26 abril 2007

UM EVENTO INCONTORNÁVEL

Já passaram alguns dias sobre a ocorrência mas é impossível não voltar a ela. Isto a pedido de inúmeros leitores, ou seja, Miss Mandylion e eu própria. Nesse acontecimento que decorreu no auditório 3 da Gulbenkian, só alguns participaram, escolhidos a dedo de entre todos os que embarcaram no projecto: quinze convertidos, a Capitania Eslava em peso, um olheiro da DREL e o Homem de Vitrúvio, que se entrou mudo e saíu calado. O mesmo não se pode dizer de Marçal Grilo, presidente da mesa, que, qual grilo falante, não poupou elogios à Capitania e à tripulação do barco e se mostrou altamente interessado nas intervenções que descreviam as práticas por que cada um passou. Destaco a título de exemplo, o relato da experiência de Madapleno, ao nível do psicodélico, com uma turma do nono ano; contou como conseguiu sobreviver a essa tormenta, como das antigas, só parecida às que eram relatadas por Fernão Mendes Pinto Calçudo. Mais espectacular foi a da FonteSeca, numa onda muito moderna, muito escrita, muito criativa. Os outros, assustados, não tinham conseguido igual feito, estavam até muito longe disso..., mas prometeram experimentar um dia destes. Afinal, é para isso que o projecto existe, porque é preciso aumentar o apetite cultural dos alunos, desde que não se ultrapassem os limites impostos pelas proporções vitruvianas, as tais que o próprio não se cansou de exibir.
Mas a intervenção estrondosa da sessão estava guardada para o coffee-break. Ninguém ficou indiferente a um redondo, discreto, escurinho croquete impertinente que se rebolou até estacar precisamente a meio da carpete beje, limpinha e plana do corredor. Aventaram-se algumas hipótese para a presença do penetra. Uma coisa era certa, todos sabiam que o lugar dele não era ali, mas não havia coragem para o expulsar, metê-lo ao bolso, comê-lo enfim. Foi preciso a determinação e perspicácia da Délia para de sopetão o enfiar, com delicadeza, no caixote do lixo. Consta que desde então, a capitania decidiu não mais se deslocar em conjunto a lugares públicos porque ninguém tira da cabeça do capitão do barco que aquilo era um microfone disfarçado, obra da oposição.

1 comentário:

Anónimo disse...

Presumo que o olheiro da DREL seja o senhor da reluzente careca?