28 fevereiro 2006

CEUZINHA NO PAÍS eslavADO DE NOVO: III

Surda a todas as súplicas, a Ministra-rainha ordenou às cartas de jogar, seus soldados, que conduzissem aquela trupe até uma casa que era conhecida como a casa das AAA.
Ali foram fechados, chorando convulsiva e colectivamente.
- Mas afinal o que se passa aqui? Alguém me explica o que é isto? - interrogava-os Ceuzinha, sem obter mais resposta do que o «buaaaaaaaaaah!» generalizado. Nem Xaxão conseguia falar: sinal óbvio da gravidade da situação.
Sempre curiosa, Ceuzinha notou dois frascos que estavam, lado a lado, pousados sobre uma mesa. Lembrou-se de que em «Alice» havia também uns xaropes mágicos. Mas a nossa heroína não queria provar aquilo. Sabia lá de que se tratava. Tirou a rolha de um. Cheirou. No brusco movimento, porém, houve uma gota que caiu no chão - e, assim que tocou no soalho, puf!, a casa principiou a crescer, a crescer, a creSCER a crESCER a CRESCER...! Era horroroso. De um momento para o outro, os nossos amigos pareciam tornar-se ali seres minúsculos, insectos insignificantes, rodeados de paredes imensas.
O choro aumentava - embora, curiosamente, mal se ouvisse agora, projectado por tão ínfimos seres num tão imenso espaço.
Ceuzinha, pequenina, pequenina, trepou, com um esforço inaudito, pelas pernas da mesa acima. A cada instante parecia-lhe que iria desistir, ou que começara a tombar, mas no entanto continuava subindo. Uma vez no tampo, aproximou-se do segundo frasco, que era do seu tamanho, senão maior do que ela. Este tinha um rótulo com letras enormes, gordíssimas, ilegíveis. Soletrou: «U-M-A G-O-T-A D-E-V-O-L-V-E O T-A-M-A-N-H-O N-O-R-M-A-L. É isto mesmo!» E começou a empurrar o frasco. Empurrava-o, humpf, empurrava-o, sentia que ele se movia, quase nada, mas movia-se, e de repente ali vinha ele pelo ar, até que se partiu no chão, derramando todo o seu conteúdo. Não uma gota - como o prescrito - mas todo o conteúdo. A casa começou de imediato a encolher. De mais. Já voltara ao tamanho normal e não parava de encolher. E mais, sempre mais e mais, meu Deus - tornavam-se agora todos, proporcionalmente, seres enormes. A casa já nem era uma casa, era uma sala. Já não era uma sala, era um corredor estreito, muito estreito, estreitíssimo, estreitinho.
Ainda hoje, em consequência disto, a sala das AAA é aquele corredor estreitíssimo, que lembra o corredor da morte, onde os condenados aguardam a sua vez, e onde as pessoas só cabem desde que não tragam casacões demasiado grossos e com forro, nem malas de mão, nem penteados com muita complicação...

(CONTINUA)

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