14 janeiro 2007

UM MISTÉRIO COMO NUNCA SE VIU NADA ASSIM: EPISÓDIO ONZE

A saga do desaparecimento do carnet de Madame, ambientada na Linda-a-Velha do primeiro quinto do século XXI, desde os últimos esplendores da escola até às trevas em que nos lançara a política ministerial, e misturando técnicas de thriller, de novela histórica e, sobretudo, de comédia de costumes, fora bruscamente interrompida. (Porquê? Eis um mistério dentro do mistério!)

A escola em peso deu por isso e, como é natural, ressentiu-se da falta da história que a perseguia dia após dia.

Um dia, a tal «escola em peso», que é, basicamente, o senhor fantasmadaopera - o qual não se tem preocupado minimamente com dietas nem visitado a balança -, chegou-se-me à beira e deu-me conta do seu sentimento perante a falta do folhetim, dizendo-me: «Então parece que acabaram com aquela pepineira? Fizeram bem, que eu era o único que lia, e nem eu já lia». E vou eu: «Pois, parece que sim». E diz ele assim: «Mas então porquê, cansaram-se?» E respondo-lhe eu, então: «Não! Houve razões, houve razões». E ele assim: «Razões razões? Mas que razões razões???». E, então, eu: «Nem queiras saber...». E vai ele: «Ó pá, não me excites a curiosidade; aconteceu alguma coisa...?» E viro-me eu: «Nada, nada... Deixa, deixa...!» E, aí, vira-se ele... mas não sei se este diálogo vos está a... não...? Bem, abrevio, abrevio.

A verdadeira razão, confesso hoje à escola em peso (estás a ler, fantasma?) é que, há dias, eencontrava-me eu a rascunhar precisamente a continuação da série, enquanto não me chamavam para alguma AAA, quando ouvi uma voz arrepiante, potente mas velada, sensual e grave:
- Que tás tu para aí a escrever rindo tanto sozinho, ó Sindroma?
Para não me comprometer, comecei imediatamente a tentar engolir o malfadado papel em que rascunhava. Uma baforada de fumo invadira a sala; tossi nervosamente. Era Madame. Herself. Com umas jeans cheias de lantejoulas no traseiro, formando as letras: «Keep your hands off!» (Penso que se tratava de um aviso destinado a ser lido por certo colega grisalho e de barba).O problema, o meu problema é que... Madame... tomava notas... no CARNET!

Gaguejo afoitamente: «O te-teu ca-ca-rnet re-re-reapa-pa-pareceu?» E vai ela: «Não. Comprei outro...» E digo eu assim: «Mas...» E vira-se ela: «Pois...» E digo eu, que, nestas alturas de nervos, não consigo ficar calado: «Ah!...» E ela, então: «Sim...» E viro-me eu: «Bem...» E pergunta ela: «Mas não me disseste o que estavas a escrever, para eu apontar aqui...» E digo eu: «Hum!» E vai ela: «Hum!???» E viro-me eu: «Hum, hum!» E, ainda eu: «Olha, acho que me estão dali a chamar para uma AAA, desculpa, volto já, não posso falhar, é a minha dose de hoje, como sabes sou verdadeiramente viciado em AAA...!»

Acho que, se Madame regressou ao carnet, terei mais dificuldade em escrever: sinto-me asfixiado - mas se calhar é só por causa do cigarro que a acompanha. (Ela não troca de cigarros, é sempre o mesmo, até já lhe li o nome, chama-se Marlboro). Além disso, engolir um papel é uma coisa, mas se ela se lembra de aparecer enquanto eu estou a escrever no computador da sala dos DT? Engulo o computador??? Bem sei que a escola agradecia, mas os meus dentes e o meu estômago talvez não.

Em suma, seja como for, a saga vai continuar. (Até porque não sou eu a escrever o próximo episódio, eheheheh)

1 comentário:

Anónimo disse...

Pensei que tinha mudado de canal, perdão, de blog! A história nunca mais continuava...