26 outubro 2007

FINALMENTE OUVIRAM AS MINHAS PRECES!

Estou tão feliz que só me apetece atirar ao pescoço da minha professora de geografia! E olhem que não é fácil. Mas eu sabia que um dia isto me ia acontecer. Tenho dezassete anos e ando no oitavo ano. Só eu e Deus é que sabemos o que tenho passado para chegar aqui. É com muito sacrifício que me levanto todos os dias à mesma hora, às 8 em ponto, para vir para a escola e entrar às 8.30h, vestir-me, estar horrores de tempo na paragem à espera do autocarro, depois vir naquele aperto de gente, chegar e ir a correr para aula com uma sandes que compro à pressa no bar e engoli-la à porta da sala!
Quando nem tenho tempo para comer, fico enjoada e dá-me uma fraqueza; não consigo escrever o sumário e muito menos os tpc. No intervalo não tenho tempo de ir ao bar, vem uma, conversa, vem outra, conversa e claro, o tempo não dá para tudo. E depois, no bar é uma barafunda, há até uns miúdos que se empoleiram e fazem grande estrilho para confundir as senhoras; lá conseguem desviar um ou outro bolito, que eu já os topei. Não me meto nisso, prefiro esperar e só vou ao bar depois de dar o toque de entrada. Mas depois deste esforço, ainda por cima, levo o desaforo que é uma falta de atraso! Às vezes estou tão mal disposta que os professores dão conta e deixam-me ir comer qualquer coisinha a meio da aula. Mas depois marcam-me falta porque me esqueço de voltar para a sala!
Isto tem sucedido ano após ano. Tenho muitas faltas injustificadas, injustamente, montes delas e ameaçam mandar-me embora da escola. Considero-me uma vítima do sistema, mas isso nunca me fez desistir e tenho voltado todos os anos, porque tinha esperança de que as coisas mudassem.
Tantos anos à espera duma altareação e nunca ninguém ouvia as minhas súplicas, nem profs, nem dts, nunca ninguém me compreendeu! Foi preciso aparecer esta ministra que é uma santa, agora posso dizer assim, porque daqui em diante tudo vai ser diferente. A partir de agora, mesmo que passe o dia a comer tostas-mistas e a beber sumos, o máximo que me pode acontecer é ganhar um quilito a mais. Nada que não desapareça quando entrar na faculdade.
Muito obrigada, senhora dona ministra e a todos os que consigo trabalham para dar aos jovens esperança no futuro.
Uma (sua) crente,
Mindinha

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