A ministra e toda a sua comitiva haviam desaparecido, mal se tinha visto assomar à porta aquele horripilante rosto.
Era Mariana Alicate: Mariana herself; Mariana a própria, propriamente dita. Ou não. Talvez fosse apenas um fantasma.
- Um fantasma - gritaram todos em coro.
- Sim - convenceu-se imediatamente de si o João Paulo, a quem ninguém ligava patavina. - Sei que sou extraordinário, mas, caramba, também não é preciso exaltarem-se desse modo lá porque descobriram que sou o genial fantasmadaópera...
- Quê? Que é isso, o «fantasmadaópera», o «fantasmadaópera»...? -, insurgia-se uma professora de português. - É assim que tu escreves? E ainda falam dos alunos...
- Um fan... fan... fan... - tentava Alexandre assustar-se ao mesmo tempo que os demais.
- Fantasia? - aplaudia Cristina Nunes, pensando que se voltava ao seu jogo predilecto.
- Nã... nã... não me ch... cha... cha... cha...
- Chá-chá-chá? Chapéu? - Cristina olhava de soslaio para a cabeça inesperadamente descoberta de Conceição Baptista.
- O... O... O-lha - retrucava Alex, furibundo - tu vai mas é à... à... à...
- À...!? Essa é difícil: Asa? Ave?
João Paulo, reparando que a atenção que obtivera por uns instantes, e de que tanto carecia, estava prestes a desaparecer, enervou-se:
- Perdão. Não estávamos a falar de mim???
Mariana enervou-se ainda mais:
- Perdão, perdão. Não era de mim???
Guerra, muito mais ainda:
- Perdão, perdão, perdão. Fantasmas, aqui, estragam tudo. Isto é um folhetim policial. Nun folhetim policial não há fantasmas.
- Mas eu não sou um fantasma - elucidou Mariana Alicate. - Sou a Marianinha. O que aconteceu foi que... bem, sempre que a luz se apaga, ploc, desato logo a dormir. E depois não me é fácil acordar. Chama-se a isto o mal de «fátimafranco»: por que raio pensam vocês que pedi para não me porem a dar aulas às oito e meia da madrugada?
- Que diabo! - indignava-se o nosso detective, vendo o seu caso reduzir-se a migalhas, como o último chapéu de Conceição Baptista. - Então e aquele corte no pescoço?
- Ah, isso? está bem feito, não está? Olha lá. Caracterização, meu querido. Esqueceste-te da festa de Halloween? A Associação de Estudantes no seu melhor...?
Guerra suspirou: «Nesse caso não houve crime. Ora bolas! Se tivemos tanto trabalho ao menos podias mesmo ter morrido.»
Teresa Santos aproximava-se com um novo ratinho no estômago:
- Que tens tu aí na mão, Mariana?
- Isto? É um bolo que fui buscar ao...
- Boa, boa. Tenho aqui uma faca para cortar bolos, nunca a largo. Deixa-me provar, deixa-me provar - e com estas fatídicas palavras, atirou-se desastrada e esfomeadamente ao bolo, de faca em punho rebrilhando à luz da lua, porque entretanto já anoitecera novamente. Houve um movimento brusco, errado - e a lâmina penetrou profundamente na carne de Mariana. «Bolas, agora está suja de sangue, o bolo, assim, já não me vai saber tão bem...» Ouviu-se um grito agudo. Ouviu-se um baque grave. Mariana caía, a faca enterrada até ao cabo, como se a nossa colega fosse uma almofadinha de espetar alfinetes.
Guerra deu um salto. Rejubilava:
- Afinal sempre há caso.
- Qual cajo qual carapucha, chenhor doutor - lamentava-se o Watson-nocturno. - Atão não vimos todos que a culpada foi aquela chenhora da faca...?
Um brilhozinho de inteligência faiscou no olho azul de Augusto Guerra:
- Meu amigo, nem sempre o que parece, é!
(UFA!, QUER DIZER, FIM)
2 comentários:
Mas que estupidez!!!
Tou mm a ver q agr vai haver uma sequela de Titulo:
A INVESTIGAÇÃO DE GUERRA QUE JÁ TEM CONCLUSÃO MAS MESMO ASSIM VAI CONTINUAR POR PURA PARVOÍSSE CAPITULO (I)
É nestas alturas q me sinto frustrado
SHAME ON YOU!!!
Ah! Ah! Ah!
Eu sempre o soube, não me deixaram foi dizer, que a Mariana Alicates não tinha sido assassinada!
(Quero dizer: antes, no início, porque agora, não estava lá, não vi nada!)
Estava a inscrever-me para a tenda do Decathelon, que bem vou precisar, porque sou a única que tenho três Direcções de Turma!
Katia Vainessa
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