11 julho 2006

O MEU PROBLEMA

Querida Dra. Ruth:

Tenho um problema. Sou uma professora muito competente no meu trabalho, mas como hei-de conseguir fazê-lo devidamente se os outros me boicotam constantemente?
Imaginemos, assim, completamente ao acaso, que tenho umas provas para ver.

Primeiro: parece que no secretariado lhes tiram os cabeçalhos e lhes atribuem uns números. Este é logo o primeiro senão: como hei-de eu saber que os números são lá postos correctamente? Alguém fez testes de dislexia aos membros do secretariado?

Segundo: dizem eles (mas nunca se sabe) que depois guardam os cabeçalhos num envelope e que este vai para um cofre. Segundo ponto, segundo senão: Ora! E se eles ficam na conversa com o envelope na mão e depois se esquecem dele em qualquer lado? E se lhes dá a fome e vão comer e depois põem lá um pão com manteiga em cima? E se a gordura da manteiga oculta os números, que já nem deviam estar lá bem postos? E se o cofre não fecha? E se não abre quando quiserem lá pôr o envelope? E se quando chamarem o homem para reparar o cofre que não abre, o homem traz uma lata de óleo e aquilo cai logo em cima do envelope e além da gordura da manteiga lá fica a gordura do óleo? Uma pessoa está a ver as provas, e já nem consegue trabalhar devidamente só a pensar em tanta possibilidade que há dos outros errarem.

Terceiro: uma pessoa chega com as provas todas bem corrigidas, certo? Lá nos sai aquilo das mãos outra vez! E para onde? Para o bendito cofre, que talvez (ou talvez não) esteja já reparado, e talvez (ou talvez ainda pior, sei lá) tenha ainda para lá umas gotas de óleo a escorrer.

Quarto: Vão desfazer o chamado anonimato. Ai meu Deus. Esta é das piores. Se os números já nem devem estar lá bem postos, se estão cheios de manteiga e de óleo, como é que eles vão ver o que corresponde a quê? Eu não estou nada segura com isto.

Quinto: Vão fazer as pautas, não é? Ha! Deixem-me rir, já nem é preciso dizer mais nada. A caminho da secretaria vão tomar um café. Encontram o Bèlito com uma garrafa de Romeira, estão um bocado ali, chegam à secretaria e pimba, os olhos já se trocam todos. A funcionária, coitada, lá faz o que eles lhe dizem (pobre ignorante).

Ninguém está seguro, não acha?
Está a ver o meu problema Doutora? Isto não é desconfiar das pessoas, mas uma pessoa quer fazer um trabalho de responsabilidade, e sai-lhe isto.

Atenciosamente,

Insegura

3 comentários:

Anónimo disse...

Axo que a Dra. Ruth,antes de responder,tem de visitar a ESLAV e conhecer,in loco, o tal de secretariado!Ela não faz uma pequena ideia...É que não se imagina!!!

Anónimo disse...

E atenção: nada de nódoas de fruta!

Anónimo disse...

Coitado do homem que reparou o cofre! No meio de tanta nódoa talvez fosse o mais limpo e competente!