Os meus colegas não me vão levar a mal, mas eu tenho que dasabafar. Há coisas que têm que ser ditas. Não me refiro ao Campeonato do Mundo, que o que lá vai, lá vai. Tenho uns amigos a chatearem-me para a caça, mas depois do Campeonato só me apetece é dar tiros nos gajos do apito.
Eu refiro-me é ao trabalho com que nos presenteiam na escola. Este ano puseram lá umas colegas com a mania das espertezas; como se não bastasse termos que fazer um trabalho que é uma seca dos diabos ainda nos vêm dizer que temos que cumprir o horário, que cuidado com os atrasos, e mais uns tantos disparates que não têm fim.
Ainda gostava de saber quem é que manda ali. E quem é que as incumbiu daquele papel. É um perfeito disparate; temos que estar três horas sem tugir nem mugir e ainda por cima querem que estejamos lá três quartos de hora mais cedo. É de loucos, já estou como o outro, elas deviam era ir para casa coser meias.
Mas não é só isso. Eu lembro-me de que quando o sargento Balicha esteve hospitalizado, quase a bater a bota, a malta ouviu dizer que a mulher andava a passar muito mal e chorava de noite e de dia (também se espalhou que era de alegria, mas penso que isso não passava de má língua), de modo que resolvemos fazer uma visita à dita senhora. Ora não é que um gajo, o 26, que era corneteiro, descobriu lá na casa uma garrafinha de Madeira, foi-se à garrafa e apanhou uma piela? Bem! O gajo cantava e ria, queria dançar com a mulher do sargento, até partiu um quadro lindo que a senhora tinha pendurado na parede, e que continha estes dizeres: «Se vens com boa intenção, a sala é tua. Se não, põe-te no olho da rua»!? Estão a ver a coisa? O sargento Balicha a sofrer no hospital, entre a vida e a morte, de um tiro que lhe deram no rabo, a mulher a chorar lágrimas de dor mas, ao mesmo tempo, o 26 a dançar fandangos? Vergonhoso!!!
Pois às vezes é esta situação que aquele malfadado secretariado me faz lembrar: aquilo é dois em um: um grupo de teatro trágico (e com razão: o trabalho quer-se cumprido com ar de enterro) a representar ao mesmo tempo com um grupo de sapateado! Mas porque é que o grupo sério não põe cobro àquilo? Já se sabe que não pode haver competência com jovialidade e alegria. Disso percebo eu: não na qualidade de competente seja lá no que for, mas na qualidade de tipo trombudo. De certeza o mais trombudo da escola - isso é indiscutível! O que aquilo precisava era de umas sessõezinhas de ordem unida. A ver se aquela malta do sapateado se punha mas era a marchar. As saudades que eu tenho do meu Sargento.
3 comentários:
Caro Ferreiro trombudo, que tal levar para o secretariado uma caixa de chocolates, daqueles com casquinha crocante recheados de creme de avelã? Talvez adoçando a boca ao secretariado, este o dispense das tão secantes vigilâncias!
Sim, Ferreiro, e já agora, da mesma leva, traz uns Mon Chéri, que até têm um licorzinho, prá malta ficar mais calminha e relaxada.
Uma trinquinha na casquinha crocante, especialmente para ti :)
Suponho que seja preciso mais do que MonChéri para ter direito a libertar-se dumas vigilâncizitas!
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