Uma delas (já não me lembro quem estava no uso da palavra) ia responder à outra, quando qualquer coisa bizarra sucedeu.
A estrutura parecia ter vida. Abria-se toda, sem que lhe tocassem. Mas não só. Aquelas farpas cresciam como braços e rodeavam-nas, como se as fossem abraçar e prender.
- Que é isto? Que é isto? SOCOOOORRROOO! - gritou Kiki.
- O quê? Fala mais perto deste ouvido - respondeu Jo Cor-de-caça tirando, de um outro estojo, um aparelhinho auricular, porque também os seus ouvidos já não eram os de outros tempos.
Nesse momento apareceu a correr, com um ar muito feliz, Cris Elasticada, que lhes gritava, como se não se apercebesse do perigo que as duas enfrentavam:
- Este sítio é estupendo, meninas. É lindo. Há cá cães!!! Há cá cães!!!
De facto, uma horda de animais famélicos, que já havia farejado a sua bondade para com todos os animais deserdados, vinha correndo atrás de si.
Só que - Cris não estava a falar com ninguém: as duas meninas que ainda há pouco se encontravam ali, tinham desaparecido. A bela estrutura também.
Pairava um estranho silêncio. Os cães não diziam nada. Como se pressentissem problemas, complicações.
Cris teve medo. Afinal, naquele lugar, as estruturas artísticas também desapareciam depressa.
- Quando um problema se aproxima, a aproximação torna-se um problema - sentenciou.
- Au! Au! - respondeu-lhe um canídeo.
- Shhh! - fizeram os outros todos, assustados, atentos.
CONTINUA
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