18 janeiro 2008

O MODUS OPERANDI

Ex. ma senhora dona Lurdes:

Serve a presente para a pôr a par dos últimos acontecimentos na escola que, se bem me lembro, tínhamos decidido designar pelo nome de código «A Velha é Linda».

Hoje, apareceram-me aqui o agente Simões e o agente Azevedo, em polvorosa, a dar-me conta de que tinha havido uma ameaça de bomba. O agente Simões só me repetia não sei quê do «modus operandi», e que este não seria o «modus operandi» dos terroristas, nem dos bombistas, que não costumam ter um sotaque tão nortenho, mais o «modus operandi» para cá e o «modus operandi» para lá. Até que eu o mandei calar e passámos de imediato às investigações.

Temos como suspeitos, para já, Mrs. X (para continuar a falar em código), que se passeia pelos corredores da escola como se estivesse num aeroporto internacional, com um trólei onde me parece possível que transporte algumas bombas.

Por outro lado, temos aquela senhora cujo nome também não vou dizer por claro, mas a quem poderíamos chamar senhora Belém, ou tratá-la por outro nome de estação de caminhos-de-ferro (desde que não fosse, é claro, «caxias», porque assim já não seria código); trata-se, em resumo, de uma senhora professora a quem se terá metido um dia na cabeça que era por força campista, de modo que se passeia, alegremente, sempre com uma mochila às costas, onde quer que vá, aparentando levar, no interior da dita, um saco-cama, garrafas de água, lanternas, frigideiras, peúgos e outro material de campismo. Há a hipótese de que transportasse uma bomba.

Não deixámos também, como é evidente, de tomar devida nota de um senhor y, que passava aí muito de pochete. O que é, obviamente, qualquer coisa altamente suspeita. Fomos interrogá-lo, e o que ele nos confidenciou foi que «já não tinha pochetes», que lhe teriam roubado a sua querida pochete e, desde aí, nem queria voltar a ouvir falar nisso.
O agente Azevedo, quanto a mim pertinentemente, estranhou:
- Roubaram-lhe a pochete e o senhor não notificou a polícia?!
Está bem visto, não é verdade?
É suspeito, não é?
Assim tem sido o nosso «modus operandi» em referência ao assunto em questão.
Dar-lhe-ei conta de toda e qualquer evolução.

Respeitosamente,

Gaspar Olhovivo

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostaria de ajudar nas investigações, acrescentando à lista também uma outra portadora de troley que lá por ter nome de Nossa Senhora de Fátima, não engana ninguém! Aliás, Senhora só há uma: a De Lurdes, e mais nenhuma.
Acresce ainda que aquele que a si próprio se intitula "Olho Vivo" passa a vida cultivando um ar de distraído, a quem acontecem coisas estranhas, é com certeza o principal suspeito: a pressa que ele tem em desviar a atenção de si é altamente suspeita, para além de ninguém poder afirmar ter visto convenientemente o conteúdo da sua própria pasta. Larga-a aqui e ali com um ar displicente de quem quer perder os testes que tem que corrigir, mas pode ser só o ensaio para a largar com (ou como?!) uma bomba.