22 maio 2006

DRA RUTH RESPONDE A JUSTO FIXOLA

Querida Dra. Ruth:

Sou um jovem com poucas competências para lidar com a vertiginosa velocidade da vida. Os meus alunos bem me ensinam, mas é tudo muito novo. E rápido. Quando começo a compreender alguma coisa e vou para dizer «Ah!», já essa coisa passou à história e um dos rapazes tem de me responder «Não, isso era antes (há um minuto atrás, por exemplo), agora já não é bem assim...»
Eles andavam a fumar comigo uns cigarritos que me provocavam tonturas. Pensei que fosse disso. Mas havia mais do que tonturas. Também tinha fome. Comprava um pão de leite com fiambre ao senhor Gonçalves e, logo à primeira dentada ficava empanturrado. Sentia frio. Mas, ao mesmo tempo, começava a suar. Sobretudo se me cruzava com a Fofinha. (Quando a via, ou tropeçava na perna de uma cadeira, ou escorregava, ou fazia uma parvoíce qualquer. Ia cumprimentá-la mas arrependia-me, e a voz saía-me num estertor de moribundo. Corava, fugia, tornava a tropeçar. Nunca fui capaz de lhe dizer nada que tivesse um aspecto vagamente interessante; inteligente, muito menos. A última vez que me esforcei por manter conversa com ela, o único assunto que me vinha à cabeça era o das vantagens do pão integral. Bolas!!! Deve pensar que sou completamente bronco). Levei algum tempo a compreender que me dera uma coisa chamada paixão. Isto não pode ser bom, Dra. Como raio poderia ser boa uma doença que me faz estar sempre a pensar numa única pessoa, ainda por cima sentindo frio, mas, ao mesmo tempo calor? E principalmente, uma doença que me torna no homem mais estúpido e ridículo à face da terra logo a partir do momento em que a lobrigo, mesmo aparecendo ela lá muito ao fundo, onde só eu a vejo antes de qualquer outro? Não queria que me desse explicações sobre isto, Dra. Queria que me oferecesse uma cura. Rápida. Eficaz. Definitiva. Uma constipação, ainda vá! Agora isto é que não pode ser...!

Desesperadamente ridículo,
Justo Fixola



Querido Justo:

Temos de saber tirar partido das doenças enquanto elas duram. Algumas permitem-nos faltar ao serviço, ficarmos refastelados em casa, com pilhas de revistas do Expresso. Outras, quanto mais não seja, servem para conhecermos o grande alívio de quando passam. Agora, cura para aquela de que me fala? Ó filho! Não tenho pena de si por estar padecendo disso; tenho pena de si é por saber tão pouco da vida que ainda acredite num remédio. Gostei de o ajudar. Gosto sempre muito de ajudar.

Sua
Ruth

9 comentários:

Anónimo disse...

Desta vez, acho que a Dra. Ruth não tem razão. Há cura para a paixão. Cura-se com outra paixão. Eu cá só sei falar mesmo de pão integral e adoro ver um homem fazer figuras ridículas, a espetar-se contra as cadeiras por causa de mim. Se achares que ela não te liga, liga-me tu. Tm: 919995559

Anónimo disse...

A leitura desta carta do meu colega Fixola deixou-me preocupado. Sobretudo por causa daquele sintoma de se andar com uma ideia fixa, sempre a pensar no mesmo. Eu também me levanto a pensar nela e adormeço a pensar nela. Ou melhor: levanto-me a pensar na loucura de ainda ter três turmas de testes por corrigir e, à noite, deito-me a pensar na loucura que foi não ter sido capaz de olhar para um único. Estarei apaixonado pelos testes?

Anónimo disse...

Meu caro fixola
a sua declaração não só me comoveu, como me fez sentir(eu sei que isto é feio, mas é sentido)alguma inveja desse seu estado...você diz ser doença eu digo ser estado de graça, só comparado talvez ao "estar de esperanças", diria mesmo tratar-se de um estado semelhante, afinal ambos encerram esperanças. Quanto ao pedido de cura, a única coisa que me apraz dizer-lhe é POR FAVOR NÃO SECURE... e se o objecto da sua paixão não lhe souber dar valor, não deixe de me ligar....

Anónimo disse...

Hummmm... Acho que a culpa disso tudo é do pão de leite com fiambre do Sr. Gonçalves... Há que investigar. E as provas nunca mentem...

Anónimo disse...

e mais caro fixola, eskeça essa tal de Dra. Rute k de paixões não deve saber nada...oiça o seu coração, não se eskeça k ridiculas são as cartas de amor....e kem não as escreveu já em alguma entrelinha da sua vida? e kem não as recebeu já e não as leu até à exaustão?....Bolas acho k estou a ficar apaixonada pelo fixola. Será?

Anónimo disse...

Que linda é a primavera com tantos pombinhos a cochichar...

Anónimo disse...

Caro professor preocupado:
Já reparou que este ano há novos contentores de papel?

Anónimo disse...

Abelha Maia,onde andas?Ajuda-me a perceber este intricado todo de informações que eu ainda estou pior do que tu!Completamente a leste!!!Não percebo nadinha de nada,não consigo descodificar isto...Quem me ajuda?

Abelha Maia disse...

eh pá, acabei de apouzar, estive afastada tão pouco tempo, e já não sei kem é esta malta toda!em compensação continuo a não apresseber nada da conversa!!ingénuo temos k frequentar 1 acção de formação sobre reciclagem,se tivermos autorização...