22 dezembro 2005

GRAMÁTICA(I)

(Depois da ODE MATEMÀTICA vamos hoje `a língua de Camões e nossa, também...)

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo era bem defenido, feminino, singular. Era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, ilábia, um pouco à tona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar, sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois ládentro. Óptimo pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador começou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e para no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu apartamento. Ligou o fonema e ficaram alguns momentos em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Preparam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo. Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
(...continua...)

2 comentários:

Anónimo disse...

alto aí! Há outras inflexões verbais a fazer

fantasmadaopera disse...

...tudo isto me parece muito traiçoeiro...deve ser da língua...