Dra. Ruth:

Sempre me ensinaram que há três coisas na vida com que não se deve brincar: o profeta Maomé, a questão do aborto e o Estatuto da Carreira Docente.

Quando Maomé era criança, claro, gostava muito de brincar, mas nunca, nem nessa altura, admitia que os outros meninos brincassem com ele. Maomezinho tinha de ser sempre o líder de todas as brincadeiras e, na verdade, as demais crianças limitavam-se a assistir; já em relação ao tema do aborto, lembro-me de ter uma vez comentado, com um leve sorriso: «Os adeptos do "Não" são de uma educação irrepreensível. Já repararam que nos seus cartazes nunca vem simplesmente "Não", mas sempre "Não, obrigada"!?» - e de que uma rapariga de óculos e sandálias, que me acompanhava, me repreendeu com grande severidade, como se fosse desatar a chorar: «Como é possível brincares com assuntos tão sérios???». Por fim, eu é que acabei chorando perante tamanha manifestação de insensibilidade - a minha própria insensibilidade...
Resta, portanto, o Estatuto da Carreira Docente. Bem gostava de o levar a sério, mas já leu aquilo? É uma brincadeira. Uma brincadeira de muito mau gosto e trágica. Assim, uma vez mais, terei de desatar a chorar. (A rapariga de óculos e sandálias, que também é professora, compreende-me. E consola-me. Com palmadinhas. Fortes. No traseiro, que é a única coisa que realmente me consola. Esse é mais um dos meus problemas, mas mencioná-lo-ei noutra ocasião, Dra Ruth, sim?).

Para a ministra, claramente, os professores não são como o profeta Maomé. Para ela, há que ridicularizar, enxovalhar, humilhar. Pior do que brincar com eles: há que brincar à sua custa.

E é por isto, Dra. Ruth, que lhe escrevo a expor o meu problema. O qual irei, finalmente, passar a descrever. É o seguinte: como me ensinaram que havia tantas coisas com que não posso brincar, aproveito o Carnaval. Sou um verdadeiro folião. Mas gosto muito de me mascarar com roupa da minha mãe. Será grave???

Um Folião que não sabe que fazer diante do ECD



Querido folião:

O meu amigo tem, sem dúvida, um problema, mas não é gostar de vestir-se de mulher no Carnaval (isso não chega a ser um problema, é só uma pancada, que, aliás, afecta 99,9 por cento dos portugueses). O seu problema é mesmo o ECD. E a solução... olhe, tem de marcar uma consulta, que eu digo-lhe tudo. Espero ter ajudado. Sabe, gosto muito de ajudar.

Sua,

Dra. Ruth

1 comentário:

Anónimo disse...

Achas que quem inspirou a D. Lurdes foi algum fundamentalista islâmico? A ser assim, se os constitucionalistas não conseguirem demonstrar as ditas inconstitucionalidades do ECD, creio que podemos sempre chamar as brigadas anti-terroristas.
E vai haver mortos e feridos: sabiam que se desde 2000 a 2007 tiveram a "felicidade" de ter 9 faltas por ano (porque lhe morreu um familiar, esteve preocupada a parir ou a dar assistência aos rebentos, ou simplesmente meteu uns dias por desconto do período de férias- qualquer falta ou licença é contabilizada)não conseguem perfazer a pontuação mínima de 60 pontos e serão "não aprovados" para professores titulares?!... E esta, hem?!