19 abril 2006

O CÓDIGO DÁ VINTES - CAPÍTULO CINCO: A FUGA

- Pronto! - trovejou Talhinhas. - Estou farto desta... disto!!! Vocês são todos suspeitos. 'Bora prá esquadra.
- E-e-eu???
- Sim. Por que julga que o fomos buscar? Desconfiávamos que o Doutor Mota tinha querido apontar o seu nome. Repare nesta sequência de números...
Apontou para a parede, onde o homem que escrevera mais, a poucos minutos da morte, do que, se calhar, durante toda a sua vida, registara estes números: 1-1-2-2-3-3-4-4.
Talhinhas prosseguiu:
- Julgamos que esta repetição de cada algarismo é uma referência à sua gaguez.
- Ga-ga-ga-gago, e-e-eu? Q-q-que dis-dis-pa-para-te!
- Por outro lado, a sua presença aqui, menina, é mais do que suspeita. Vamos andando.
- Estes nú-nú-nú... - Alelelex preparava-se para explicar que aquela sequência representava, na verdade, os chamados «números pirosos», o formidável mistério, herdado dos estudiosos árabes, e que todos os matemáticos, incluindo Nuno Crato, procuram decifrar; mas Tininha, que também reconhecera a «sequência pirosa», deu-lhe uma discreta cotovelada.
- A-a-a-ai!
- Sim, senhor Agente, vamos. Mas não se importa que eu passe pela casa de banho? - perguntou Tininha Maia. - Estou tão aflitinha.
- Vá. Despache-se.
- E posso pedir ao senhor Alelelex que me acompanhe?
- Sim. Despachem-se.
Sairam ambos em direcção às casas de banho.
- Mas o grande enigma para todos os homens é, afinal, este: por que raio as mulheres terão de ir sempre à casa de banho aos pares?
- Mas chefe - lembrou o polícia suspirante - não foram duas mulheres à casa de banho. Eram uma mulher e um homem. O que é muito suspeito.
- O QUÊ???

O polícia suspirante suspirou.

Inútil dizer que, quando foram à procura de Alelelex e Tininha, com grande estardalhaço, armas em riste, pontapeando portas, comunicando por telemóveis, já os não encontraram...

CONTINUA

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