20 outubro 2007

PARTIRAM A TROMBA AO RAMOS E RAMOS

Regressei ao 24 horas. E porquê? Porque sou francamente de opinião que tudo aquilo que consegue ser melhor, seja em que aspecto for, merece pelo menos uma consulta. E o 24 horas é, inegavelmente, o melhor na qualidade de ser o pior jornal do mercado português. (E olhem que "escolha" é o que não falta!)

Desta vez, prendeu-me um artigo sobre Pedro Ramos e Ramos, intitulado: «Partiram-lhe a Cara».

Pedro Ramos e Ramos é, portanto, um homem com azar. Já não bastava alguém responder pelo nome de «Ramos e Ramos», como se não tivesse a certeza de como se chama, ou de que o ouvissem à primeira - que é certamente o que deve ter acontecido quando o padrinho ditou o nome da criança ao senhor notário, sublinhando bem, não fosse o homem ser mouco: «Ramos... É Ramos, está bem?»

Pois segundo o jornal, Ramos e Ramos ia na sua «vidinha» [sic], ou melhor, não ia, estava parado diante de um semáforo, ouviu umas «bocas», respondendeu e, por fim, «foi agredido por um jovem no centro de Lisboa».
E relembra o senhor muitos Ramos: «Ele disse: "Olha, vai ali aquele parvalhão da televisão».
Depois, em off (o jornal já não regista essa parte), ainda explicou: «Não gosto que me insultem; "parvalhão da televisão" ainda vá, que é simplesmente o que eu sou, agora dizerem "Olha", e "vai ali", e "aquele", já viram bem?, "aquele", como se eu fosse um qualquer?! Há coisas que um parvalhão da televisão não pode admitir!»
O engraçado, é o que o senhor imensos Ramos relata a seguir ao jornal.
«Respondi-lhe que podia ser tudo aquilo mas que ainda o metia no lugar». Aparentemente, não. O jovem é que o meteu no lugar. «Deu-lhe um murro no nariz». «Agrediu-me de fora para dentro do carro» - julga-se que o jovem teria tentado agredir o senhor de dentro para fora do carro, mas reconhecendo a complicação da operação, acabou, preguiçoso e desistente como toda a juventude de hoje, por escolher a solução mais simples.

Ramos e Ramos chamou a polícia, mas não pede prisão para o rapaz. «Acho que é tarde para fazer pedagogia com um miúdo daquela idade». (Entre os 16 e os 19 anos). «Gostava que ele fizesse serviços à comunidade». E pela sua mente teria perpassado: «Podia começar por fazer um serviço à comunidade que sou eu próprio, sob a forma de cobranças de uns dinheiritos que me devem...»

Bem-hajas, 24 horas: salvaste o meu sábado da mais absoluta monotonia!

2 comentários:

Anónimo disse...

Um comentário destes a propósito de quem é gratuitamente agredido na rua é desconhecer por completo o limite do disparate. Um pouco mais de moderação só elevaria o nível da blogosfera.
Jorge Santos Silva

Anónimo disse...

Senhor Jorge Santos Silva.
A questão não é, obviamente, a da agressão gratuita. Que não me parece bonita (seria preciso dizê- -lo?), mesmo gratuita. E então a mim, que também já fui agredido e, mesmo sendo de graça, por acaso não gostei! A questão é a dos limites do humor; é a do que é troçável na encenação pirosa que um tablóide piroso faz em torno de um episódio pirosa. Posso ter ido longe, mas não se preocupem, respirem fundo: o nível da blogosfera não corre perigo, enquanto houver um Jorge Santos Silva para o elevar. Ó Silva, dá cá o nível!
Anibal Silva Sousa