04 outubro 2010

ANTES DA CABEÇA DA JUNTA III

Passam poucos dias sobre o rapto de que fui vítima. Só hoje, uma semana após, consigo falar sobre este assunto delicado. A troco de um almoço (bem dizem que os não há grátis) arrastaram-me à escola. Estrebuchei, deixei-me ficar no carro quase deitada, mas o olhar aguçado da raposa GG topou-me. Não tive como resistir; puxaram-me com abraços e beijos e a abraços e beijos nunca se resiste.
Às pressas, enfiei uma rodela de cebola na boca, na esperança de afugentar os beijoqueiros, mas sem sucesso.
À minha espera estava um vespeiro cujo extermínio já tinha começado por obra de Alelex e senhor Tony (é possível que a esta hora, o vespeiro já deva ter triplicado). O certo é que muitas vespas jaziam já na sala da direcção, veladas por Lúcia Lima, que choramingando, lamentava tanta morte.
- Achas que era preciso isto? Não poderíamos viver todos em harmonia? Vês a falta que cá fazes? Aposto que conheces um programa que afugenta vespas.
- Vejo que aqui há mudanças profundas: vespas mortas em vez de moscas mortas. E aquela mesa... Aquela secretária já está a meio da sala... Está de saída?
- Aiiijesus! Nem me digas nada... Volta, volta, suplico-te. O que é preciso fazer?
- Dar a volta à cabeça da Junta.
- Fala ali com o Alelex; mecânica é com ele. No ano passado até tinha aí um esqueleto de mota, andava sempre a falar dele, lembras-te? Achas que serve para a tal Junta?
- Não depende só de mim. Primeiro há que reforçar os apoios...
Saí em busca deles mas quando dei por mim tinha sido sugada para dentro de um vórtice que se chama sala de professores e onde se contam as mais escabrosas histórias. Para vê-las multiplicar-se é só dar o mote...
- Voltaste?
- Não... eu... não...
- Ainda bem, é que preciso da tua ajuda para decorar a sala que vai passar a ser o gabinete de Educação Sexual. Disseram-me que era um balneário desactivado...
- AhAhAh! Um que tem uma parede forrada de mictórios...?
Um abracinho faz-me rodopiar 180 graus, felizmente.
- Ah, tu foste atropelada numa passadeira...
- Não. Eu estava no passeio.
- Pois, eu também atropelei um senhor que ia na passadeira. Passei-lhe por cima.
- E eu tenho uma amiga que atropelou um bêbado na passadeira e ele não sofreu nada.
- Mas eu não estava na passadeira...
- Ao menino e ao borracho põe-lhe Deus a mão por baixo.
Obviamente, os salvamentos de Lara Croft não se ficam por aqui...

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