16 dezembro 2010

O RAMBO

O Rambo, como todos sabem, deixou de fazer filmes há bué de tempo. Um dia, foi ao seu banco e descobriu que não tinha dinheiro, apenas uns papéis que diziam ter direito a lucros avultados de investimentos de alto risco, que deram para o torto. Fora tramado pelos seus amigos!... Sim, que aos inimigos ele tinha-lhes feito a folha.
Desorientado, quando um desconhecido seu compatriota,lhe disse que em Porugal qualquer estrangeiro conseguia viver com um punhado de dólares, achou que seria uma boa ideia vir para este país cheio de sol e de pessoas simpáticas.
Chegado a Portugal, dotado de um perfil altamente atlético (cortou o cabelo),foi trabalhar para o Holmes Place, como personal trainer.
Tudo parecia correr bem até ao final do mês. Aí, descobriu que só lhe pagavam consoante o número de sócios pagantes e não utilizadores dos serviços. Contas complicadas de fazer: 1º porque nunca foi bom em Matemática; 2º porque nunca lhe diziam quantos eram os tais sócios que lhe pagariam o seu salário, e quanto era descontado a si próprio pelo uso das instalações e equipamentos. Quer dizer, pagavam-lhe, quando lhe pagavam, o que muito bem queriam e lhes apetecia (Tinha um contrato individual de trabalho, cheio de letras pequeninas, onde tudo isso era explicado em dialecto advoguês).
Um colega de trabalho disse-lhe, confidencialmente, que fizesse como ele e arranjasse um 2ºemprego: "Por exemplo, eu estou a trabalhar numa Escola, como guarda-nocturno"
Grande ideia, como é que ele ainda não tinha pensado nisso?!
Muito perto do Holmes Place onde trabalhava, há uma Escola. Dirigiu-se lá e, com toda a facilidade, conseguiu também um lugar de guarda-nocturno. Trabalho fácil: não havia aulas à noite, havia uns sofás muito geitosos para descansar, internet grátis, televisão, uma colecção de dvd's...
O que aparentava ser "canja", veio a revelar-se uma fonte de pesadelos. Rambo começou a perceber que tinha medo do escuro. Aquela escola não tinha iluminação exterior. Em cada sombra, penumbra, escuridão começou a ver assaltantes, entes indescritíveis (até porque não os conseguia ver), ameaçadores... Enchia-se de suores frios, tremia, escondia-se na guarita da entrada e fechava a porta à chave. Só sossegava ao amanhecer, quando finalmente, conseguia sair e fumar um cigarro.
Aquilo não podia continuar! Não tinha passado sequer uma semana, dirigiu-se ao Director da Escola, implorando que lhe atribuísse um trabalho mais diurno, até porque havia outro guarda nocturno que adorava dormir na marquesa do posto médico.
Olhando para aquele latagão, o Director condoeu-se e achou que um papel que o Rambo podia desempenhar bem era o de segurança. "Pois que assim seja: passa a controlar as entradas e saídas da Escola"
Rambo respirou de alívio, e afiançou que esse serviço ele cumpriria como ninguém.
Ó ilusão! Bastou fazer o 1º intervalo das 10h para perceber que nunca poderia combater contra tantos. Eles saíam aos magotes. Os miúdos do básico olhavam-no de alto a baixo, e nas suas barbas, clamavam para o colega que estava de fora."Eh pá, passa aí o cartão para abrir a porta!"
Então, só lhe restava fazer uma coisa em que era bom: camuflar-se. Desde essa altura,o Rambo, quer esteja ou não, nunca se dá pela sua presença.

2 comentários:

Ana C Marques disse...

Quer isto então dizer que para além de UM boneco de cera, agora temos DOIS bonecos de cera?!

Abelha Maia disse...

qq dia podemos fazer concorrência ao Madame Tussaud's...