23 novembro 2006

DOIS PONTOS, VITAIS PARA A ESCOLA, EM CIMA DA MESA

PRIMEIRO PONTO:

EXERCÍCIO DE EVACUAÇÃO DA ESCOLA («DA» ESCOLA, POR FAVOR, NÃO «NA» ESCOLA)

1. Nota-se que ninguém tem levado muito a sério este exercício. É, no entanto, um número de folclore que deve ser respeitado, como um cantar alentejano, uma dança dos pauliteiros de Miranda ou uma sessão de kuduro no polivalente. Parece que não há maneira de perceberam que existe um Plano de Prevenção da Escola, o qual torna o exercício de evacuação um espectáculo folclórico obrigatório por lei, determinando que os espectáculos folclóricos obrigatórios por lei devem obrigatoriamente ser levados a sério.

2. Há professores que ainda não conseguiram entender sequer o que se entende por «plano de evacuação», e aproveitam a confusão que se gera para irem às casas de banho a fim de evacuar. Pela última vez: NÃO É DISSO QUE SE TRATA!!!

3. Contar até cinquenta debaixo das mesas é imprescindível para que as pessoas se acalmem. Enquanto estão a contar até cinquenta não estão a pensar em mais nada. E confiemos em que não aconteça mal a ninguém por estar distraído a contar até cinquenta num momento em que a sua atenção seja necessária para evitar outros perigos.

4. Para este efeito, pede-se aos professores que não leccionam matemática que se esforcem também por aprender a contar até cinquenta.

5. Com o objectivo de nos dirigirmos todos para o recreio, ponto de encontro, o professor deve ser o último a sair da sala, depois de ter verificado que não falta nenhum aluno. Não se preocupem, que é só a brincar. Já se sabe que, se for a sério, os professores deverão ser os primeiros a raspar-se, e os alunos que se amanhem.

6. É muito importante que nenhum professor aproveite a confusão do sismo virtual para ir tomar café.

7. Nem abatanados, já agora!

8. Bolas!!!


SEGUNDO PONTO:

DIAGNÓSTICO DAS AAA. PROPOSTAS PARA MELHORAR O SEU FUNCIONAMENTO

Um comitê fez uma resenha das principais dificuldades e desequilíbrios sentidos.

Entre os desequilíbrios contam-se:

a) O desequilíbrio da Lena Serrote quando se dirigia para uma AAA e deslizou sobre uma uva;
b) O desequilíbrio do Pochato ao tropeçar sobre um taco solto, em pleno jogo na modalidade de futebol-de-velhinhos, não porque essa ocorrência tivesse directamente que ver com as AAA, mas porque teve indirectamente, uma vez que os alunos, quando ouviram o estrondo no ginásio, saíram todos das salas em que gramavam AAA, para virem assistir ao estampanço.

Entre as dificuldades, detectámos:

a)A desproporção no número dos professores disponíveis nos diferentes dias de semana, tempos lectivos e turnos;
b) A desproporção no número de disponíveis professores nos dias diferentes de semana, turnos e tempos lectivos - (e, atenção: não, as alíneas a) e b) não são iguais, dizem o mesmo, é certo, mas de modo diferente);
c) Haver professores que estão na casa de banho quando os chamam para AAA, provavelmente porque ainda não compreenderam a diferença entre a Actividade de Acompanhamento de Alunos e os Exercícios de Evacuação;
d) E outras coisas mais...

Que propostas poderíamos nós fazer para melhorar o funcionamento das AAA? Sabe-se lá! Conhecendo o ódio dos professores a tal monstruosidade, não estamos a ver como melhoraríamos esta porcaria. Deixemos, pois, de parte as AAA: falemos antes das «aulas de substituição» [AS]. Aí, sim, temos uma sugestão linda. Cada departamento deveria criar uma espécie de pochete de horas flutuantes/volantes. E cada professor poderia ser chamado para vir num instantinho substituir um outro professor do mesmo departamento. Neste estilo: «Está lá? Fala a Mariana Alicate? Olha, querida, tens de vir substituir o Migalhões, que faltou (coitado, está a comemorar a sua centésima entrada em AAA). O quê? Estás no médico? Ó pá, isso agora não interessa, tens de vir, está aqui a tua bolsa. O quê? Se deixaste cá a bolsa? Não, não é essa. Estou a falar da bolsa de horas. Sim. A pochete de horas flutuantes/volantes, pá, vá lá, filha, despacha-te...»

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