02 março 2006

CEUZINHA NO PAÍS eslavADO DE NOVO: V

Mal Ceuzinha saiu, percebeu que a queriam introduzir numa espécie de pista rodeada de arame farpado, onde, como nos circos, umas feras inamistosas se passeavam, rugindo de vez em quando. Viam-se, por ali perdidos, um biscoito dietético e um chapéu, quem sabe se o que sobrara das que haviam entrado primeiro.
Havia uns tamboretes, uns arcos inflamáveis, enfim, material didáctico para entreter as ferazitas, as quais olhavam com um misto de gula e raiva para a domadora que lhes ia caber.
Do corredor das AAA, onde estavam ainda os outros, ouviu-se a voz do gato Pochato gritando, para a encorajar:
- Não te deixes abater, Ceuzinha. Pega numa garrafa de plástico, se a encontrares, e defende-te. Não há nada como uma boa garrafa de plático. Estamos contigo.
E, logo a seguir, a voz sarcástica de Lagarta da Couve-vermelha, também chamado Lagarta da ópera, corrigir:
- Não estamos aí contigo, não. Felizmente...

Nesse instante, Ceuzinha viu um grupo de aspecto divertidíssimo, alegre, brincalhão: eram as meninas das matemáticas, cada uma em forma de um determinado número (a 1, a 2, a 3), que chegavam de uma espécie de festa anual, a que chamavam PROFEMAT, onde cantavam, faziam compras, contavam segredos e também, por fim, quando estavam cansadas de tanta folia e já não se lembravam de mais nada, acabavam por fazer uma conferenciazita.
Ceuzinha gritou:
- Meninas! Ajudem-me...
Mas não a ouviam, entretidas que estavam umas com as outras, trocando figuras geométricas, «troco um cubo por duas pirâmides, queres?», «Não, não, não, pirâmides já eu tenho repetidas...», de modo que Ceuzinha teve de gritar mais alto:
- Meninas! Ó meninas! Socorro...!
Fez-se um silêncio. A número 1 aproximou-se um pouco. Viu Ceuzinha prestes a entrar na pista, empurrada pelas lanças dos soldados-carta.
- Valha-me Pitágoras! - exclamou a número 1. - Meninas, temos de agir...
- Aguenta, pequenina. - Gritou a nº 2. - Já aí vem o Nuno Crato...

(CONTINUA)

1 comentário:

Gil Duarte disse...

Bom. Para que conste de uma vez por todas, e mesmo correndo o risco de apanhar do planetazul, que acha com certeza que eu ando a ouvir vozes, deixem-me esclarecer: este texto é uma brincadeira; não tem a intenção de ofender ninguém. Algumas das professoras de matemática desta casa (mas já agora: de facto, não todas...) são das pessoas que eu mais prezo e considero. E penso, sinceramente, que a profemat é um campo de encontro e cruzamento de saberes e experiências docentes. (Não estou a recuar, estou a esclarecer!!!) EU não tenho dúvidas acerca disso. Mas por que raio ficarão tão incomodadas com as brincadeiras? Será que têm dúvidas acerca disso???