01 maio 2006

Intimidades

As Primas (quando meninas) de Avinhão

Uma vez que a relação dos intervenientes deste blog já permite entrar em certas intimidades familiares e por vezes já partilham as suas alegrias e agruras da vida (como idas ao circo)…proponho-me apresentar alguns elementos da minha família, cabendo hoje a vez aos PRIMOS.
Começo pela PRIMA-DONA por ser a prima mais velha. Era uma autêntica esfinge egípcia (não disse múmia), imponente e primeira figura no S. Carlos. Ainda recordo com saudade, A Ópera dos Três Vinténs (em moeda antiga) e os aplausos com toda a sala de pé obrigando-a a regressar ao palco por quatro ou cinco vezes.
Ela foi Cármen, na própria do Bizet, Aida, na própria do Verdi (fazendo esquecer e até calando Maria Callas), Rosina no Barbeiro de Sevilha, Pamina na Flauta Mágica, Susana nas Bodas de Fígaro, etc. etc…
Na plateia, numa bela noite, estava um monárquico brasonado do Norte-Conde de Amarante e Lafões- que numa troca de olhares a quando de um sustenido mais grave se enamorou e a levou para o seu solar em pleno Alto Minho.
Fica muito satisfeita quando os primos a visitam e aproveita para servir verdadeiros banquetes, regados por Vilarinho gelado.
Algumas vezes ao serão ainda canta, algumas árias, tal como a “atirei um pau ao gato”.

Segue-se a PRIMAZIA, é uma pessoa muito introspectiva e pouco dada a brincadeiras talvez devido aos problemas de estômago. Nunca chegou a casar, mas dizem as más línguas que o mordono desempenha outros “papéis”. Gasta fortunas em sais de frutos, Alkaseltzers e Kompensans.

O PRIMOR é um primo muito especial. Com os seus jeitos e trejeitos e o gosto que tinha em brincar com bonecas, na escola, foi uma vítima nas mãos dos colegas que lhe chamavam “copo de leite” entre outras coisas…
Vive actualmente com um belo rapaz.-O Vigor, lá para os lados de Sintra em Odrinhas.
Parece-me que vivem felizes entre a Piriquita e os fofos de Belas.

O PRIMAZ depois de um desgosto amoroso entregou-se à vida eclesiástica, partiu para Roma e alguns especialistas afirmaram que se não pertencesse a um pequeno, pobre e periférico país hoje poderia ser Papa, para orgulho de toda a família (esta explicação é muito parecida com as explicações dos últimos lugares dos festivais da Eurovisão).

A PRIMATA sempre foi uma miúda com um carácter muito firme e independente.
Muito nova partiu para Espanha e bonita como é cedo entrou no mundo do cinema. Uma certa tarde, na Plaza Mayor em Madrid Pedro Almodôvar reparou nela e rodou um filme com ela e para ela – PrimATA-ME. Agora quando passeia com o Pedro ou ele fala com ela, deixa qualquer mulher à beira de um ataque de nervos. (Há sempre uma Primata em todos os lugares e várias mulheres à beira de um ataque de nervos).

Deixei a PRIMAVERA para o fim por ser a prima predilecta. Quando teenager era uma menina simpática, alegre e sempre sorridente. Ainda recordo, nesta época das férias da Páscoa quando nos juntávamos todos, as suas corridas com os cabelos loiros ao vento, pelos prados verdes salpicados de papoilas ou junto ao ribeiro por entre o coaxar das rãs e os voos rasantes das andorinhas. (Como é bucólico o campo!)
A avó chamava-lhe a Verinha e, talvez, com uma pontinha de ciúme, estou convencido que era a preferida da vóvó.
Um belo ano apareceu com o namorado o Primaverão e os dias nunca mais foram os mesmos, deixaram de ser suaves e bucólicos e passaram a ser tórridos e asfixiantes. (Principalmente em Agosto).
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Diz-se acerca dos primos mas não é verdade…

“Primos dos nossos primos, nossos primos são”. NÃO! Primos dos nossos primos são primos dos nossos primos e só!
"Quanto mais prima mais se lhe arrima". (Não concordo, mas também não tenho outra solução!)

Primus inter pares - Os primos entre os pares
Prima facie - A prima faz

1 comentário:

Ana C Marques disse...

Com primos assim não há picasso que te valha, planeta.
Primo em ser a primeira a dar-te o meu primoroso apoio.