05 maio 2006

* L O S T * CAP II

Marius Souzelas sentia-se só naquele mundo. Como raio ali fora parar? Não se conseguia lembrar, não se conseguia lembrar, não se conseguia lembrar.
Em todo o caso, aquela vegetação agradava-lhe. Atemorizava-o, mas agradava-lhe. Esteticamente era tudo tão belo e perfeita como os mundos - florestas, desertos, savanas - que todos os anos erguia no interior da escola, a partir de quase nada, papel de cenário, tintas, tábuas, mundos esses que ali ficavam animando e iluminando a escola até que, depois da festa, passadas uma ou duas semanas, no máximo, os chefes mandavam varrer e limpar rapidamente o fruto de tanto trabalho e criatividade, e varrê-la para umas arrecadações, como se tivessem vergonha de que a escola pudesse ficar mais bonita durante demasiado tempo.
Agora, aqui, neste estranho «lugar» onde fora parar não sabia como, não se lembrava como, a vegetação era, pelo menos, persistente. E não havia gente para a fazer desaparecer. Só as tartarugas é que o enervavam um pouco: lembravam-lhe uma certa turma...! (Claro que todas as comparações têm defeito: para que esta fosse perfeita, seria necessário imaginar estas tartarugas em permanente histeria, tremendo, dançando e entredevorando-se. Mas já experimentaram pôr material de desenho nas patas de uma tartaruguinha? Folha, lápis de ponta fina, régua, esquadro, compasso? E observaram os resultados? Ora aí estava a razão de ser da comparação...)

Entretanto, noutro ponto, Jo Cor-de-caça acordava. E deu imediatamente um grito: estava qualquer coisa ao pé de si.

(CONTINUA)

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