29 janeiro 2006

O DERBY

Luca, Guerreiro, Alelelelelex, Fantasmadaopera, Elaticada, Croft, Relativamente Miguel, Pochato, enfim, toda a pandilha que forma o grupo «OS DIABOS VERMELHOS DO INFERNO DA ESLAV» estava reunida para seguir dali directamente para o (descubram-se, por favor!) Estádio da Luz. Estádio onde o Glorioso (descobriram-se novamente?) iria esmagar o miserável, eh pá, como é que se chamam aqueles?, sápinto? sáporto? sáportucel? sporting...?
- Eu não sei se quero ir - confessava a sensível Elasticada. - Acho que são espectáculos um bocado bárbaros, como os touros de morte. Ver os tipos de verde serem trucidados assim...! Depois fico com pena!
- Eu sempre desconfiei de que eras uma traidora - retumbou o fantasmadaopera. Depois, mudando de assunto. - Trouxeste as pandeiretas, Pochato?
- Sim.
- E os cornetins? [Sim] E os trombones? [Sim] E as buzinas? [Sim] E os foguetes...?
- Não, foguetes não. Eles não deixam entrar isso.
- Bem, não faz mal. A gente improvisa foguetes.
- E isso não é perigoso?
- Não. Não é perigoso, é gases. É mesmo gases. E as faixas?
Estenderam-se orgulhosamente as faixas pelo chão.

«ESLAV PRESENTE NOS MOMENTOS DE VITÓRIA»
«FANTASMADAOPERA É O MELHOR»
«VI-VI-VIVA O-O-O BEN-BEN-FI-FI-FICA»
«A BOLA COM SABROSA É MAIS SABOROSA»
«VENDE-SE POCHETE. ASSUNTO SÉRIO. BRINCALHÕES ABSTENHAM-SE»
«KILL! KILL! KILL!»

Estavam irreconhecíveis, com os rostos todos pintados de vermelho, chapéus com guizos ou com cornos (não nesse sentido, mas no sentido de «Diabos»), cachecóis.
- Senta-te aqui, Miguel - dizia alguém.
- Não sou o Miguel, sou o Pochato.
Estavam irreconhecíveis.

- A bola tem de entrar ali? - perguntava Elasticada.
- Não percebes nada de nada, pá. Nem de planos de perfil nem de futebol, que são as duas coisas mais importantes da vida. Eu explico-te. Aqui está basicamente o Benfica. Ora o Glorioso vai ter de defrontar não uma, mas duas equipas ao mesmo tempo: o nãoseiquantos e o árbitro. Mas o árbitro é o nosso verdadeiro adversário, percebes o conceito? Os outros nem contam. FOI MÃO! FOI MÃO! TÁS CEGUETA OU QUÊ? FILHO DUMA ISTO! FILHO DUMA AQUILO!!!

De repente, na sequência de uma falta, penso eu, que não assisti a nada, o divino Sabrosa chuta para o golo.

GOLO! GOLO!!! GOOOLO!!! GOOOOOOOOOOOOLOOOOOOOO!!!
Eis o estádio enlouquecido.
A gritaria é perfeitamente ensurdecedora.
Apitos. Berros. Urros. Estalos. Cornetadas. Benfica, Benfica, Benfica, Benfica!!! És o melhor! Já cá canta.

E pronto.
Como não sou vingativo nem maldoso, nem me divirto à custa das tristezas dos outros, encerro aqui, nobremente, o meu relato.
O resto não interessa a ninguém. Certo?

5 comentários:

Anónimo disse...

Já que só desta maneira lerás o que te escrevo, aqui deixo a confissão: Amo-te!!!

Anónimo disse...

Ha 52 anos que não nevava em Lisboa. Ha não sei quanto tempo a lagartagem não tinha uma alegria. A naturesa tem destas coisas, vá la entender os designios do divino

Anónimo disse...

Um bocadinho de maldade bem disposta não fica mal a ninguém... E se continuasses mais um bocadinho?...

Abelha Maia disse...

esta conversa de ti para ti ainda é pior do k as minhas então anónimo estas a falar sozinho(a)(s)?

PLANETAZUL disse...

A propósito da neve...
Batem leve levemente
como quem chama por mim
será o Neves, ou será o Vicente?
O Neves não é certamente
e o Vicente não bate assim!
É talvez o Zé Maria
mas ele à pouco à poucochinho
Nem quase já se mexia
Com a bebedeira que trazia
na valeta do caminho

Fui ver, O Zé Maria caído
Na branca neve, cor do linho
Com a bebedeira, estava perdido
(Ai Gregório ai Gregório!)
Deixou tudo da cor do vinho!