24 maio 2007

UM APONTAMENTO DO PROFESSOR BARNABÉ: AGORA É QUE SER PROFESSOR ESTÁ BOM

Eu não sei se estão de acordo comigo, mas aquele pedaço de tempo em que estamos na expectativa de mudança de escalão é um pedaço de tempo difícil, de muito trabalho e grande «stress».

Lá temos de fazer umas acções de formação sobre horticultura, ou sobre arranjos florais, ou sobre outras coisas que também não têm absolutamente nada que ver com a nossa disciplina ou com a nossa profissão, por exemplo: uns cursos abreviados de informática, como se não soubéssemos perfeitamente que, na nossa escola, é mais difícil encontrar um computador vivo do que um aluno chinês.

Mas não é só isso: para além das inúteis acções de formação, ainda temos de escrever um relatório que é uma espécie de romance de ficção científica: eu bem puxo pela imaginação para tentar inventar que sou um professor excelente, que as turmas gostam imenso de mim, que sem a minha presença a escola ruía...

Estou, portanto, muito mais calmo por ter confirmado hoje que não mudo tão cedo. Congelado é que estou bem. Pode ser que, a manter-me assim tão congelado, não tenha sequer de ir dar aulas. (Que eu saiba, pelo menos na arca da minha casa, os congelados não dão aulas...). Até 2009, descanso absoluto! (E mesmo assim, ainda há quem venha dizer que o ministério não se preocupa com o bem-estar dos professores... Há gente muito ingrata!)

Por outro lado, esta história do professor-titular, vem animar a malta. Parece um jogo. Sempre o disse. E, pelo que vi (não percebi muito bem mas vi), ter estado a fazer umas coisas em Moçambique - ou estar lá a fazê-las... - dá alguns pontos. Por que não se estende o brinde aos que trabalharam em Angola ou na Guiné, não sei, mas que os de Moçambique ganham alguma coisa, isso posso afiançar-vos...

Esta última referência passava bem por uma graçola minha, mas não é, porque:

a) Não me atrevo a dizer graças, não me aconteça a mim o mesmo que ao professor Charrua.
b) Era preciso uma dose de imaginação que de todo me falta, para me lembrar de uma graça tão despropositada.

Não. Vão ver com os vossos olhos: isto é verídico, é exacto.

Ora como eu nasci de Moçambique, tenho alguma esperança de que o facto me forneça uma bolsa confortável de pontos. Como as coisas mudam. Na altura, chamavam-me «retornado», «monhé» e coisas desse género; evitavam-me, que eu bem o percebia. Nem sequer as testemunhas de Jeová me convidavam para as festas de anos dos seus filhos. Agora, de repente, dão-me pontos. Antes assim!

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu também estou completamente congelada. E falam eles do Aquecimento Global!! O sr. Al Gore bem podia pôr os olhos neste rincão à beira-mar plantado e fazer outro filme.