Ex. mo Senhor Presidente do Conselho Executivo:
No dia 25 de Maio de 2006, pelas treze horas, estava eu na aula do 7º T quando um menino desconhecido, mas julgo que aluno desta escola, veio à janela fazer gestos e tagatés para os que se encontravam no interior da sala. Furiosa, fiz-lhe, também gestualmente, advertência de que devia ir de imediato embora dali, cessando de nos incomodar, ao que, rindo muito, o aluno respondeu com outros tantos gestos, vários deles com todo o ar de serem franca e gravemente obscenos (embora eu não seja especialista em linguagem gestual). Por minha vez, fiz-lhe gestos no sentido de que não me incomodasse mais ou eu iria fazer uma queixa. Perante isto, o jovem pôs-se a imitar animais, entre os quais conseguimos identificar - eu e os meus alunos, que pareciam julgar que se tratava de um jogo -, um elefante, um cavalo, um rinoceronte e um javali.
Saí da sala com o intuito de apanhar o aluno no momento em que estava em plena imitação de uma girafa.
Iniciou-se um desagradável diálogo.
Perguntei-lhe o que julgava ele que estava a fazer, ao que me respondeu que pensava que, com o meu gesto, eu lhe tinha pedido que fizesse de animais. Disse-lhe que era absurdo, que estava a disparatar, e que os meus gestos haviam sido para o mandar embora e para avisá-lo de que, a não ser assim, iria ter problemas. Insistiu em que percebera mal; e que tinha esse problema de compreensão em relação a tudo o que os professores lhe diziam, quer por gesto, quer oralmente, quer por escrito, e que, mesmo nos testes, interpretava sempre as perguntas no enunciado como significando coisas diferentes daquelas que os professores expressavam.
Perante isto, disse-lhe:
- Vá-e lá embora, e não quero ouvir nem mais uma palavra!
Retorquiu-me, desafiador:
- Uma palavra! Uma palavra! Uma palavra!
Comecei a persegui-lo. Ele fugia-me. A turma tinha vindo à janela. Alguns estavam à porta. Aplaudiam todos. Procuravam moralizar-me, mas eu não conseguia apanhá-lo e, portanto, uns tantos já começavam a vaiar-me.
Nesse momento, cruzei-me com o colega João Catalão, a quem, desesperada, pedi, num sopro de voz:
- Apanha-o, João! Agarra-me esse...!
Ao que, por sua vez, o professor João me respondeu, com a sua característica pronúncia nortenha:
- Eu??? Era o que faltaba! Num suô de educaçõ física!
Venho, pois, por este meio, fazer uma participação do professor João Catalão (uma vez que não tornei a ver o aluno e não faço a mínima ideia de quem ele seja).
Que o Conselho seja justo e exemplar.
Que não se deixe passar esta inaceitável falta de solidariedade.
A professora,
Martina Pénacova
3 comentários:
como é que se imita um javali?
Com duas canetas presas à boca, a fazer de presas, obviamente. Psch!
bolas!k conversa é esta????????
Enviar um comentário