Atendendo ao momento actual, seria provável encontrar por aqui uma chusma de posts defendendo, criticando ou simplesmente opinando sobre o objecto do momento. Ninguém escreve nada e eu atrevo duas hipóteses: as pessoas não têm opinião ou, pior!, não se quererem comprometer. Descobre-se agora que afinal existem milhões de entendidos no assunto que não se inibem de manifestar em artigos que se reproduzem em catadupa; em todos os lugares menos neste. Assim seja.
O objecto sobre o qual o mundo gira é um telemóvel. Um desgraçado telemóvel, colocado no topo da hierarquia dos objectos indispensáveis à sobrevivência dos jovens. A teoria que mais se encontra é aquela que é contra o seu uso na escola. Não havendo muitos meios de controlar a praga, poderá a escola invistir no equipamento que simplesmente os desactiva enquanto dentro do espaço escolar. Sim, existem soluções. O método já é usado em algumas salas de cinema e há até padres que querem instalar este sistema nas igrejas.
Deste modo, já não corria o risco de me suceder outra cena destas, que teve lugar na última aula antes das férias. O telemóvel da Bá tocou e ela atendeu, dobrando-se para eu não ver. Teve azar, porque eu estava mesmo ao lado e mandei-a sair da sala. Entretanto, Bá não quebrou o diálogo e foi dizendo de telemóvel na mão: "- Espera aí um bocadinho que a professora está a chamar-me. Olha, estás a ver? Por causa de ti agora fui para a rua". E saiu, despreocupadamente, continuando a conversa enquanto arrumava as coisas e atravessava a sala, porque sabe que não é por isso que vem algum mal ao mundo.
Claro que a Bá vai passar de ano apesar de nos desafiar e aos pais continuamente, chegar atrasada todos os dias e a todas as horas; ir à casa de banho, não voltar, abandonar os materiais na sala e passadas duas aulas perguntar: "então, professor, não me trouxe os livros?". Certo, Bá, a nossa paciência é inesgotável, podes contar com ela.
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