19 janeiro 2006

UM ACORDAR...

1. 21 dias passaram desde a célebre visita de estudo às ruínas...o pobre JACINTO, motorista de serviço, acorda, lentamente, e sai de um coma profundo em que viajara no limbo dos tempos..."Caraças, pá...onde estou??? o que aconteceu...ah..começo a lembrar-me... tava sentado no meu banco...fui brutalmente arrancado para o exterior por dois marmanjos...cá fora, de rastos no chão, fui seviciado...que horrror...aquela turba...animais...quase sem sentidos, levantaram-me e encostaram-me a um poste de alta tensão...Ah Acudam....Feneço...Feneço... gritei, rouco, sem ninguém para me ouvir...passaram cabos de aço por baixo dos meus sovacos e ergueram-me... lentamente...até ao alto...fiquei crucificado no alto do poste, atado de pés e mãos... com cabos que me mordiam as carnes...." Suava abundantemente o pobre JACINTO; Entra uma enfermeira, ruiva, 1,70 m, 86 - 60 - 86..."sr.JACINTO, são horas dos medicamentos...finalmente acordou, hein???..que bela soneca...21 e um dias é obra...vamos, vamos, tome tudo..." A voz doce da enfermeira soava longínqua... recordava JACINTO..."...malandros...e eu lá no alto do poste a ver a corja a partir a camioneta... e o fogo...tudo a rder...e aquele pica-miolos que logo me poisou sobre a carola... e vai de picar...xiça...logo a mim....recordo os pobres dos profesores a serem selvaticamente recebidos pelos hunos...prostrados no solo, feridos...só um deles ficou de pé...tinha cabelo grisalho, era magro e lembro-me que dizia ao telefone...sim, mamã..tá tudo normal...já preenchi os modelos para pedir a reforma em 2035...sim..faltas só tu assinar... Fenecia...Fenecia..."
2. "...Passado algum tempo...nem sei se horas ou minutos...recordo a passagem dum compadre que conduzia uma carroça puxada por um burro...cantarolava qualquer coisa...caracol...xouriças...o pobre homem contemplava o local e abanava a cabeça...desceu da carroça e...não me lembro de mais nada...Feneci...Feneci..."
3. JACINTO acordara e, já mais calmo, pensava na sua família e no diria ao seu mais novo quando o visse de novo...absorto nos seus pensamentos nem deu pela entrada do médico que, na hora certa, vinha verificar o estado do doente seguido pela 86-60-86; "Então, então como está...que tal foi esse acordar??" inquiriu com um sorrinho de doninha o ser revestido a bata branca..."....AAAAAHHHHH horror....Feneço...Feneço..." o pobre JACINTO fenece, com a cabeça tombada para o seu lado esquerdo, perante o espanto da boquiaberta 86-60-86...
4. De baixo do braço direito, o médico assistente trazia a papeleta do doente...podia ler-se na dita papeleta...DR. PAXÊKU.

1 comentário:

PLANETAZUL disse...

Oh Fantasma, deixa lá o médico...e o motorista, mas continua com a carreira da enfermeira por favor!...
Afinal já é afectiva no hospital ou não?
Também faz clínica privada?
Resumindo, sabes o número do telefone?