15 maio 2007

O REGRESSO DE JUSTO FIXOLA, PROFESSOR À MANEIRA

Lembram-se de mim? Sim, sim, Justo Fixola, o professor moderno, moderníssimo até, que tem marcado a diferença nesta bela eslav.
O meu objectivo foi, se bem se lembram - e continua a ser -, tornar-me um professor-exactamente-como-os-alunos. Sei perfeitamente que a miudagem me aceita melhor se eu for «um da malta». O meu último progresso nesse capítulo consistiu em ter aderido às calças que escorregam-sem-cair, e me deixam as cuecas à mostra. Estou orgulhoso! As minhas cuecas são - outra inovação - umas boxers com teias-de-aranha estampadas.

Por incrível que pareça, se os miúdos me aceitam bem, quem não me aceita é o Conselho Executivo. Já lhes respondi: «Qual é o mal de mostrar teias-de-aranha nas boxers? Antes teias-de-aranha nas boxers do que teias-de-aranha nas cabeças, que já percebi que é o que vocês têm...»

Também gosto muito das funcionárias, que me fazem sentir completamente integrado. Dão-me carolos e pontapés, socos na boca do estômago e caneladas, tomando-me por um aluno. É sinal de que o meu papel de professor-exactamente-como-os-alunos tem sido um sucesso.

Mas não pensem que me esqueço da dimensão pedagógica. É para mim importantíssimo, aliás, conseguir que os alunos tomem consciência da escola como lugar fundamental para a sua vida. Nos tempos que correm, onde mais poderiam fumar sem ser incomodados - desde, claro, que não sejam professores... -, ou onde arranjariam lugares para namorar, ou onde encontrariam tantos espectáculos a que podem assistir gratuitamente?

Por falar em espectáculos, no outro dia houve ao pé do ginásio um lindo número de habilidades cavalares, executadas por um grupo da GNR.
Por mim, aprecio muito essas habilidades, até porque sei quão difícil é treinar e ensinar tanta coisa, não digo aos cavalos, que são animais espertos e com uns torrões de açúcar vão lá, mas aos senhores soldados da GNR propriamente ditos.
Foi, de resto, um espectáculo tão lindo, que não me arrependo de ter trazido nesse dia a minha namorada à escola.
Só tive pena daquele pequeno incidente: quando passávamos os dois pela traseira de um dos cavalos, este soltou um tremendo e sonoro gás. Foi um tanto embaraçoso. Fiquei envergonhadíssimo. Nem descansei enquanto não disse à Fofinha:
- Olha, desculpa isto!
E ela:
- Oh, não faz mal, não faz mal; olha, se não tivesses dito nada, até ficava a pensar que tinha sido o cavalo...

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