15 outubro 2010

A ENFERMEIRA NINI

Pois é, minha gente. Agora que anda toda a gente a voltar, decidi dar o meu contributo. Sobretudo depois de ter lido um texto do senhor karadestupor jr, sobre o reencontro com uma professora.
Isto lembrou-me imediatamente uma história passada comigo no tempo do saudoso Sargento Balicha.
Uma vez, também apareceu lá em África, na zona de combate, uma enfermeira que era boa como o milho! Parecia uma daquelas que o Nosso Sargento tinha em fotografias de calendários afixados na cubata. Pois o Sargento também nos tinha prevenido, antes da chegada dela: «Ó pessoal! Ó Amélinhas! Bomecês agora, muita atenção, nada de porcarias. Em frente da rapariga não se pode dizer asneiras. Nem que tenhamos de amordaçar o Simões...»
A rapariga veio. Era linda. E, tal como a professora do karadestupor jr, esta também tinha um sorriso de fazer perder a cabeça a um tipo. A razão pela qual ninguém perdeu a cabeça foi porque... ninguém estava a olhar-lhe para o sorriso. (Minto! o 47 perdeu a cabeça, mas foi a limpar a arma sem a ter descarregado previamente. É outra história!)
Foi um tempo maravilhoso. Andávamos todos babados. Todo o pessoal se queria oferecer para lhe despejar um regador pequenito em cima, para ela tomar duche. Não comíamos a ração de combate, só bebíamos. Não dormíamos. Ficávamos a escrever poemas de amor.
Passados todos estes anos, encontrei precisamente o Simões, que queria fazer um jantar para nos reencontrarmos com a Enfermeira Nini (era como ela se chamava...). E eu disse-lhe. «Ó Simões, pá, não te metas nisso, olha que vai ser uma desilusão. Quantos anos é que se passaram? Tu estás gordo, careca... Vamos guardar antes a lembrança dela. Aquela fotografia que lhe tirámos a tomar duche de regador... tu ainda tens a tua...?»
Mas o Simões tanto insistiu que, prontos, lá fui eu.
Na noite do jantar, entrámos no restaurante O Soldado Zarolho. Grande algazarra, muitos camuflados que já não assentavam tão bem, abraços. E quem estava lá, a um canto, sorrindo a todos, sem perceber nada do que se dizia?
Uma velhinha. Poças. Conservava o mesmo sorriso, mas julgo que era da dentadura. De resto, não posso jurar: nunca antes tinha visto o sorriso dela...

1 comentário:

Anónimo disse...

Bolas, que deprimente!!!....