16 abril 2006

O CÓDIGO DÁ VINTES - CAPÍTULO UM: O PRINCIPAL QUADRO NO SALÃO NOBRE

Se já leu o «Código Da Vinci» e ficou impressionado, respire fundo, porque essas revelações nada são - Nada! - ao pé daquelas que nos propomos fazer.

O leitor que se atrever a lê-las nunca mais será igual. Nunca mais será o mesmo. (Esperemos, portanto, que sobretudo ALGUMAS pessoas... as leiam!!! Para bom entendedor...)

No Salão Nobre do Palácio dos Aciprestes - que é, indiscutivelmente, o Louvre português - os visitantes tinham-se reunido para admirar a exposição anual de obras de professores. Mas todos tinham em mente duas únicas coisas: em primeiro lugar, a refeição volante que serviriam dali a pouco (já sabemos por anteriores reportagens que há muito boa gente que vai a estes «eventos» principalmente por causa dos comes-e-bebes); em segundo lugar, o quadro, o maravilhoso quadro pintado pelo jovem professor Mário, da eslav, quadro esse que se intitulava: «MULHER COM CHAPÉU ENCIMADO POR FIGURA EM FORMA DE HÉLICE DE HELICÓPTERO E COM BORLAS COLORIDAS CAINDO SOBRE O ROSTO (DA DITA MULHER)».
O quadro tivera como modelo certa professora do departamento de Mário (cujo nome salvaguardaremos de vãs curiosidades) engalanada, digamos assim, com um dos seus célebres chapéus.
Muitos dos visitantes se fixavam diante daquela pintura, comentando:
- Mãe, esta é que é a Mona Lisa?
- Não, filho. Não é a mona lisa, bem vês que tem a mona enchapelada... É a célebre Xaxão!
- O que é que aquele senhor estava a querer dizer, mãe?
- Qual senhor, meu querido?
- Aquele que vai ali com uma mariconera debaixo do braço. Não ouviste? Estava a explicar a um grupo que, ao que consta, esta pintura oculta um código que ainda ninguém foi capaz de interpretar. É um mistério, mãe?
- Ah, meu filho. Os chapéus da Xaxão são, já de si, um mistério que há muito tempo desisti de tentar interpretar...

Mas, atenção. As conversas são como as cerejas. Prendemo-nos a ouvir este, a ouvir aquele, ligamos às conversas alheias (cusco, eu????) e, quando damos por isso, já passou muito tempo e se fez tarde. É o caso, meus leitores. Não vêem um senhor que se dirige para nós com um ar demasiado sério? É o senhor Jorge Grená. Vai empurrar-nos para a rua. Diz que o Palácio tem de fechar as portas. Saem os últimos visitantes, entre os quais nós próprios, a Teresinha Prantos, a Fafá dos Desertos & a Filó Memé, o Pochato & a Mariconera (enfim, os «habitués» de tudo quanto meta comes-e-bebes), a mãe e o filho, filho esse que é um senhor professor de barba...

A sala está agora completamente vazia. Ouvem os passos? É o guarda que faz a sua ronda de meia em meia hora.
Mas no momento em que passa diante da pintura feita pelo professor Mário, o guarda percebe que uma misteriosa luz, vinda sabe-se lá de onde, desce sobre a «MULHER COM CHAPÉU ENCIMADO POR FIGURA EM FORMA DE HÉLICE DE HELICÓPTERO E COM BORLAS COLORIDAS CAINDO SOBRE O ROSTO (DA DITA MULHER)». O efeito produzido é estranhíssimo. A hélice de helicóptero que encima o chapéu da anónima Xaxão parece girar imparavelmente. Mesmo as borlas coloridas são tomadas por um movimento hipnoticamente repetitivo.
O guarda, senhor Grená, fixa aquela movimentação doida. Mal consegue afastar os olhos daquele disparate. Tudo gira, gira, gira.
Mas, que eu saiba, o senhor Grená teve tempo para uma última coisa, antes de cair a dormir: pegar no telemóvel e, extasiado, com os próprios olhos a girar como se tivessem espirais dentro, fazer uma ligação e gritar:
- Senhor doutor, passa-se aqui qualquer coisa estranha. Acho que... acho que...

Não pôde achar mais. Caiu redondo no chão.

CONTINUA

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