26 abril 2006

REPÓRTER ESTRÁBICO FAZ UMAS PERGUNTINHAS AO SÔ VALTER REMOS

REPÓRTER ESTRÁBICO - Boa noite, senhor secretário. A minha primeira pergunta, se não se importa, é acerca dos currículos de português.
SÔ VALTER - «Curricula».
REPÓRTER ESTRÁBICO - Em latim? Mas o plural português... bem, sim senhor. Está bem, os «curricula». Ora os professores de português, e não só, têm-se insurgido porque parece que os «curricula» (e os manuais) estão carregados de parvoíces, artigos menores, ideias patetas, autores da moda, ridícularias...
SÔ VALTER - Mas eu estou perfeitamente de acordo com essa crítica. Os «curricula» estão pesados, cheios de temas cretinos e de má-língua. É verdade. Mas têm de ver que temos feito tudo para melhorá-los. É um combate que levamos muito a sério. Já pusemos o Luís de Camões daqui para fora. Vamos excluir, logo que possamos, o Eça de Queirós, com aquela crónica de costumes e de má-vida que é Os Maias, e o Cesário Verde, com os seus poemas insignificantes, e muitos, muitos mais... Há que fazer uma verdadeira purga. Temos tantas ideias para melhorar tudo isto, há tanto que interessa aos jovens. O Zé Castelo Branco, o Circo das Celebridades, etc. A Pré-Ordem dos Professores vai ajudar-nos, com certeza, os gajos têm ideias delirantes.
REPÓRTER ESTRÁBICO - E quanto aos exames!? Parece que também tem havido inúmeras críticas. A ideia do teste americano, e tal...
SÔ VALTER - Essa questão é ridícula. Que têm contra o teste americano? É um teste sério, que permite avaliar as capacidades e as competências com todo o rigor. O Presidente Bush, por exemplo, nunca na vida fez senão testes americanos, e veja lá onde ele chegou...
REPÓRTER ESTRÁBICO - Mas é uma questão de bom-senso. O bom-senso deveria prevalecer e...
SÔ VALTER - Está a ver? Isso é um disparate! É uma questão «técnica». Não é uma questão política. Não podem ser os políticos a decidir o que se vai fazer.
REPÓRTER ESTRÁBICO - Eu falava de bom-senso. Peço desculpa, perdi-me. A associação que fez entre bom-senso e políticos escapou-me de todo...
SÔ VALTER - É uma questão técnica. Também não tem que ver com o bom-senso, embora não se trate de política. Aliás, temos a trabalhar nestes assuntos os técnicos mais credenciados do país, a nata, «la crème de la crème», os melhores...
REPÓRTER ESTRÁBICO - Quem, por exemplo?
SÔ VALTER - Ora, adeus! Quem!? Então, quem? Aquele... o... e a... não é... já se sabe, aquele senhor que... que...

Na confusão, não se lembrando de quaisquer nomes, o Sô Valter pôs termo à entrevista e dispensou-nos. Mas, entretanto, enviou-nos para a redacção a lista com alguns dos «técnicos» que, mesmo em guerra aberta e permanente contra os preconceitos do bom-senso, trabalham até altas horas da noite para afinar tudo isto:

Lady Betty Grafenstein
Pato Donald
Presidente G. W. Bush
António Calvário
Juju Ximon

Podemos descansar, a nossa língua está em boas mãos.

1 comentário:

Anónimo disse...

A nossa língua em boas mãos?!?! No way jose!
Eu falo muito mas não a confio a ninguém!