Nas minhas últimas investigações, senhora ministra, descobri que há, na escola, um novo professor, que não é verdadeiramente um professor. Quando apareceu, com a sua cabeleira branca, desgrenhada pelo vento, exactamente como a do busto do Beethoven que a sra. dona Canavilhas tem em cima do seu piano, pensei: Vê-se mesmo que é músico! Quem diabo quer ele enganar? Ao Gaspar não engana ele!
Tenho reconsiderado. Vejo-o constantemente a escrever. Começo a perceber que o homem não é músico, é escritor. E dos bons, que não descansa um momento: escreve, escreve, escreve. No outro dia, espreitei-lhe por cima do ombro. Suponho que seja um romance. O título é «Participação ao Director de Turma»; e principia assim: «O aluno pregou-me uma rasteira...»; é um romance moderno, minha senhora. Parece que tem palavrões!
A outra investigação é acerca do excesso de utilização dos computadorzecos da escola. Ontem, minha senhora, todos os computadores da sala de professores, mas todos, todos, todos, tinham um único utilizador (que nunca termina a sessão, portanto). Username: alpirraça. Não houve um único que lhe escapasse. Sentava-se neste, protestava com aquele, dizia que o outro não funcionava, tentava em mais um. Repito, minha senhora: nem um lhe escapou.
Os meus respeitos,
Um seu criado,
Gaspar Olhovivo, Detective ao Serviço do Ministério.
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