24 novembro 2005

AS INVESTIGAÇÕES DE AUGUSTO GUERRA. CAPÍTULO I: UM GRITO NA NOITE

Blogue da Escola Secund�ria de Linda-a-Velha
Noite alta, chuvosa e fria de Novembro. Dorme-se por esse Portugal fora, com raras excepções: talvez no Ministério da Educação haja pessoas acordadas, tramando qualquer coisa.
Curiosamente, também a Eslav é um desses poucos locais onde há quem se mantenha acordado:
Sabe-se, em primeiro lugar, que o Guarda-nocturno se encontra bem desperto - como é, aliás, sua obrigação - pesquisando atentamente um site pornográfico.
Mas não só ele: uns quantos Directores de Turma que tiveram, até tarde, reuniões com Encarregados de Educação, acabaram ficando encerrados na escola, onde os fechou um senhor vigilante, de óculos, que queria apanhar a última camioneta da noite e não esteve para esperar nem mais um minuto...
Vejamos os professores em causa:
Num canto da Sala de Professores, Elvira, Miguel e João Paulo entretêm-se trocando cromos de jogadores do Benfica.
Fátima Luzia comunica, num outro recanto, misteriosamente, em surdina, pelo seu telemóvel.
Alguém entra para a casa de banho levando um jornal na mão - a menos que se dirija ao seu cacifo, no corredor em frente das casas de banho: é Abel Belião.
Teresa Santos procura, por todo o lado, o senhor Gonçalves, que já se fora embora há muito tempo: «Alguém me arranja alguma coisa que se coma?», pergunta, com uma nota de desespero na voz.
Nesse preciso instante, um grito pavoroso parece rasgar a escola, a noite, Linda-a-velha. Há um sobressalto colectivo, Que foi, Que não foi? Escutam-se passos lestos. Quase na mesma altura, eis que um corte de energia mergulha Linda-a-velha na mais total escuridão. Na sala de Professores, pessoas apalpam-se, aflitas. «Quem és tu?» «Ouviste este grito?» «Credo, quem teria sido?» «Alguém tem aí qualquer coisa que se coma?»
Não se consegue ver seja o que for: e só na manhã seguinte é que os primeiros raios de sol iluminarão o cadáver de Mariana Alicate, estendido no chão, com um visível corte a toda a volta do pescoço. Há gritos. Há choro. Uma voz inidentificada clama: «Que tragédia!» Outra voz responde: «O quê!? Não me digas que estragaste o cromo do Simão Sabrosa...» Ouve-se, entretanto, a uma terceira pessoa: «A Mariana está morta. MORTA!!!» E, depois, um espírito mais sensível soluça. É Teresa Santos quem soluça, inconsolável: «O senhor Gonçalves já chegou ou não? Não há mesmo nada que se coma...?»
(CONTINUA)

4 comentários:

Anónimo disse...

O Simão Sabrosa não tem cromo!
Cromo?!
Cromo é o Beto (mãozinhas ...na área)que está, desde que nasceu, para ir jogar para Madrid.
Cromo é o Macarthy que prefere trancinhas à jogatana da bola.

Anónimo disse...

Como saberia o sindroma da presença do guarda nocturno e das outras excelsas personagens na escola em horas tardias???só há uma explicação...o ditoso (sindroma), alucinado por mais uma noite em branco provocada por biberons e mudanças de fraldas, resolveu procurar refúgio e consolo num ambiente iluminado e superior (como o produzido pelo citado loby benfiquista...);só que há coisas, neste mundo, que não consegue quem quer mas sim quem foi tocado, pela sublime aura da águia vitória...o ditoso,continua a vaguear pelo interior das noites, qual vampiro, morto-vivo,nosferatu e zombie, gargalhando nervosa e estrepitosamente só conseguindo, no entanto, provocar um oceano de indiferença naqueles que, tocados pelo sublime, trocam cromos do Petit, Luisão,Nelson, Nuno Gomes,etc...(continua)

Lara Croft disse...

"...ambiente iluminado e superior..."
"...sublime aura da águia Vitória..." Bolas, já estou a gostar deste fantasma da ópera! :)

Anónimo disse...

Contra certo tipo de provocações particularmente repulsivas, só vejo três tipos de resposta:
a) o silêncio profundo
b) o riso de desprezo
c) uma fralda «dodó» recheada