16 julho 2007

UM BARBICU

No sábado fui convidado pelos meus vezinhos para um churrasco. Sendo eu um tipo intervertido, mal conheço as pessoas que moram ao meu lado. É só "bom dia" e "boa tarde" e nem chega a ser "boa noite" porque depois que o sol se põe raramente saio de casa; só quando o grandanuar do vezinho se põe a ladrar desalmadadamente é que espreito pela jelosia que dá para o quintal dele e quase sempre é porque algum gato ladrão lhe foi rapinar a comida, coisa que o enerva; como é natural, a mim também me enerva slenemente.
Como dizia, o barbicu foi muito bom; havia sardinhas, fêbras e costelas, que é uma coisa que as pessoas aqui chamam entregosto e até já ouvi chamar-lhe piano. Para mim, piano é um instrumento que se toca com as mãos e que eu adoro muito ouvir. Quando andava na escola ainda aprendi umas coisas com uma vezinha que me ensinou a destinguir as técalas pretas das técalas brancas, mas que já me esqueci.
Como já perceberam, sou muito sociável e sempre me dei bem com os meus vezinhos, o problema é que agora sou muito mais tímido. Sou tão tímido que não consegui meter conversa com a filha deles, uma moça que é baby-sister e é muito gira. Ainda puxei conversa quando lhe contei que tinha ido ver a xanfana da GNR em Belém. Ela disse que aquilo não era xanfana que era a sanfona. Mas o pai dela, que é um complicativo, veio meter-se na conversa e disse que aquilo era a xaranga e que se tivessemos dúvidas ela ia perguntar ao vezinho do outro lado, que é alferes e percebe disso e que se calhar aquilo era mas é a fanfarra. Eu respondi que não valia a pena mas mesmo assim o homem insitiu e lá foi ele chamar o alferes que ficou todo sastefeito porque a mulher dele tinha estorricado o almoço e até lhe calhou bem. Ficamos assim todos a saber que aquilo que eu tinha visto era a charanga e que é a única no mundo que toca a galope; nada como um espacialista para escarcer certos assuntos.
Além destes, eu ainda tenho outro vezinhos muito engraçados. Quando já estavamos a comer, uma outra vezinha foi lá pedir uns limõezitos...um ou dois e levou quatro. Estava com muita pressa porque tinha lá dezanove pessoas para jantar mas nunca mais se ia embora. Explicou que vai de férias e que precisava de alguém que lhe tomasse conta da Fiona. Ninguém sabia quem é a Fiona, embora eu já tivesse ouvido esse nome em algum lado. Descobrimos entretanto que se trata de uma ratinha e que um de nós vai ter que dar atenção e de comer à Fiona, mas que não é preciso passeá-la. Ficou decidido que vou ser eu que terei a meu cargo essa tarefa. Logo eu, que detesto ratos.
Depois de tudo isto, já nem consegui engolir a bifana que tinha no prato e muito menos o gelado tutti-fruta com chentilim e que tinha tão bom ar. Mas ficou combinado que, na próxima vez que eu for ver o render da guarda no palácio de Belém, a baby-sister vai comigo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!

Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões