Blogue da Escola Secund�ria de Linda-a-Velha
Portugal tem, é claro, uma deficiência grave, antiga, asfixiante. Um dos aspectos desse mal português é, penso eu, o nosso embaraço perante o elogio - quer se trate do elogio que alguém nos faça, quer do que deveríamos fazer a alguém. Não falo da lisonja - lisonjeamos facilemte o chefe, o mais rico, o que está por cima, para ver se nos caem migalhas. Falo do elogio sério, sincero, rigoroso. E a escola torna-se, por várias razões, um lugar onde essa dificuldade - essa «neurose» - mais se manifesta. Não costumamos elogiar os alunos. Reconhecermos, por exemplo, que alguns são especialmente bons, soa-nos mal, como se estivéssemos a descriminar os outros, como se temessemos gerar mal-estar ou inveja. Mas também entre colegas-professores, o elogio nunca é natural nem espontâneo: criticamos imenso (fazemo-lo por tudo e por nada, com e sem razão), mas custa-nos dizer cara a cara: «Muito bem feito! Apreciei...» Sucede que, nesta escola, não faltam elogiáveis - nem pessoas, nem projectos, nem ideias. Aquilo a que habitualmente chamamos «autoestima» - e que é, de facto, uma palavra horrível para designar qualquer coisa bonita -, ou seja, sermos capazes de nos amarmos a nós mesmos, como pessoas, como profissionais, como povo, termos orgulho e respeito por nós, começa nesse quase nada: sermos capazes de valorizar os que no-lo merecem; e aceitarmos, sem constrangimento, que os outros nos digam: «Sim senhor. Gostei. Bato palmas...»
1 comentário:
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