01 maio 2007

O REPÓRTER ESTRÁBICO ESPREITOU O CONCÍLIO DOS DEUSES

Há pessoas capazes de tudo.
Até há gente neste mundo, vejam bem, capaz de torcer o nariz à ideia de que o fantasmadaopera estivesse no Concílio dos Deuses.
É perante os preconceitos e o obscurantismo da sociedade, que a imprensa deve cumprir o seu papel. Os verdadeiros repórteres percebem que não existe neutralidade. Devem tomar posição, quando é fundamental fazê-lo.
Eu, meus leitores, assisti a tudo.
O fantasmadaopera encontrava-se, efectivamente «lá». No dito Concílio. (O Olimpo era o Estádio da Luz).
Havia deuses visitantes, provenientes das mais diversas mitologias: lembro-me, assim de repente, de ver Odin, que chegou com o seu capacete alado e uma série de valquírias, e, mais ao fundo, uma deusa indiana com tromba de elefante.
O fantasmadaopera estava nos seus variados postos: primeiro, arrumando os veículos celestes; depois, recolhendo os casacos das visitas, tudo sempre com o mesmo sorriso gentil (embora se atrapalhasse um pouco ao ajudar uma determinada deusa de múltiplos braços a despir o casaco).
Vi-o, depois, a servir a bica a Júpiter e, mais tarde, a distribuir bebidas numa tabuleirozinho. Os canapés, o prato principal, o segundo prato, tudo era da responsabilidade de fantasmadaopera. Estou pronto a confirmar que a sua presença no concílio se revelou indispensável. De todo o lado se ouvia: «Pst! Ó fantasmadaopera...» e «Aqui já, fantasmadaopera», e «Traz-me isto, fantasma» ou «Traz-me aquilo, fantasma...!» Esteve incansável - percebe-se perfeitamente, após tanto serviço, por que razão tem pouca vontade de fazer seja o que for quando regressa à escola...
Estou pronto a jurar. Sou uma testemunha ocular. Sou até, para ser mais rigoroso, uma testemunha binocular.

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