29 janeiro 2011

QUERIAM O QUÊ? UMA CONTA DA PANDORA?

Luci-Lima estava a perder as estribeiras. Tinha um duplo pai sentado à mesa redonda ia para duas horas e não sabia como ver-se livre dele. O pai, que era ao mesmo tempo pai de um filho e pai de santo voltava sempre a um assunto que ela sabia de cor porque repetia tudo o que de véspera lhe tinha dito ao telefone. O pai era insistentemente chato mas tinha uma voz maviosa; apenas por isso ela ainda não tinha dado um murro na mesa.
À beira de um ataque de nervos estava o gato Zorbas que, curioso como qualquer gato vivo, corria a cada cinco minutos por cima de tudo o que era cadeira, mesa e instrumento musical para a portaria, vulgo pbx, para ser o primeiro a receber o presente. Não estava ninguém, havia sido alarme falso. De cauda descaída e bigodes murchos, retornou ao seu recanto, repetindo "Ai valha-me um burro!"...
Indiferente a tudo isto, O Presidente adicionava uns pontitos ao regimento da CCAD; hesitava entre o ponto final e o ponto de exclamação, agora em desuso, meneando a cabeça ora para a esquerda ora para a direita a ver qual ficava melhor. Madame queixava-se à Pascoela da dor da cabeça que o voltear de Luci-Lima e de Zorbas lhe provocava, muito pior que qualquer arrombar de cacifo.
O sonho começou a desabar quando dona Frita entrou com a informação: estava o desejado senhor com uma pasta, no pbx, para fazer a entrega de um presente.
Na escola bebia-se muita gasosa, iria haver uma recompensa pelos extraordinários lucros; havia uma oferta para cada membro da direcção. Os nervos estavam à flor da pele, Zorbas rasgava as caixas com os dentes, Luci-Lima tomava um calmante...

Cada elemento recebeu uma tampinha de plástico verde com um fido-dido em cima...

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