27 fevereiro 2007

O JOGO DA MISÉRIA

E patati patatá, e mais isto, mais aquilo: ora bolas, é sempre fácil dizer mal do ministério, da senhora ministra, do senhor guedelhudo, do senhor calvo.

Vai daí, a dona Lurdes, sempre atenta e, coitada, ansiosa por mostrar aos professores que só pensa em enriquecer-lhes o lado lúdico da profissão, decidiu transformá-la num jogo. É só isso! E ainda se queixam? Com um jogo destes, repleto de emoções, surpresas, empurrões e penalizações?

INSTRUÇÕES:

O grande objectivo é que cada jogador passe por uma série de metamorfoses, até se tornar numa espécie de semideus, um poderoso TITULAR. Uma vez atingido o fim, é mesmo o fim: o feliz jogador pode abandonar a partida: é tempo de se reformar.

a) Cada metamorfose oferece pontos. (É, aliás, na história dos pontos que melhor se percebe o carácter lúdico de tudo isto. Aaah, os pontos, os pontos! Já repararam como certas jogadoras ficam nervosas quando não têm um «high score»???) Mas o mais excitante é que cada metamorfose fornece pouquinhos pontos. (Se assim não fosse, a brincadeira era rapidinha, não tinha tanta piada!)

b) Exemplos de metamorfoses: O Executor (espécie de Schwarzenegger), o Coordenador (espécie da pau para toda-a-obra), o Fura-greves...

c) Há ainda outras metamorfoses possíveis mas que, na economia do jogo, representam caminhos errados, becos sem saída, desvios inúteis. Vejamos: ser qualquer coisa tão óbvia como um «bom professor» - simplesmente um bom professor, exigente consigo próprio e com os alunos, capaz realmente de ensinar e com grande gosto nisso. Para quê, senhores??? Para que serve isso? O que se aprende antes de mais neste jogo, é que ser um professor profissionalmente bem-sucedido não tem nada rigorosamente que ver com a qualidade e a competência... como professor!


MAS MUITA ATENÇÃO:

O jogo é subtil. Há, aqui, algumas escolhas difíceis de fazer:
Nem tudo o que parece bom é realmente bom; o jogador deve estar atento: por exemplo, deve escolher entre alegrias momentâneas e a alegria final. Eu explico: sofro do coração, estou quase a bater a bota, tenho de ser operado. Na perspectiva da ministra, é claro que isto é, no imediato, para qualquer docente, uma alegria. Porquê? Porque ele vai poder faltar, que é o que apetece sempre a todos. Ou então, morre o pai do professor. Já se sabe: no imediato, não há dúvida, isto é uma grande alegria, porque o professor vai poder faltar, que é a única coisa que lhe apetece fazer. Ou então, o professor tem de acompanhar os filhos doentes, ficar com eles em casa, cheios de febre: tudo alegrias, é claro. Só que estas alegrias imediatas devem ser cuidadosamente evitadas, se se trata de um professor empenhado na grande alegria da sua vida: tornar-se, afinal, um TITULAR. Portanto, se adoecer, ou se lhe adoecerem, se lhe morrerem ao pé, se ele próprio morrer, deverá, mesmo assim - ir às aulas. Um dia será um TITULAR. (Ou não).

Parece giro ou não? Hein?

3 comentários:

Anónimo disse...

Só não percebi se se joga com um ou dois dados, e se pode escolher a cor da marca ou peão...

Anónimo disse...

Esperem lá!
Mas quem é que é aqui o Mister seleccionador dos Titulares?
Os que ficarem no banco durante o jogo, perdem pontos?
Podem os jogadores serem vendidos para outras selecções?
Quem detém o passe do professor?
Pode-se descer de divisão, no final da temporada?

Sindroma disse...

Ó picuinhas, não te preocupes com os dados. Não é o jogador que os lança, é o Destino, também designado, entre os antigos gregos, por Moira e, entre os professores que se vêem gregos, por dona Lurdes!!!