11 fevereiro 2007

A MINHA CARTA DAPRESENTAÇÃO

Eu não conheci os meus pais geológicos. Fui adaptado muito cedo. Mas descobri sozinho que era uma criança adaptada porque sempre achei estranho aquilo de os senhores que me criaram serem todos do Benfica e eu ter tido sempre uma inclinação para o spórtein. Isso e um sinal no imbigo que os senhores que me adaptaram não tinham. Era por força herditário. Uma coisa que também sempre me fez espécie é este nome que eu tenho; descobri que a minha mãe geológica era uma mulher fina, que teve um azar na vida e que desse aconchego nasci eu; ela deu-me o nome do meu avô, que era francês, ascendente de Lancelot. Dizem que lhe devo o meu carácter guerreiro.
À medida que me fui fazendo homem, passei por muitos serviços. Mas nunca cheguei a ficar afectivo em nenhum. Usavam-me e depois mandava-me embora sem me chegarem a pagar os radioactivos.
Também mudei muito de casa. Por fim, instalei-me no Dafundo, numa casinha germinada que estava para rendar; reparei nos escritos nas janelas quando ia no altocarro; a casa é muito engraçada e até tem um quintalzinho à frente. O que vale é que não sou suprasticioso, se não não me atrevia a ficar ali, no númaro trelze.
Sempre gostei de ter um quintal; uma vez, aqui à atrasado, morei numa casa que dava para um terreno baldio. Ainda meti os papéis na Cambra, mas não davam lincenças para obras. Foi então que decidi contratar um trolha, que tinha um contrapila, para arrasar com aquilo. Foi dos diabos, porque depois tive que pagar uma porrada de aérios, à Cambra e mais ao trolha, isto fora as alcavalas. Mas fiquei com um espaço jeitoso, onde montei um estendal que usava todos os dias para secar o fato de treino e os tenes, ao fim duma hora de corrida.
Este sítio onde eu morava era muito engraçado; ficava ao lado dum stander de altomóveis que só vendia espadalhões. Eu gostava de estar à janela a espreitar o movimento; um dia houve um gajo armado em fanjo, que saiu de lá montado no seu espada, acabadinho de comprar, pôs-se a acelarar prego a fundo e já não conseguiu controlar a rotunda. Foi parar ao hospital, feito num oito, e de nada lhe valeu a presunção, aquilo deve ter-lhe servido de ementa.
Na minha rua havia uma pastelaria onde eu ia todos os dias matar o bicho e empanturrar-me de bolas de berlinde. Até fico com água na boca só de pensar nelas. À noite ia jantar a uma churrasqueira que tinha uns frangos do catatau, mas depois de aparecerem os nitrofurados, deixei-me disso; agora só janto um caldinho ou uma hamburga num papo-seco e com selada.
As minhas colegas já me disseram para não abusar das hamburgas, porque fazem mal ao castrol; mas eu tenho cuidado com a saúde, todas as semanas vou medir átenção e registo os valores num cartãozinho que me deram na farmácia.
Enfim, depois de muitas mudanças na vida, posso dizer que agora já vejo a luz ó fundo do tónel. E isto porquê? Pois porque encontrei um trabalho em conta, que o Mistério da Educação apoia a cem percento. Sou o inventor do TLEBS. Há quem pense que aquilo não vai ávante. Erro. Garanto que vai, pois sou muito respeitado lá no Mistério. Tenho lá um cacifre e tudo.

1 comentário:

Abelha Maia disse...

ó lançadote, tu tens carradas de razão, aquela inducação é 1 mistério!!!!!!