07 dezembro 2006

OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS (II)

Aceitar o Futuro: COMO???

I

Entretanto, como eu precisasse ainda de me acalmar, já reanimado, levaram-me para o gabinete de gestão de conflitos - que é o local para onde mandam os alunos que pecisam de acalmar. E lá estava a professora Julinheta Limão, que me obrigou a escrever uma redacção sobre o que eu tinha feito de mal. Parece que, neste local, é assim que acalmam as pessoas...

II

Conduziram-me, depois, até casa. Até ao que parece que será doravante o meu lar. Eu, o terrível Termómetro, que tantos combates enfrentou noutros tempos, umas vezes sob o auspício dos deuses, outras vezes irritando-os (como daquela vez em que decidi convencer os meus companheiros a não fazer nada, como forma de protesto: e os deuses, irados, teimavam em que só três tinham aderido ao protesto, enquanto eu insistia em que foramos trezentos - contando, é verdade, com os que tinham morrido em combate...), eu, que acompanhei Ulisses, e lhe fiz partidas (como de uma outra vez em que o convenci, coitado, de que era ele que ia ter de substituir um guerreiro que faltara ao combate desse dia... o que nós nos rimos! - todos menos ele...), eu, que amei profundamente a minha doce Clister, por muito que a rainha de inglaterra se divirta com o seu nome e faça trocadilhos, eu, o herói mítico de que ninguém fala, pois bem, eu, uma vez encarnado no corpo de um funcionário, terei, ao que parece, de viver a sua vida, assumir-lhe os gostos, os comportamentos, o casamento...

III

É terrível. Eu, Termómetro, que amei e fui amado pela doce Clister (VAI PASSEAR, RAINHA DE INGLATERRA!) tenho agora em casa, à minha espera, nada mais nada menos do que uma esposa chamada Gertrudes, com buço e pêlos nas pernas, tenho um filho com um boné permanentemente enfiado na cabeça e umas calças permanentemente a desenfiarem-se-lhe pelo rabo abaixo e tenho uma televisão com um naperon de renda por cima... ao que um herói mítico pode vir a estar reduzido!!!

IV

Gostaria de ter força para aceitar o futuro que os deuses me reservaram: MAS COMO??? Se ao menos conseguisse compreender a missão que me está destinada...! Defrontar-me, mais adiante, com Agamemnon? Mas porquê? Quererão os deuses divertir-se com um combate, uma espécie de wrestling entre os dois? Ou será minha missão fazer desaparecer o presépio do refeitório? (Já comecei a tratar disso: todos os dias como um bocadinho daquilo, até que desaparecerá... se eu não morrer primeiro de indigestão...). Deverei roubar a mariconera a um tipo que para aí a passeia, e devolvê-la à sua legítima proprietária? Esforço-me por aceitar o meu futuro: MAS COMO??? (A Gertrudes pegunta-me pela vigésima vez se vamos passar o fim-de-semana prolongado a Coelheiros-de-cima... o meu futuro não me cheira nada bem...!)

3 comentários:

Anónimo disse...

Qual e o objectivo desta historia?

Anónimo disse...

Mas porque é que tem que haver "objectivos" em todas as histórias?
E já agora, que tal chamar-lhe "competências"?

Abelha Maia disse...

mas convém não confundir...são específicas ou transversais?para esta parte ou para a história inteira?xiça!!!!!!!!