12 fevereiro 2006

OFENDIDOS, MOVAMOS GUERRA AO DESRESPEITO

DONA LURDES - Ó Primeiro! Por que razão não estamos hoje sentadinhos naquelas poltronas, tão confortáveis? É que também já não tenho idade para me agachar assim...
PRIMEIRO - Ora pergunte lá isso ao Freitas...
FREITAS - É simbólico. Pedi-vos que nos sentássemos hoje no chão, assim de cócoras, para que se entenda bem lá fora, principalmente nos Países Árabes, que a posição de Portugal é não-beligerante, é pacífica. Que se veja que não estamos aqui para ofender, nem ameaçar, nem cartunizar ninguém. Repudiamos tudo, todos os cartoons: eu próprio também nunca gostei que fizessem cartoons sobre mim, sempre com uma grande queixo e uma papada enorme...
DONA LURDES - Mas estar assim de cócoras simbólicas também se torna ofensivo. Pelo menos para os meus ossos...
PRIMEIRO - Bom. Deixe-se de queixas, ó Lurdes, que até já parece lá os seus professores, que nunca mais consegue fazer calar; passemos a coisas sérias. Esta reunião é, aliás, a seu pedido, não é? Ora diga, diga lá.
DONA LURDES - Bom. É o seguinte. A história dos cartoons do Profeta tem-se repetido, a seu modo, em pequena escala, numa pequena escola do nosso país.
TODOS - Ai sim?
DONA LURDES - Sim. Na eslav, há uma caterva de fulanos, todos eles com a mania que são muito engraçados, que criaram um blogue, e o blogue insiste, insiste, insiste. Nem as duas horas acrescentadas aos horários os demove, não sei onde é que vão buscar tempo. Em rigor, não deviam ter tempo para mais nada. Nem para corrigir testes. E no entanto...! Ai, e o que eles têm malhado em mim!
FREITAS - Incrível!
DONA LURDES - Só não tomei uma atitude drástica, porque já sei que me caíam logo em cima o Carmo e a Trindade, a berrar ó da guarda ó da guarda, que eu queria restringir as liberdades dos professores e tal. Aí é que os sindicatos vinham logo com a sua obsessão das greves. Só que, agora, os bloguistas exageraram. Tomaram-lhe o gosto. Aquilo é veneno. Vão por aí fora. Têm satirizado os próprios colegas. Alguns destes já pedem a cabeça deles...
FREITAS - É aproveitar, é aproveitar.
DONA LURDES - Os tais do blogue vão realmente longe de mais, têm-se tornado ofensivos. Enquanto gozavam lá com a pochete e com os casacos de bombazina, ainda era como o outro. Agora,a entrar assim no campo da pura fantasia, imaginando escolas cheias de bruxas, fantasmas, monstros e mauzões...! Só eu é que posso dizer mal das escolas e dos professores, não são os próprios professores. É uma questão de hierarquia. Assim já não brinco, não é? Nada é sagrado. Até aparecem uns artigos a gozar com o Benfica!
TODOS - Nããão!
DONA LURDES - Sim!
PRIMEIRO - Isso é comos cuspir na bandeira. É como entornar coca-cola no casaco do Presidente da República. É como...
FREITAS - Não tenho palavras.
DONA LURDES - Ah, mas olhe que eu precisava, precisamente, de umas quantas palavras suas. Precisava de um documento de repúdio. Do género daquele que escreveu contra os caroons dinamarqueses.
PRIMEIRO - Pois é. Ó homem, tem de fazer um esforço Isto não pode passar em branco, é grave!
TODOS - É muito grave!

Eis, portanto, o documento que, na sequência desta reunião, chegou à nossa escola, onde foi lido, pelo próprio autor, a um grupo de professores:

«Portugal é um país com uma antiga e bela tradição de liberdade. Algumas liberdades afirmam-se, até, apesar de estarem proibidas. Senão, vejamos: é proibido fumar em lugares públicos, sim, contudo, os únicos lugares públicos em que se não fuma são aqueles onde tenha acabado de entrar a dona Escura Anunciação. Todos sabemos que é proibido escapar ao fisco, mas que, no entanto, só os mais pobrezinhos não escapam. E alguém se lembraria de impedir um jovem de expor a sua opinião, ainda que fosse através de um murro livremente expresso sobre o olho de um passante de quem ele não gostara? São somente alguns exemplos. É, pois, evidente que vivemos em liberdade. Mas...
Toda a liberdade deverá ter um travão, um limite, uma fronteira, uma alfândega. Se não, já não é liberdade: é libertinagem, rebaldaria, licensiosidade.
Venho, pois, lamentar o sucedido e pedir desculpas às vítimas do blogue, o qual, em nome de uma liberdade sem escrúpulos, ultrapassou todas as medidas da etiqueta e do bom gosto. A quantos foram achincalhados nas mãos de uns quantos libertinos, uns rebaldões, uns licensiosos, peço perdão, reperdão, re-reperdão. O sentido de humor não pode ir além dos Malucos do Riso e do Menino Tonecas. Querer ter graça é, a mais das vezes, cair na irreverência e no desrespeito. Uma vez mais, mil perdões. Mil e um. Mil e dois, até, uma vez que pedir perdão não custa nada. Não tornará a acontecer. Obrigado pela compreensão. Mantenham a calma toda.»

ABELHA MAIA - O que foi aquilo? Que é que ele disse? O que é que ele queria? Quem era ele? Para onde foi? Quem sou eu? Onde estou? Para onde vou? É um puzzle? É outro puzzle, não? Alguém me explica alguma coisa...?

5 comentários:

Ana C Marques disse...

Ainda estou a juntar as peças... Não percebi à primeira...

Abelha Maia disse...

aaah! já nÃO sou a única a não perceber à primeira...cuidado k isto pegassse!será k tem erro???

Abelha Maia disse...

ó shindroma,hoje estas mto amargo querido, ora toma lá um bocado de mel de flores de alecrim!

Anónimo disse...

QUE EU ME LEMBRE, NÃO FOI O OLHO DE UM JOVEM QUE BATEU NUM PUNHO FECHADO! fOI UM COTA CEGUETA QUE NÃO VIU UM JOVEM A PEDIR BOLEIA

Ana C Marques disse...

Tens razão, abelha, desta vez o sindroma amargou