O blogue, sempre em cima do acontecimento (embora, tratando-se de um blogue de professores, talvez conviesse dizer «sempre por baixo do acontecimento», quer dizer, apanhando com o dito em cima) não poupou esforços para trazer aos seus leitores a reprodução fiel da última ronda (ou deverei dizer: o último «round»?) negocial entre a senhora dona ministra e os senhores sindicatos. Passa a fita, sim?
Dona Lurdes - Tenho muito gosto em receber-vos. Como vêem, preparei uma mesa redonda. Desejo que ela seja um símbolo de uma negociação que deve decorrer em clima de mútuo. Ainda não pensei de mútuo quê, mas o que importa é que seja mútuo. Talvez respeito? Ah! Ah! Ah!
Palhaço Pepito (em representação da incontornável Pré-Ordem) - Ah! Ah! Ah! Xim xenhora, xim xenhora. Tem muita graxa, muita graxa...
Dona Lurdes - Obrigadíssima, senhor Pepito. E ainda há quem diga que eu estou contra os sindicatos. Que disparate! O senhor Pepito, por exemplo, que eu adoro, tem uma visão muito coincidente com a minha do que deve ser um professor: basicamente para fazer umas graças, entreter meninos, mantê-los na sala... Mas vamos então sentar. Sit! Não, não, não! Aquele senhor é no canto. Voltado para a parede. Sozinho.
João Fenprófe - Não pode ser. Só tenho uma palavra: Aulas de substituição, não! É já uma greve. Dou-lhe já com uma greve.
Dona Lurdes - Ora sente-se aí quietinho. Também poderá falar, mas na sua vez. Mas calado, hã? Falar, sim, mas caladinho...
João Fenprófe - Não às aulas de substituição! Não às aulas de substituição!
Dona Lurdes - Ora bem. Os meus meninos... snif, snif... coitadinhos dos alunos... de quem tenho tanta pena... andam... snif... a ser maltratados pelos professores. Vejamos: os professores passam-lhes trabalhos de casa mas depois não fazem os trabalhos aos seus próprios alunos. Põem-lhes testes à frente, mas depois não fazem os testes aos próprios alunos. Parece que os querem castigar. Os professores não dão o almocinho à boca às crianças. Não as levam à escola. Que é que fazem, afinal? E, por fim, ainda lhes dão negativa. Os meninos não podem ter negativas.
José Fné - Mas ó senhora doutora, os professores portugueses...
Pepito - Não senhor. A senhora tem toda a razão. Os professores devem ser a alegria da petizada. A escola deveria ser um maravilhoso circo. No circo não há negativas, só alegria, tralará-tralará! Ó senhor Fenprófe, o senhor não quer cheirar esta flor que trago na botoeira? Aaaaaah... Ah! Ah! Ah!... uma esguichadela de água em cheio no nariz. Que cómico! Isto é que é pedagogia!
João Fenprófe (limpando-se, ofendido) - Aulas de substituição, não! Sai já uma greve. É já uma greve! E geral, hein? Não é, colegas?
Pepito assobia para o lado. O senhor Fné ergue-se, firme, hirto:
José Fné - É geral. Absolutamente. Isto assim não pode continuar, senhora ministra.
Dona Lurdes - Isto, o quê?
José Fné - Isto, ora esta! Não estamos de acordo com nada. Queremos que nos prometa o céu.
Dona Lurdes - Fica prometido. Se continuarem a suportar o que suportam, ganham o céu.
José Fné - Ah! Bem. Nesse caso... pois, pois, pois... sendo assim... desvin... desvilu... lu... vin... hã?... des-vin-cu-la-mo-nos... dessa tal de greve. Estamos abertos à, à, à...
João Fenprófe - Aulas de substituição não. Vamos já para a greve geral. É já uma. Quando é o próximo feriado? Sai uma greve logo no dia a seguir...
Dona Lurdes - Tratemos mas é da questão do insucesso. Não pode ser. Não pode ser assim. Tenho um plano.
Pepito - Os planos da senhora ministra são muito bons. Parecem os meus planos para alegria da petizada. Vou, por exemplo, pelas costas do meu comparsa, e zás... Seja o que for o plano da senhora ministra, é muito bom. Para a frente é que é o caminho: todos ao circo!!!
Dona Lurdes - Então, ficamos entendidos. Os pormenores chegarão em breve às escolas em circulares.
Pepito- Tudo muito bem, minha rica xenhora. Muita graxa, muita graxa.
José Fné - Sendo assim... fico satisfeito por termos chegado a um acordo tão bom para todas as partes.
João Fenprófe - Não às aulas de substituição. Vamos para a greve. E é já. Uma greve geral mesmo geral: todos os sindicatos unidos menos todos os outros. É já! É já!
Dona Lurdes - Tenho muito gosto em receber-vos. Como vêem, preparei uma mesa redonda. Desejo que ela seja um símbolo de uma negociação que deve decorrer em clima de mútuo. Ainda não pensei de mútuo quê, mas o que importa é que seja mútuo. Talvez respeito? Ah! Ah! Ah!
Palhaço Pepito (em representação da incontornável Pré-Ordem) - Ah! Ah! Ah! Xim xenhora, xim xenhora. Tem muita graxa, muita graxa...
Dona Lurdes - Obrigadíssima, senhor Pepito. E ainda há quem diga que eu estou contra os sindicatos. Que disparate! O senhor Pepito, por exemplo, que eu adoro, tem uma visão muito coincidente com a minha do que deve ser um professor: basicamente para fazer umas graças, entreter meninos, mantê-los na sala... Mas vamos então sentar. Sit! Não, não, não! Aquele senhor é no canto. Voltado para a parede. Sozinho.
João Fenprófe - Não pode ser. Só tenho uma palavra: Aulas de substituição, não! É já uma greve. Dou-lhe já com uma greve.
Dona Lurdes - Ora sente-se aí quietinho. Também poderá falar, mas na sua vez. Mas calado, hã? Falar, sim, mas caladinho...
João Fenprófe - Não às aulas de substituição! Não às aulas de substituição!
Dona Lurdes - Ora bem. Os meus meninos... snif, snif... coitadinhos dos alunos... de quem tenho tanta pena... andam... snif... a ser maltratados pelos professores. Vejamos: os professores passam-lhes trabalhos de casa mas depois não fazem os trabalhos aos seus próprios alunos. Põem-lhes testes à frente, mas depois não fazem os testes aos próprios alunos. Parece que os querem castigar. Os professores não dão o almocinho à boca às crianças. Não as levam à escola. Que é que fazem, afinal? E, por fim, ainda lhes dão negativa. Os meninos não podem ter negativas.
José Fné - Mas ó senhora doutora, os professores portugueses...
Pepito - Não senhor. A senhora tem toda a razão. Os professores devem ser a alegria da petizada. A escola deveria ser um maravilhoso circo. No circo não há negativas, só alegria, tralará-tralará! Ó senhor Fenprófe, o senhor não quer cheirar esta flor que trago na botoeira? Aaaaaah... Ah! Ah! Ah!... uma esguichadela de água em cheio no nariz. Que cómico! Isto é que é pedagogia!
João Fenprófe (limpando-se, ofendido) - Aulas de substituição, não! Sai já uma greve. É já uma greve! E geral, hein? Não é, colegas?
Pepito assobia para o lado. O senhor Fné ergue-se, firme, hirto:
José Fné - É geral. Absolutamente. Isto assim não pode continuar, senhora ministra.
Dona Lurdes - Isto, o quê?
José Fné - Isto, ora esta! Não estamos de acordo com nada. Queremos que nos prometa o céu.
Dona Lurdes - Fica prometido. Se continuarem a suportar o que suportam, ganham o céu.
José Fné - Ah! Bem. Nesse caso... pois, pois, pois... sendo assim... desvin... desvilu... lu... vin... hã?... des-vin-cu-la-mo-nos... dessa tal de greve. Estamos abertos à, à, à...
João Fenprófe - Aulas de substituição não. Vamos já para a greve geral. É já uma. Quando é o próximo feriado? Sai uma greve logo no dia a seguir...
Dona Lurdes - Tratemos mas é da questão do insucesso. Não pode ser. Não pode ser assim. Tenho um plano.
Pepito - Os planos da senhora ministra são muito bons. Parecem os meus planos para alegria da petizada. Vou, por exemplo, pelas costas do meu comparsa, e zás... Seja o que for o plano da senhora ministra, é muito bom. Para a frente é que é o caminho: todos ao circo!!!
Dona Lurdes - Então, ficamos entendidos. Os pormenores chegarão em breve às escolas em circulares.
Pepito- Tudo muito bem, minha rica xenhora. Muita graxa, muita graxa.
José Fné - Sendo assim... fico satisfeito por termos chegado a um acordo tão bom para todas as partes.
João Fenprófe - Não às aulas de substituição. Vamos para a greve. E é já. Uma greve geral mesmo geral: todos os sindicatos unidos menos todos os outros. É já! É já!
2 comentários:
ai se a dona Lurdes do pav D esquerdo lê isto...bem podes dar corda à botifarra, ó sindrómica creatura!!!
Ó SINDROMA, NÃO PASSASTE A FITA ATÉ AO FIM! ENTÃO E A PARTE EM QUE DE MÚTUO (QUALQUER COISA)RESOLVERAM APRISIONAR NAS ESCOLAS OS PROF.S MAIS DUAS HORAS A PARTIR DE JANEIRO?
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