11 janeiro 2008

TENTANDO LAVAR A CARA À ESLAV – Parte I (sem Parte II à vista)

- Boa tarde senhor Tony, já estava à sua espera, conforme combinamos…
- Ah, pois foi, mas eu não posso ir…
- Mas tínhamos combinado…Vim de propósito para vir trabalhar consigo… para lhe dar apoio, amparar o escadote, segurar no burquim, dispensar-lhe o nível, dar-lhe o fio de prumo...
-Pois! (diz, coçando a cabeça), mas é apareceram uns assuntos urgentes, sabe como é. Em primeiro lugar é preciso pôr aqueles placares no sítio, ali no polivalente.
-Bem vejo, até lá está uma mesinha; é para ir meditando acerca da obra, não? Para ver se está tudo direitinho…
-Isto ficou um pandemónio depois de cá virem pôr este carrossel vermelho. Podemos é deixar aquilo do bufete para outro dia. Ordens superiores…
-Pois, estou mesmo a ver, deve ser para quando eu estiver a dar aula…
-Olhe, olhe!, faça-me um favorzinho, chegue-se mais para aqui, isso isso! Tape-me… Vem lá a professora Mádá Blanco… pela cara dela estou mesmo a ver que me vem pedir pela milionési…ham…pela primeira vez para lá ir afixar uns painéis na sala dela…
-Oh! Senhor Tony, era mesmo consigo que eu queria falar!
-Professora Blanco, como está?
-Bem obrigada, então quando é que lá vai fazer aquilo?
-Não viu o Alelex, não? Vou ver se o encontro por aí…preciso perguntar umas coisas…é tudo tão urgente, meu Deus, tanta coisa para fazer… E logo hoje que o meu ajudante sofreu um ataque com gás sarin, saron, pimenta, ou lá lá o que é... esta canalha que não nos deixa trabalhar...

1 comentário:

Anónimo disse...

NEM ODE NEM SAI DE CIMA
Continuam magras as vacas. Pela seca dos pastos, pela atávica pelintrice nacional em recursos humanos e materiais, pela miopia politiqueira, pelo ramerrão social. Mudanças auguradas, desconfiança dobrada – assim fomos, somos e seremos. Depois, há a rija como um pêro, tradição do “nem ata, nem desata” que a riqueza vernácula traduz pelo magnífico “nem fode, nem sai de cima”. Isto para quem copula com vagar, porque demoras no coito dos arrumados por contrato ou instalação habituada, é celebração anual. Quando é.

O zelo fiscalizador dos novos polícias de costumes, os técnicos da ASAE, está em alta. Olhando de baixo para cima a quase totalidade da Comunidade Europeia no que é recomendável, para trás têm ficado medidas coerentemente estruturantes. E, bem à moda do galo de Barcelos, agigantamos a crista para distrair da lama patilhada. Na fúria da normalização para o faz-de-conta que somos o que não somos, vão à lamela e medem-se com craveira e palmer as castanhas dos vendedores de rua, os próprios vendedores, os enchidos e mais o tudo que seja artesanal. Não tarda, serão catalogadas as desobediências ao tamanho médio europeu das mamas, rabos e pendentes-entre-pernas dos cidadãos. E mais o que vier a seguir, por que dou por certo só parar esta tendência padronizadora quando, por pessoas, forem entendidos uns humanóides rigidamente iguais, saídos das linhas de produção industrial.

Escreveu um comentador: “E que tal padronizar a escrita de modo a que, p'a próxima, eu possa ler o que o distribuidor de correio me deixa grafolhojado no aviso de correio registado? Chamava-se caligrafia, permitia que todos escrevessem de modo a serem lidos - excepto o médico, o d'antigamente...- e está completamente abandonada porque é trabalhoso e também porque, tal como na Idade Média, estamos a assistir à (re)condução das pessoas comuns a um estado de iliteracia e de analfabetismo –homólogos - que as afastará dos privilegiados dominantes? ó rait... yá!”